PERDAS QUANTITATIVAS NO PROCESSO DE COLHEITA MECANIZADA DE CANA_MANEJO DO SOLO_CIÊNCIA AGRONÔMICA
Por: Brutus1979 • 6/10/2019 • Artigo • 4.229 Palavras (17 Páginas) • 312 Visualizações
Perdas quantitativas no processo de colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua sob dois tipos de manejo do solo
Losses in mechanized harvest process of raw sugar cane on two types of soil management
Gustavo N. dos Reis[1], Rouverson P. da Silva1, Anderson de Toledo1, Carlos E. A. Furlani1 e Danilo C. C. Grotta[2]
Resumo: A colheita mecanizada de cana-de-açúcar tem relevância em todo processo produtivo desenvolvido no campo ao longo do ciclo da cultura, culminando na entrega da matéria-prima a ser processada, contribuindo para a obtenção de um produto final de qualidade. O objetivo deste trabalho foi avaliar, por meio do controle estatístico de processo, a influência do manejo no solo nas perdas quantitativas durante a colheita mecanizada, utilizando-se de colhedora CASE, modelo A7000. O trabalho foi desenvolvido no município de Arez - RN, em área de ARGISSOLO AMARELO textura arenosa/média, com relevo suave ondulado, sob dois manejos no sistema convencional de preparo do solo: 1) arado de aivecas seguido de grade média e 2) grade pesada seguida de grade média. Sobre a área experimental foram demarcados 100 pontos, espaçados de 27 x 23 m, formando malhas retangulares, sendo as perdas quantitativas determinadas por meio de amostragem realizada logo após a colheita, utilizando-se de armação com área de 30 m2 (7,0 x 4,3 m) colocada nos pontos de cruzamento das malhas. O preparo com arado de aivecas seguido de grade média (tratamento 1) apresentou acréscimo de 26,15% nas perdas totais, quando comparado ao preparo com grade pesada seguido de niveladora (tratamento 2). As perdas por rebolos repicados, pedaços soltos, tocos e totais foram maiores para o tratamento 1. Os canaviais apresentaram porte ereto independentemente do tipo de manejo do solo.
Palavras-chave: Controle estatístico de processo. Colhedora de cana-de-açúcar. Micro relevo do solo.
Abstract: The harvest of sugar cane have relevance throughout the production process developed in the field throughout the crop season, culminating in delivery of raw material being processed, contributing to the achievement of a final product quality. The work was evaluated by means of statistical process control, the influence of the type of tillage in losses visible during the harvest using a harvester Case, model A7000. The study was conducted in the municipality of Arez - RN, Brazil, in area of CLAY YELLOW soil sandy/average texture, with soft wavy relief, under conventional tillage two ways: 1) moldboard plows followed by average offset disk harrow and 2) heavy offset disk harrow followed by average offset disk harrow. The experimental area was demarcated with 100 points, spaced at 27 x 23 m, forming rectangular meshes and the visible losses were determined through sampling conducted immediately after harvest, using a square of 30 m2 (7.0 x 4.3 m) placed at points of intersection of meshes. The preparation with mouldboard plows followed by grade average (treatment 1) showed an increase of 26.15% in total losses compared to the grid with heavy preparation followed by leveling (treatment 2). The losses by grinding diced stalks, pieces, and stubbles totals were higher for treatment 1. The sugarcane showed size upright regardless of the type of soil management.
Key words: Statistical process control. Harvester of sugar cane. Micro relief of soil
Introdução
O cultivo da cultura da cana-de-açúcar é considerado uma das primeiras atividades de importância nacional, ocupando posição de destaque na economia brasileira, principalmente considerando-se a produção de açúcar, álcool e aguardente (BARBOSA & SILVEIRA, 2006).
Segundo o terceiro levantamento realizado pela CONAB da safra 2010/2011, a previsão do total de cana moída será de 624.991 milhões de toneladas, com incremento de 3,40% em relação à safra 2009/10, significando o aumento de 20.477 milhões de toneladas nesta safra. Com a exceção da região sul, que teve a produção reduzida em 3,40%, as demais regiões apresentam incremento da matéria prima, destacando-se as regiões norte (39,20%) e centro-oeste (24,20%).
