ANÁLISE DOS EXTREMOS PLUVIOMÉTRICOS NAS 50 MAIORES CIDADES BRASILEIRAS NO PERÍODO 2025-2074 COM USO DO MODELO ETA-HADGEM-ES
Por: Carol Capucho • 8/6/2022 • Monografia • 8.577 Palavras (35 Páginas) • 231 Visualizações
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Trabalho de Conclusão de Curso –
ANÁLISE DOS EXTREMOS PLUVIOMÉTRICOS NAS 50 MAIORES CIDADES BRASILEIRAS NO PERÍODO 2025-2074 COM
USO DO MODELO ETA-HADGEM-ES.
RESUMO
Ana Carolina de Oliveira Capucho Ramos
Arivelton Borges Pinto Prof. Dra. Minella Martins
Nos últimos anos têm sido noticiado inúmeros casos de chuvas extremas e suas consequências. A urbanização desenfreada somada ao mau planejamento e às mudanças climáticas que o planeta vem sofrendo, resultam em vários danos às cidade e à população. Alagamentos, inundações, deslizamentos de terra são alguns dos problemas causados quando tem-se grande volume de chuvas em um curto período de tempo. O presente trabalho foi elaborado a fim de conhecer o padrão de chuvas esperado para o futuro nas 50 maiores cidades brasileiras. Esta informação é fundamental para um melhor planejamento das cidades, a fim de minimizar esses impactos. A partir dos dados de projeção climática do modelo EtaHadgemES, foi feita uma análise diária da chuva esperada para os anos de 2025 a 2074 e calculado o índice R95P. Este índice representa os 5% de chuva mais extremas. Foram considerados dois cenários futuros de emissão de CO2, o RCP4.5 considerado como cenário otimista e o RCP8.5 considerado como cenário pessimista. Dessa forma, aplicou-se uma análise estatística a fim de verificar a tendência do aumento de chuvas extremas para cada município, utilizando o teste de Mann Kendall. Dentre as 50 cidades avaliadas, comente Sobral- CE e Fortaleza- CE apresentaram tendência significativa crescente para o índice R95P, segundo o teste de Mann Kendall. Para estas cidades onde os extremos pluviométricos são esperados aumentar com o passar do tempo, foram propostas medidas de adaptação, a fim de torná-las mais preparadas. Dentre elas, readequar a ocupação do solo e infraestrutura aos novos padrões hidrológicos e aumentar áreas permeáveis podem contribuir para reduzir os impactos e tornar as cidades mais adaptadas e resilientes a extremos pluviométricos.
Palavras-chaves: extremos pluviométricos; mudanças climáticas; planejamento urbano.
ABSTRACT
In recent years, numerous cases of extreme rainfall and its consequences have been reported. Massive urbanization, coupled with poor planning and climate changes, results in several damages to cities and the population. Floods and landslides are some of the problems caused when there is a large volume of heavy rain in a short period. The present study was prepared to understand the expected rainfall pattern for the future in the 50 largest Brazilian cities. This information, which is essential for better planning, could help stakeholders to minimize these impacts. Based on the climate projection data of the EtaHadgemES model. An analysis of daily rainfall was performed, accounting for the expected rainfall for 2025 to 2074. The R95P index was calculated. This index represents the 5% most extreme rainfall. Two future
Trabalho de Conclusão de Curso –
CO2 emission scenarios were considered, RCP4.5 considered as an optimistic scenario, and RCP8.5 considered as a pessimistic scenario. In this way, a statistical analysis was then applied in order to verify the trend of extreme rainfall for each municipality, using the Mann Kendal test. Among the 50 cities evaluated, only Sobral-CE and Fortaleza-CE showed a significant trend increasing for the R95p index, according to the Mann Kendall test. Thirty- six other cities showed an increasing trend in at least one of the future scenarios evaluated; however, they did not present statistical significance under the Mann Kendall test. For these cities where rainfall extremes are expected to increase over time, adaptation measures have been proposed to make them more prepared. Finally, some adaptation measures for cities were proposed. Among them, readjusting land use and infrastructure to the new hydrological patterns and increasing permeable areas can reduce impacts and make cities more adapted and resilient to rainfall extremes.
Keywords: rainfall extremes; climate change; urban planning.
Introdução
No verão de 2020 foram noticiados vários casos de chuvas extremas e suas consequências, como alagamentos, inundações, desabamento de residências e até mortes, por várias cidades do Brasil. Os problemas causados pelas chuvas intensas são inúmeros, atingindo toda a população e causando danos, muitas vezes, irreparáveis. Esses extremos pluviométricos estão cada vez mais comuns por conta da mudança climática global e, atingem mais as pessoas mais vulneráveis que ocupam regiões de risco, muitas vezes devido à falta de urbanização planejada nas cidades.
Segundo um estudo publicado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), em 2018 existia mais de oito milhões de brasileiros vivendo em área de risco em 827 municípios do Brasil (IBGE, 2018).
A partir da década de 1940, a ocupação de ambientes urbanos foi feita de maneira acelerada por conta da explosão demográfica e industrialização (OTTONI; SOUZA. 2015). No Brasil houve um processo semelhante: em 1950, 36,2% da população era urbana e em 2010, 84,4% (IBGE. 2010). Devido a isso, todo o processo de urbanização das cidades foi feito de maneira insustentável com deterioração da qualidade de vida e do meio ambiente (TUCCI. 2005).
Pessoas com menores recursos financeiros acabaram construindo suas residências onde era possível, chegando até encostas e margens de rios, que são consideradas áreas de risco, pois são inapropriadas para construção, devido ao risco de sofrer com desastres, como
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inundações, alagamentos ou mesmo deslizamentos de terra.
Com a falta de planejamento de moradia o avanço do desmatamento e mudanças climáticas fica mais provável que os desastres como inundações e alagamentos ocorram. Inundações são fenômenos geomorfológicos que ocorrem no período das cheias, quando as aguas fluviais extravasam o canal fluvial, inundando a região (MAIA, 2009), e alagamentos são acúmulos momentâneos de águas em determinados locais por deficiência no sistema de drenagem e enxurrada (LICCO; DOWELL. 2015), prejudicando todo o funcionamento de uma região, bloqueando vias, deteriorando pavimentos e estruturas das residências.
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