Quase o Pior Cenário O incêndio no Túnel de Baltimore em 2001 (A)
Por: eliandromartins • 14/10/2020 • Resenha • 1.554 Palavras (7 Páginas) • 419 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO
Resenha Crítica de Caso
Eliandro Martins da Silva
Trabalho da disciplina Administração Aplicada à Engenharia de Segurança
Tutor: Prof. Carlos A. M. Ferreira
Vitória
2020
"Quase o pior cenário": O incêndio no túnel de Baltimore em 2001 (A)
Referência: SCHOTT, Esther. "Quase o pior cenário": O incêndio no túnel de Baltimore em 2001 (A). John F. Kennedy School of Government, Harvard University.
Ao fim da tarde de um dia ensolarado e quente em julho de 2001, o corpo de bombeiros da cidade de Baltimore começou a receber diversas chamadas de pessoas que começaram a perceber a saída de uma fumaça vinda de um túnel localizado na rua Howard, uma importante via da cidade. O corpo de bombeiros, a princípio, achou que seria mais um alarme falso dos moradores que frequentemente confundiam a fumaça de queima de óleo diesel, causada pelos comboios de mercadoria com incêndios. Pouco tempo depois, ficou claro a todos que não se tratava de um simples alarme falso, pois um trem pertencente à CSX Corporation havia se descarrilhado e pegou fogo dentro do túnel, com vários produtos químicos perigosos a bordo.
Em caráter de urgência, as equipes emergenciais foram a cena após os primeiros alarmes soarem e as autoridades se reunirem para deliberarem a melhor forma para gerenciar essa experiência nunca vivida antes, um incêndio no coração da cidade, nas profundezas, onde ninguém poderia ver ou até mesmo alcançar, podendo desencadear uma reação química catastrófica expondo milhares de pessoas.
O túnel da rua Howard foi concluído em 1986 e era de propriedade da CSX, tinha 1,7 milhas de extensão, considerado o mais longo canal subterrâneo da costa atlântica, ficava a 60 pés abaixo da superfície em sua parte mais profunda e a 3 pés em sua parte mais superficial. Na sua extremidade norte ficava a estação Mt. Royal, uma escola de arte, uma sala de shows e uma casa de ópera, e um pouco mais distante ficava o Sutton Place, um arranha céu que abrigava centenas de pessoas. Já na extremidade sul ficavam o Camden Yard, lar do Oriole Park, estádio de beisebol Baltimore, o porto interno da cidade, restaurantes, lojas, três hospitais, um mercado, um museu, um centro de convenções e um tribunal, todos com a média de 1000 pés do túnel. O serviço de passageiros do túnel havia terminado em 1961, ficando somente para o tráfego de mercadorias em constante crescimento, uma média de 28 a 32 trens por dia, exceto porém para os residentes e proprietários de negócios na área, que ouviam os roncos dos trens no subterrâneo, a grande maioria das pessoas de Baltimore incluindo o prefeito Martin O’Malley não sabiam da existência do túnel que passava sob uma das principais ruas da cidade. “Eu nem sabia que tínhamos um túnel lá em baixo, basicamente uma linha invisível, até a fumaça a derramá-la”.
Em 1985, um funcionário anônimo da segurança de transporte federal fez uma observação de que a “linha invisível” era passível de uma explosão e que seria igual uma bazuca, atirando fogo em suas extremidades. Entretanto, pouco foi feito em nível federal, estadual ou local. Houve um plano de emergência de 440 páginas para cidade elaborado em 1987, porém não incluía nenhuma citação a acidentes químicos perigosos ou qualquer referência à existência do túnel.
Por volta das 15:00 horas, na quarta-feira 18 de julho de 2001, o trem de carga da CSX com destino a Nova Jersey, entrou na extremidade sul do túnel, transportando 60 carros, 29 deles vazios e o restante eram cargas mistas incluindo produtos de papel, madeira compensada, óleo de soja e vários vagões de produtos químicos. Por volta das 15:07, sua tripulação de dois homens cambaleou em uma parada inesperada e brusca, nesse momento foram incapazes de contactar o despachante CXS em Jacksonville, Florida, acreditando ser asfixia por escape de gases diesel, desacoplaram três locomotivas do trem de vagões de carga e os expulsaram da extremidade norte do túnel. As 15:25 conseguiram contato com o despachante pedindo permissão para voltar a entrar no túnel assim que a fumaça se dissipasse, no entanto, infelizmente eles perceberam que a fumaça não se dissipava e aumentava a cada minuto, ficando claro para eles que não era uma simples fumaça de óleo diesel e sim de um incêndio devido um descarrilhamento, então comunicaram a fatalidade ao despachante.
O corpo de bombeiros da cidade foi notificado pelo CSX às 16:15, o assistente chefe de operações dos bombeiros Donald Heinbuch estava cerca de quatro quarteirões da extremidade sul e observava uma enorme nuvem de fumaça, ao mesmo tempo começaram a ver uma fumaça preta saindo da extremidade norte do túnel também. Os primeiros bombeiros a chegar a extremidade norte do túnel viram o regulamento de porte, que indicava que oito dos carros do trem carregava produtos químicos perigosos como: dois carros-tanque de ácido clorídrico, dois de ácido fluorosílicico, um de tri propileno, um de ácido acético glacial, outro de ftalato de acetato de hexilo e, por último, um de propileno glicol.
Os bombeiros tiveram a ciência da gravidade e temiam a possibilidade preocupante de uma explosão desencadeada por produtos químicos aquecidos ate o ponto de ebulição, explosão conhecida como BLEVE. Os mesmos não estavam preparados para lidar com os produtos químicos do trem, não sabiam como agir perante ao calor do fogo, posteriormente estimado em 1500 graus Fahrenheit. Para piorar o cenário do incêndio, as estradas da cidade estavam prestes a se encher de viajantes a caminho de casa e com fãs que iam em direção as Camden Yards para ver o time de Baltimore jogar, todos estavam prestes a vivenciar o maior evento devastador da cidade.
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