Na colheita mecanizada de cana-de-açúcar, existem peculiaridades como as perdas quantitativas no campo, as reduções da qualidade da matéria-prima e longevidade do canavial causam preocupações, visto que, a cultura colhida mecanicamente tem a qualidade tecnológica reduzida quando se utiliza cortador de base por rebolos fragmentados, facilitando a contaminação e a incorporação de terra. Isso ocorre quando as lâminas dos discos dos cortadores trabalham em contato ou abaixo da superfície do solo e se o sistema radicular de soqueiras arrancadas for carregado com a cana (VOLPATO, 2001).
As perdas e a contaminação da cana-de-açúcar com solo durante o processo de colheita estão associadas diretamente ao acompanhamento inadequado do micro relevo do solo e da varredura ineficiente realizadas pelo cortador basal (VOLPATO et al., 2002; OLIVEIRA, 2003). Em certos casos, essas perdas chegaram a 10% e as quantidades de terra incorporadas aos colmos estão entre 3 e 5 kg por tonelada (BRAUNBECK, 1999).
A bibliografia recomenda três sistemas de preparo do solo para a implantação e/ou reforma do canavial: convencional - inicia-se com as operações de aração e gradagem, e quando o solo apresentar camada compactada, faz-se o rompimento por subsolagem; escarificação - realiza-se apenas uma gradagem leve para remover a soqueira remanescente e realiza-se a operação de sulcação e adubação em seguida (ALVES, 2004); plantio direto – realiza-se apenas a aplicação de herbicida para evitar o rebrotamento do antigo canavial, seguido da operação de sulcação diretamente entre as fileiras das plantas contidas no local (SEGATO et al., 2006).
De acordo com NUSSIO & SCHMIDT, (2006) o canavial pode apresentar longevidade reduzida quando a colheita é mecanizada, devido a rebrota irregular ou deficiente em função do esmagamento de colmos, altura inadequada de corte, remoção de soqueiras e compactação do solo. Esses fatores são agravados pela manutenção inadequada das facas do corte de base da máquina e devido à robustez da cana-de-açúcar, o desgaste é potencializado havendo perda na eficiência do corte, prejudicando as touceiras por esmagamento, maceração de colmos e remoção indevida destas.
Sob a hipótese de que a maneira de mobilizar o solo interfere na eficiência da colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua, o presente trabalho teve por objetivo avaliar, por meio de controle estatístico de processo, a influência do manejo do solo nas perdas quantitativas durante a fase de colheita.
Material e métodos
O experimento foi realizado em áreas da Usina Estivas S.A., localizada no município de Arez-RN, cujas coordenadas geográficas estão compreendidas entre as latitudes 06º00’ e 06º30’ sul e longitudes 35º05’ e 35º25’ oeste, com altitude média de 115 m, apresentando clima As (tropical úmido), de acordo com a classificação de Köeppen. O solo da área experimental é classificado por Fernandes (2005) como ARGISSOLO AMARELO textura arenosa/média, com relevo suave ondulado, conforme o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1999). As áreas amostradas localizam-se na Fazenda Pau-Brasil, sendo ambas preparadas sob sistema de preparo convencional do solo, com dois diferentes manejos: 1) arado de aivecas (constituído de quatro aivecas lisas, largura de corte de 1,6 m, profundidade de corte de 0,5 m, altura do chassi de 0,68 m e massa total de 964 kg) seguido de grade de discos média (grade de dupla ação, tipo off-set com 44 discos de 26”, largura de corte de 4,8 m, massa total de 3.266 kg); 2) grade de discos pesada (grade de dupla ação, tipo tandem com 18 discos de 32”, largura de corte de 2,4 m e massa total de 3.352 kg) seguido da grade de discos média. Os tratamentos tiveram área de 33 ha, porém, em ambos utilizou-se 9,41% da área (3,105 ha) como amostra, demarcadas em 50 pontos, espaçados de 27 x 23 m, formando malhas retangulares sobre as fileiras com espaçamento de 1,40 m, conforme apresentado na Figura 1.
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