Riscos em obras subterrâneas
Por: Guilherme Ramos • 29/8/2017 • Trabalho acadêmico • 1.568 Palavras (7 Páginas) • 877 Visualizações
Riscos em obras subterrâneas
Introdução
Todo processo de pequeno ou grande porte de construção civil começará com um estudo do solo para conseguir implantar, da melhor forma, o projeto sem que ocorra riscos de comprometimento da estrutura da obra. Esses estudos serão mais importantes ainda se as obras forem subterrâneas, nesse tipo de obra a dificuldade é maior, os riscos são maiores, e é preciso mais estudo do meio e cautela na execução. Para isso é importante que o projeto seja detalhado e abrangente, dessa forma, antes mesmo do início das obras, é essencial que tenha informações geológicas como identificação de anomalias e riscos geológicos, e a correta identificação, redução e eliminação de riscos geotécnicos.
Desenvolvimento
Obras subterrâneas sempre apresentam maiores e mais numerosos riscos do que obras a céu aberto, por lidar com materiais geológicos, os quais sempre apresentarão alguma característica imprevista inicialmente, e por mais detalhada que seja a investigação prévia de campo e laboratório, essas características só serão observadas na construção. Dessa forma o risco geológico acaba estando sempre presente em obras subterrâneas.
As obras subterrâneas, em execução no mundo, podem gerar acidentes, principalmente se estiverem em perímetro urbano. Um exemplo disso é um túnel, em caso não urbano pode gerar recalques elevados sem nenhuma consequência, já esta mesma característica em obra urbana não é aceitável, pela interferência com as edificações e utilidades subterrâneas ao longo do traçado. Mas, independentemente do local, há riscos e com isso pode-se ter a ocorrência de acidentes, para evitá-los ou minimizar seus impactos é necessário seguir uma série de critérios, como os que estão expostos no Código de Prática para o Gerenciamento de Riscos em Obras de Túneis, iniciativa do The International Tunnelling Insurance Group (ITIG), das mais relevantes para se alcançar maior segurança neste tipo de obra de engenharia. Quem estuda, aplica e segue esses critérios, é o engenheiro geotécnico, que para fazer um projeto de obras subterrâneas, ele terá que, ao longo do traçado dos túneis ou outras obras subterrâneas, antecipar possíveis anomalias e características geotécnicas e geológicas, que poderão resultar em impactos e aumento dos riscos na construção destas obras de engenharia. Dessa forma será preciso planos e estratégias de gerenciamento de riscos; processo de identificação dos riscos; processo de qualificação dos riscos; processo de quantificação dos riscos; processo de monitoramento e controle dos riscos.
Os riscos geológicos, geotécnicos e impactos nas construções subterrâneas sempre ocorrem e são maiores nas escavações de grande porte. Para reduzi-los, é necessário examinar a probabilidade dos riscos possíveis (quais riscos podem efetivamente se concretizar), identificar os riscos a serem superados diante de desconformidades geotécnicas e geológicas graves, e se estruturar caso os riscos venham a se tornar concretos.
No caso de túneis há riscos nas etapas de construção e operação. Para exemplificar o primeiro caso (risco na construção), falaremos sobre o evento de um colapso na escavação de um túnel no metrô de Munique, em 1994. O túnel atingiu uma camada de pedregulho e areia no seu teto, não prevista, e formou-se um funil até a superfície. A equipe de trabalho dentro do túnel saiu a tempo e não sofreu danos. Apesar do horário de funcionamento da obra ser de pouco movimento (duas horas da manhã no horário local) um ônibus que trafegava pela rua, caiu na cratera e com isto ocorreram duas vítimas. Na categoria de riscos na operação, há diversos tipos de acidentes que podem ocorrer, e o mais comum, e possivelmente também o mais perigoso, é a ocorrência de incêndios, com grande potencial de vítimas. No Túnel Montblanc, na Europa, o incêndio provocou dezenas de vítimas, e no Túnel do Canal da Mancha, danos causados ao revestimento por um incêndio pararam as obras por vários meses, causando grande prejuízo para a empresa concessionária desta ligação. Pois, o valor dos reparos e prejuízos em decorrência de acidentes em obras subterrâneas é muitas vezes superior ao custo inicial da obra, dificultando a sua retomada e conclusão. Este cenário demonstra a necessidade urgente de promover o melhor gerenciamento de riscos, para evitar os danos causados por acidentes de grande porte, os quais gerarão prejuízos que muitas vezes inviabiliza a obra.
A etapa onde é possível se obter a maior redução no nível de risco da obra subterrânea é no projeto (fase pré-construção), para isso é importante no gerenciamento de riscos utilizar ferramentas da análise de riscos e de decisão, analisando os problemas geotécnicos de obras subterrâneas de uma forma mais estruturada e formal, com o objetivo de minimizar os riscos. Com este procedimento, as decisões deixam de ser intuitivas e empíricas e passam a ser mais estruturadas. Evitando correr riscos sem a análise de suas consequências.
É necessário um acompanhamento diário das condições geológicas e geotécnicas encontradas na escavação, para adaptação a condições alteradas em relação às previstas inicialmente, ou na hipótese de serem encontradas condições parecidas. Dessa forma temos um gerenciamento dinâmico, ou seja, continuamente revisado e atualizado, para que atenda alguns aspectos como: o projeto básico da obra subterrânea e do seu método construtivo, sistemas de contenção, tratamentos de solo, entre outros.
A engenharia de obras subterrâneas tem de se basear na constatação de que praticamente nada é certo no que se refere aos principais parâmetros de entrada: a interpretação geológica e geotécnica do comportamento do maciço de solo ou rocha; a interação da obra subterrânea com o maciço adjacente de solo ou rocha; a influência do ambiente urbano adjacente na obra subterrânea; as variáveis de método construtivo; o tipo de estrutura que será projetado e construído. Assim sendo, como primeiro passo deve-se identificar riscos potenciais relacionados ao processo de escavação (geologia e geotecnia, projeto e método construtivo), e avaliar a probabilidade de sua ocorrência e como as consequências potenciais (impactos e danos).
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