FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO

CAPITULO I: INTRODUÇÃO

1.1.Contextualização

A agricultura no mundo joga um papel importante para a segurança alimentar e nutricional, bem como para o bem-estar da população. No entanto, os indicadores mostram que há um crescimento na produção e produtividade agrícola na ordem de trinta por cento nos países desenvolvidos, na componente de produção de culturas alimentares, que tem impacto directo, não só na segurança alimentar dos agregados, como também no rendimento da grande parte da população economicamente activa em dependência da produção agrícola FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA ALIMENTAÇÃO (FAO, 2000).

Em África, a agricultura desempenha um papel preponderante na economia, tanto como fonte de emprego da maioria da sua população assim como fonte de receitas do governo através de exportação de produtos agrários. Em Moçambique, a agricultura emprega mais de 80% da população INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA (INE, 2006). O aumento da produção agrária após o acordo geral da paz assinado em 1992 é apontado como sendo um dos principais factores de redução da incidência da pobreza de 69% em 1996-97 para cerca de 54% em 2002-03 (ARNDT et al., 2006).

Da mesma maneira, na última década, o fraco desempenho da agricultura é considerado um dos principais entraves para a baixa redução da incidência da pobreza. Em 2008-09, 55% da população vivia abaixo da linha nacional de pobreza, mostrando que, em média, a pobreza não reduziu nos últimos anos. (ARNDT et al., 2010)

De acordo com ROSARIO (1999) a segurança alimentar é considerada uma das medidas a impulsionadoras do desenvolvimento socioeconómico sem a qual nenhuma sociedade pode progredir. Reside neste aspecto, a importância dada ao estudo da relação entre a agricultura de produção familiar e a segurança alimentar com vista a compreender a dinâmica socioeconómica das actividades produtivas em conexão com as condições naturais, económicas existentes e a orientação dada a produção agrícola pelos agricultores do distrito de vilankulos.

De acordo com a DIRECÇÃO NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO ESTATAL (DNAL, 2005), em vilankulos a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações familiares em regime de consociarão de culturas com base em variedades locais, nomeadamente o milho, o amendoim, o feijão-nhemba, a mapira, a mexoeira, a mandioca e a batata-doce.

Problema de estudo

De acordo com o PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO DISTRITAL DE VILANKULO (PEDDV, 2005), no distrito de Vilankulos, a pobreza é generalizada. A economia é dominada pela agricultura familiar. As famílias rurais que participam na agricultura não são homogéneas e segundo dados do estudo estas famílias são agrupadas em três categorias de acordo com o seu status e acesso aos recursos. O grupo maioritário por agregados que praticam a agricultura de subsistência, o intermédio tem uma orientação para o mercado, e o terceiro grupo com uma agricultura comercial apesar de ser quase inexistente ou seja na fase embrionária.

As Condições agro-ecológicas que se traduzem em solos pobres para certas culturas feitas na zona costeira, Precipitações baixas e erráticas no interior que se traduzem em cíclicos períodos de Estiagem, pouco hábito de prática de culturas resistentes à seca, tal como é o caso da mandioca, persistências do cultivo do milho que é marginal devido à escassez de chuvas e/ ou de sua errática distribuição, falta de hábito de uso de tracção animal na produção e insuficiência de gado de tracção animal e o seu uso para o aumento de áreas de cultivo, uso de semente já em via de degeneração, Insuficiência da rede de extensão agrária para assistir os camponeses na selecção de sementes, consociação correcta das culturas, falta de habito de uso de tracção animal na produção e insuficiência de gado de tracção animal, questões de ordem cultural que resultam na resistência às mudanças, com prevalência do uso de práticas tradicionais de produção agrícola que sub aproveitam as terras e outros recursos disponíveis e falta de fonte de abeberamento de gado em zonas com melhores condições para produção pecuária; estes constituem factores que dificultam a pratica de agricultura familiar no distrito de vilankulos que consequentemente originam a insegurança alimentar das famílias. Perante estes constrangimentos, as famílias deste distrito que se dedicam a pratica de agricultura acima referida vêem-se cada vez mais distante de satisfazer as suas necessidades básicas (saúde, educação, habitação condigna e um rendimento capaz de alimentar as suas famílias por um longo período).

Perante esta situação levanta-se a seguinte questão: de que forma a agricultura de produção familiar contribuiu para garantia de segurança alimentar das famílias do distrito de vilankulos?

Justificativa

A escolha do presente tema, é suportado pelo facto de estudo da segurança alimentar e sua relação com a agricultura tem merecido actualmente debates a nível internacional, nacional e local. Constitui desse modo uma contribuição para compreender como os diversos factores influenciam na produção e segurança alimentar e que decisões as famílias tomam para a sua sobrevivência, contudo o mesmo estudo justifica-se relevante para um país como Moçambique em particular para o distrito de vilankulos pela informação que vai gerar, por ser oportuno e por constituir um problema com que o país depara-se, o da crise de alimentos.

Objectivos do trabalho

Geral

• Analisar o contributo da agricultura de produção familiar na garantia da segurança alimentar e bem-estar social das famílias do distrito de vilankuolos - Província de Inhambane.

Específicos

• Identificar as principais características da agricultura e o seu impacto na produção agrícola alimentar entre a população local;
• Identificar os principais constrangimentos da produção agrícola familiar e sua influência na segurança alimentar da população da área de estudo;
•  Analisar a dinâmica das relações de género no processo de produção agrícola familiar e distribuição do rendimento para garantir a segurança alimentar

Hipóteses

A hipótese é uma proposição antecipatória à comprovação de uma realidade existencial. É uma espécie de pressuposição que antecede a constatação dos fatos. Por isso se diz também que as hipóteses de trabalho são formulações provisórias do que se procura conhecer e, em consequência, são supostas respostas para o problema ou assunto da pesquisa (LAKATOS, 1991).

Para a presente pesquisa foram definidas as seguintes hipótese:

H0: A agricultura de produção familiar não contribui para garantia de segurança alimentar e bem-estar social das famílias do distrito de Vilankulos.