Gestão de Resíduos da Construção Civil
Por: Eneas Pinto Neto • 8/4/2020 • Dissertação • 1.508 Palavras (7 Páginas) • 132 Visualizações
Atualmente vivemos em um período onde devemos nos conscientizar da importância de conservar e otimizar os recursos naturais que o planeta nos oferece. Este movimento em prol da conservação e otimização dos recursos naturais teve seu início no século passado, pois, só então o os países mais influentes do globo tiveram consciência de que boa parte dos recursos naturais tinha sido consumido de forma imprudente no período iniciado a partir da Primeira Revolução Industrial, período este que se estendeu até meados do século XX.
Através de estudos e análise as entidades governamentais chegaram à conclusão e revelaram ao mundo contemporâneo que nós não poderíamos consumir de forma desenfreada a nossa matéria prima, pois, isso provocaria no futuro um colapso socioeconômico global. Partindo desta nossa visão sobre os recursos naturais, a Conferência Rio-92 foi uma das mais importantes da historia, ela teve como marco principal a transição de pensamento, onde deixamos de pensar unicamente em consumir os recursos naturais sem moderação e passamos a pensar de forma mais conservadora e realista frente ao uso destes recursos/ matéria prima.
Contudo, as entidades governamentais finalmente tiveram a consciência de que as reservas mundiais são enormes, porém, finitas e, se atentaram ao fato de que a busca do desenvolvimento industrial ocorrida a partir da Segunda Revolução Industrial, iniciada no século XIX durando até inicio do século XX, foi justamente o que provocou a partilha da África entre as nações neocolonizadoras e gerou inúmeros conflitos que culminaram na Primeira Grande Guerra Mundial ocorrida entre 1914 e 1918. Se pararmos para pensar no que ocasionou um conflito dessa magnitude, nos atentamos que o estopim para este conflito foi o simples fato de discordância entre divisão de recursos, e cria-se então, um precedente para a ocorrência de outros conflitos, afinal é só recursos essenciais como água e petróleo darem sinais de escassez que as guerras podem começar mundo a fora.
A construção civil ou como é conhecida mundialmente, construbusiness, é o setor que gera uma das maiores parcelas do resíduo de matérias primas proveniente do consumo, isso ocorre devido a sua participação no produto interno bruto mundial e também a seu papel no crescimento econômico, pois, o setor é considerado uma força motriz de desenvolvimento global, considerando todos esses fatos é obvio que o consumo de recursos é justificado, mas existe um grande problema quando se refere ao construbusiness, é um dos setores que menos recicla e/ou reutiliza recursos naturais, se tornando grande preocupação dos órgãos governamentais e da própria iniciativa privada, pois, com o consumo elevado de matéria prima de forma pouco otimizada, leva-nos a pensar por quanto tempo nossas reservas globais vão aguentar suprir esse ritmo de crescimento e de dispêndio em relação à matéria prima.
Para que seja idealizado o processo de reutilização e/ou reciclagem dos resíduos é preciso entender de forma geral e específica de quais são os seus tipos, composições e de onde são provenientes. Na construção civil existem três tipos de resíduos: Resíduo da construção e demolição (RCD); Resíduo da construção civil (RCC); Resíduos sólidos da construção civil (RSCC). Porém definir os resíduos dessa forma torna difícil idealizar um processo para recicla-los por isso é preciso defini-los claramente para que se possa dar a destinação correta seja ela visando o inevitável descarte ou a reciclagem do mesmo, por isso no Brasil o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA criou uma classificação para os resíduos: Classe A: Materiais que podem ser reciclados ou reutilizados como agregado em obras de infraestrutura, edificações e canteiro de obras: Tijolos, telhas e revestimentos cerâmicos; blocos e tubos de concreto e argamassa. Classe B: Materiais que podem ser reciclados e ganhar outras destinações: Vidro, gesso, madeira, plástico, papelão e outros. Classe C: Itens para o qual não existe ou não é viável aplicação econômica para recuperação ou reciclagem: Estopas lixas, panos e pincéis desde que não tenham contato com substância que o classifique como D. Classe D: Compostos de materiais/substâncias nocivos à saúde ou em contato com esses: Solvente e tintas; telhas e materiais de amianto; entulho de reformas em clínicas e instalações industriais que possam estar contaminados.
No canteiro de obras é onde deve começar o processo de destinação correta dos resíduos, por isso os órgãos de fiscalização ambiental exigem a apresentação de um Projeto de gerenciamento de resíduos da construção civil (PGRCC). Após o término da obra o órgão ambiental responsável pela fiscalização vai analisar os resíduos gerados no canteiro, a forma como ocorreu o descarte ou a reutilização e comparando com o PGRCC verificando-se a existência de erros no cumprimento das medidas de operação. Criar um processo de separação visando facilitar a triagem dos resíduos para reciclagem ou descarte futuros, usar locais diferentes para estocar os vários tipos de resíduos de acordo com sua classificação e propriedades, também é muito importante fazer uma avaliação para ter certeza se é mesmo necessário enviar alguns resíduos para descarte.
Os resíduos de classe A podem ser usados na própria obra, evitando assim o custo de transporte do resíduo a ser descartado e o custo de aquisição de novos materiais para a obra, já o material que certamente não pode ser aproveitado deverá ser enviado a empresas especializadas no descarte e/ou tratamento de resíduos da construção, sendo, essas também licenciadas por órgãos ambientais. Geralmente as empresas atuam com resíduos específicos algumas visando reciclar para reinserir no mercado como matéria prima e outras optam por apenas descartar de forma segura os resíduos, lembrando que esse processo entra como custo do orçamento da construtora, por isso é importante enviar a essas empresas só o que realmente não pode ser reaproveitado na obra.
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