REVISÃO BIBLIOGRÁFICA TCC LETICIA (QUALIDADE)
Por: leticia.piccin • 21/11/2019 • Monografia • 8.302 Palavras (34 Páginas) • 279 Visualizações
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Esta seção será dedicada a explicar as origens os termos que serão abordados ao longo do trabalho, que são: Metodologia MASP e ferramentas da qualidade, Análise Estatística e Gestão de Processos. Ao longo dessa revisão da história da qualidade, são abordados os principais nomes relacionados a cada um dos assuntos. Os pontos mais relevantes dentro de cada um dos assuntos serão brevemente abordados e explicados.
HISTÓRICO DA QUALIDADE
Em uma breve comparação da evolução ao longo dos anos, ficam evidentes as diferentes percepções sobre o que é qualidade. Antigamente, os responsáveis pelos processos de fabricação de um produto, desde sua concepção até o pós-venda, eram conhecidos como artesãos (PALADINI et al., 2012). Ainda segundo Paladini et al., a relação entre artesão e cliente, era caracterizada pela proximidade, pois o artesão buscava satisfazer da melhor forma possível o desejo expressado diretamente pelo cliente. Embora alguns conceitos de qualidade sejam bastante distintos dos atuais, é possível observar, nesta característica específica, uma semelhança com os dias de hoje, a preocupação em atender, da melhor forma possível, o desejo do consumidor.
De acordo com Trivellato (2010), este modelo de produção vigorou até o final do século XIX, e então o mundo se deparou com a Revolução Industrial. Ainda como observa o autor, os produtos passaram a ser produzidos de forma massiva e padronizada, com um novo sistema de produção. A mão de obra artesanal dá lugar a enormes maquinários, e o trabalho passa a ser dividido em etapas, onde cada trabalhador executava, repetidamente, um único processo de toda a cadeia produtiva.
Segundo António e Teixeira (2007, p. 23):
O sistema fábrica implementado durante a revolução industrial adoptou o esquema de produção em massa recorrendo ao fabrico de componentes intermutáveis. Enquanto que no sistema corporativo era praticamente impossível utilizar, por exemplo, peças de uma pistola numa outra, no novo sistema isso passou a ser regra. [...] cada operário passou a ter como incumbência apenas a execução de uma das partes do produto [...] foi necessário adoptar especificações que definiam critérios de distinção entre componentes aceitáveis e não aceitáveis.
No período de 1908 a 1927, o modelo fabricado pela Ford, o Ford T, tornou-se o carro do século, com mais de 15 milhões de unidades vendidas, pois agora a classe trabalhadora era capaz de adquirir, pela primeira vez, um veículo. Neste período, Henry Ford, teve papel crucial na evolução do processo produtivo, como explicam Paladini et al. (2012), Ford introduziu o conceito de padronização de peças. E neste período surgem alguns conceitos importantes para a qualidade até os dias de hoje, como metrologia, sistema de medidas e especificações.
Segundo Paladini et al. (2012), em 1924 o nome Walter A. Shewart passaria a ter notoriedade. O autor explica que Shewart foi responsável pela criação dos gráficos de controle, e pelo ciclo PDCA (Plan – Do – Check – Act), este ciclo, mais tarde, se tornou um direcionador para a criação do Método de Análise e Solução de Problemas. “Na década de 1930, o controle da qualidade evoluiu bastante, com o desenvolvimento do sistema de medi de acordo com das, das ferramentas do controle estatístico do processo e do surgimento de normas específicas para essa área.” (PALADINI et al., 2012, p. 3). Deming (1980), apud António e Teixeira (2007), defendia uma abordagem sistemática e quantitativa do sistema produtivo, que seria executada através do Ciclo PDCA, para identificação e solução dos problemas.
No período pós 2ª Guerra Mundial, podemos ressaltar importantes acontecimentos para a Área da Qualidade, de acordo com Nascimento (2013):
- 1945: Surge a ‘Society of Quality Enginers’, a primeira associação de profissionais da área da qualidade.
- 1946: Surge a ‘American Society for Quality Control (ASQC)’, com participação de uma figura importante até os dias de hoje para a área da qualidade, Joseph M. Juran, membro e fundador.
- 1950: Criação da Associação Japonesa de Cientistas e Engenheiros, a JUSE.
Segundo Paladini et al. (2012), em 1951 Juran apresenta um modelo que demonstrava planejamento e detalhamento de custos da qualidade. Ainda segundo Paladini et al. (2012), Armand Feigenbaum, propôs o modelo de Controle de Qualidade Total, TQC, e em 1957, Philip B. Crosby, desenvolveu o programa Zero Defeito, que se tornaria muito popular.
Aguayo (1993), explica que no Japão, que tentava se recuperar dos estragos causados pelo pós-guerra, na década de cinquenta, Deming e Juran ajudaram a desenvolver o modelo de qualidade total no estilo japonês. Deming, que possuía grande influência da área estatística, deu origem à diversos métodos de controle estatístico com foco na qualidade dos produtos, como as cartas de controle. Conforme António e Teixeira (2007), a principal lição aprendida pelos japoneses neste período, foi que as variações eram inerentes aos processos, e resultam de dois tipos de causas. Estas causas serão explicadas mais a diante. Paladini et al. (2012), explicam que em 1970, o modelo japonês se destacava por apontar os defeitos em partes por milhão. Conforme Aguayo (1993), as teorias de Shewart e Deming defendiam que o aumento da qualidade está diretamente relacionado a redução de custos e aumento de produtividade.
Após o período da 2ª Guerra Mundial, Deming foi convidado pela JUSE para ensinar e engenheiros e administradores japoneses, sobre a importância da participação de toda administração. Deming fez uma previsão, que em cinco anos a economia japonesa estaria reestabelecida e o país seria competitivo no mundo todo, pois seus produtos seriam clamados por todo o mundo (AGUAYO, 1993). E os japoneses, que seguiram à risca seus conselhos, alguns meses depois começavam a ver melhorias em sua produção. E então, quatro anos depois da previsão inicial, o Japão começava a dominar um setor atrás do outro, com produtos competitivos e de qualidade. Aguayo (1993), descreve que uma coisa chama atenção na sede da Toyota, onde logo na entrada observa-se três retratos, um referia-se ao fundador da Toyota, o outro, do atual presidente da empresa, e por último, muito maior, o de W. Edwards Deming, um americano. Era o reconhecimento ao homem que havia ensinado aos japoneses, tudo que eles sabiam sobre qualidade.
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