MÉTODO CONSTRUTIVO PARA CASAS POPULARES

1. INTRODUÇÃO

O Brasil apresenta uma alta taxa de crescimento populacional com um grande déficit habitacional, que alcançou cerca de 5,24 milhões em 2012, este déficit habitacional ocorre especialmente na zona urbana, chegando a 85% do seu total (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, 2012). A expressão déficit habitacional se refere a quantidade de cidadãos sem moradia adequada em uma determinada região.

Para designar uma moradia adequada, levam-se em considerações três fatores: rusticidade das estruturas físicas da habitação, que vem a ser o tipo de material utilizado para sua construção; coabitação, que é a existência de mais de uma família em uma única residencial; moradia não ser originariamente construída para habitação, tornando esta função de forma esporádica ou temporária.

Para efeito do calculo do déficit habitacional, levasse em consideração todos os fatores acima, inclusive o ônus excessivo de aluguel que não deve ultrapassar 30% da renda familiar.

Este quadro deficitário não surgiu neste século, com a finalidade de combatê-lo, o Governo Federal criou em 1964 o SFH e o BNH com o objetivo de formular a politica nacional de habitação e coordenar ações públicas e privadas para estimular a construção e financiamento para aquisição habitacional de interesse social.

Em 2003 foi criado o Ministério das Cidades que em 2004 criou a PNH – Política Nacional de Habitação com finalidade de incrementar os desenvolvimentos urbanos das cidades. Com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento brasileiro e universalizar os benefícios econômicos e sociais, foi criado em 2007 o Programa de Aceleração do Crescimento – PAC que tinha como meta principal esgotar o déficit de saneamento da habitação e de urbanização nas favelas.

Finalmente em 2009, com objetivo de manter o crescimento econômico do país, e estimular o setor da construção civil, o Governo cria o Programa Minha Casa Minha Vida – PMCMV. Este programa promove a construção de novas unidades habitacionais voltadas diretamente as camadas da população de baixa renda, com faixa de 0 a 3 salários mínimos.

Com este programa, as famílias que não tinham acesso a casa própria podiam adquirir utilizando subsídios financiados pelo governo que chegavam até 88% do valor do imóvel (Demanda Habitacional no Brasil CEF, 2012).

Uma das grandes dificuldades dos empreendedores em construir unidades habitacionais, voltadas para programas do governo, é a escolha da melhor alternativa tecnológica a ser utilizada, no que se refere a processos construtivos habitacionais, e que venha a reduzir custos e diminuir prazos. Há uma cobrança muito intensa da sociedade brasileira quanto a utilização de procedimentos que venham a diminuir o impacto ambiental na construção civil, que buscam formas de atuações de maneira sustentável.

Sob o aspecto tecnológico da construção, os processos de produção classificam-se em três categorias: tradicional – onde os materiais utilizados na construção civil são elaborados no canteiro de obra, utilizando mão de obra artesanal; convencional – além de utilizar materiais produzidos e elaborados em seus canteiros de obras, utilizam-se materiais e equipamentos fornecidos pelas indústrias da Construção Civil; industrializados – baseado na mecanização e racionalização dos processos de construção.

Atualmente no Brasil, observa-se a combinação do método tradicional e método convencional, utilizando máquinas para executar trabalhos pesados. Porém, com o avanço tecnológico, esta realidade está gradativamente mudando, principalmente com o surgimento de processos que facilitam e agilizam alguns procedimentos na construção.

A partir destas premissas, vários métodos construtivos foram e são utilizados com intuito de agilizar a construção e reduzir este déficit, nesse contexto estudos são viabilizados para definir a melhor alternativa tecnológica que venha a atender as necessidades de demanda.

Durante muitos anos, o processo mais utilizado para construção de empreendimentos, unifamiliar ou multifamiliar, era a utilização de alvenaria de blocos que gerava, e ainda gera um grande impacto ambiental à natureza através dos entulhos e materiais gerados e descartados em seu processo construtivo.

Outras tecnologias utilizadas na construção civil como métodos construtivos industrializados são: o Steel Frame que tem como característica principal a utilização de perfis metálicos como função estrutural. As casas Pré-Moldadas de Concreto que tem como principal característica construtiva a utilização de maquinários pesados para seu manuseio encarece o custo final da obra. O Isobloco Isocret que consiste na utilização de EPS – Poliestireno Expandido, como bloco de assentamento dos quais são dispostos em placas de radier sobre ferragens dimensionadas e seus blocos servindo como formas fixas e posteriormente preenchidos com concreto, após todo assentamento as paredes recebem todo o tratamento necessário para o processo de pintura (chapisco, reboco, massa corrida).

Dentre os métodos construtivos industrializados existentes e aplicados atualmente no Brasil, está o PVC Concreto. Desenvolvido no Canadá, este método construtivo é formado por perfis leves e modulares de PVC e de simples encaixe formando assim as paredes da edificação.

O sistema é constituído de formas fixas de PVC sobre uma placa de radier, preenchido com concreto e aço e oferece uma alta resistência além de inúmeras qualidades construtivas, entre elas está a redução significativa na geração de resíduos sólidos e entulhos na obra, tem como principais característica rapidez e simplicidade em sua execução podendo construir uma casa de 56 metros quadrados em até dez dias, com uma equipe de cinco pessoas na execução, além da facilidade de gestão da obra por utilizar um número menor de materiais para controle e de simples armazenamento.

1.1. O Problema

Devido a necessidade de reduzir o grande déficit habitacional existente no Brasil é preciso diminui os cronogramas de obras civis que são excessivamente lentos para serem concluídos em tempo e com menores custos para os cofres públicos.

Em virtude disso novas tecnologias, mais especificamente, os novos sistemas mais leves e com características de produção enxuta, ou estão a ganhar mais espaço nas etapas da obra, ou eles mesmos constituem uma construção habitacional completa de residência unifamiliar, caracterizando-se como novos sistemas construtivos, para atender o mercado imobiliário e o atraso na entrega do imóvel. Quando isso ocorre,