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Agroecologia: Reconciliando agricultura e natureza

Por:   •  7/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  992 Palavras (4 Páginas)  •  454 Visualizações

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Agroecologia I

Aluna Luciana Saraiva de Oliveira

Agroecologia: reconciliando agricultura e natureza

Nova Xavantina-MT

Agroecologia: reconciliando agricultura e natureza

A agricultura significa artificialização do meio natural. Em termos técnicos, implica a conversão do ecossistema em agroecossistema, sendo este último compreendido como um sistema que articula o trabalho humano com o trabalho da natureza, para que plantas e animais domesticados se desenvolvam e se reproduzam. Em dez mil anos de história da agricultura podem ser interpretados como a busca incessante de novas práticas para a intensificação do uso dos solos em resposta às crescentes demandas alimentares decorrentes dos aumentos.

À medida que as inovações técnicas permitiam a intensificação produtiva, os agroecossistemas foram-se diferenciando estrutural e funcionalmente dos ecossistemas naturais. A  Revolução Verde expandiu-se globalmente ao articular seis práticas básicas: as monoculturas,o revolvimento intensivo dos solos, o uso de fertilizantes síntéticos, o controle químico de pragas e doenças, a irrigação e a manipulação dos genomas de plantas e animais domésticos. Embora cada uma dessas práticas exerça uma função especí- fica no funcionamento do agroecossistema, para que seja efetiva, deve ser adotada de forma combinada com as demais, criando um sistema técnico pouco flexível que induz à forte dependência econômica da agricultura em relação à indústria e ao sistema  financeiro.

Para maximizar a produtividade física das lavouras e criações no curto prazo, a agricultura industrial compromete seriamente as produções futuras pela conjugação de três frentes de impacto negativo sobre o meio ambiente:  a degradação e a perda de recursos naturais essenciais para a reprodu- ção técnica dos agroecossistemas (solos, água e biodiversidade); a emissão de gases de efeito estufa (GEEs), que vem alterando os padrões climáticos globais e, com isso, aumentando os riscos agrícolas; a desarticulação de culturas e modos de vida locais responsáveis pelo uso social e pela conservação dos recursos naturais em longo prazo.

Agricultura industrial esconde uma série de contrapartidas negativas que se tornam cada vez mais nítidas e contundentes com a divulgação de pesquisas independentes ou, simplesmente, com a fria realidade dos fatos veiculados no cotidiano dos noticiários.

Esgotamento dos recursos naturais renováveis.

Cerca de 5 a 6 milhões de hectares  de solos são severamente degradados a cada ano, tendo a agricultura industrial como responsável por grande parte desse montante. A agricultura consome atualmente por volta de 70% da água bombeada de rios, lagos e aquíferos do mundo.  Somente o volume de água desperdiçada na agricultura (55% do total) é superior à soma dos demais consumos humanos, Essa realidade evidencia que a solução para a crise hídrica mundial, que já atinge 1/3 da população e que deverá atingir 2/3 em meados deste século, passa necessariamente pela interrupção do uso perdulário da água, pela proteção das fontes naturais e pela busca de alternativas para a construção de segurança hídrica dos agroecossistemas. A perda da biodiversidade, agrícola ou não, também vem trazendo  riscos consideráveis para o futuro da agricultura e da alimentação. A substitui- ção de milhares de variedades tradicionais por cultivares comerciais estreitou a base genética da agricultura a níveis extremos. A expansão global das monoculturas padroniza a ocupação dos espaços rurais, provocando uma perigosa redução da diversidade de espécies alimentícias tradicionais. Ao longo da história da agricultura, cerca de 7 mil espécies comestíveis foram domesticadas e cultivadas. Além da perda da agrobiodiversidade, a lógica expansionista da agricultura industrial vem promovendo um rápido avanço das fronteiras agrícolas sobre ecossistemas naturais.

UMA AGRICULTURA MULTIFUNCIONAL, RELOCALIZADA E DESINDUSTRIALIZADA.

Os  dilemas ambientais sem precedentes não demoveram os principais agentes promotores e beneficiários da agricultura industrial. Para estes, a solução propugnada para enfrentar tais dilemas passa pela continuidade dos processos de intensificação agrícola por meio do aprofundamento da intervenção no mundo natural proporcionada pelas biotecnologias. A essência da estratégia agroecológica está justamente na valorização das funções ecológicas que a biodiversidade (planejada e associada) cumpre na regeneração da fertilidade e na manutenção da sanidade dos agroecossistemas para que estes se mantenham indefinidamente produtivos.

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