Uma Comunidade Urbana Eco-eficiente
Por: rodrixmg • 2/11/2017 • Artigo • 1.086 Palavras (5 Páginas) • 295 Visualizações
Uma comunidade urbana ecoeficiente
Todo processo de crescimento das cidades passa por equações a serem resolvidas com múltiplas variáveis que na maioria dos casos, até hoje, foram ignoradas ou tratadas com indiferença em seu planejamento.
Neste ano de 2011 discutimos no Fórum Mundial de Sustentabilidade questões relacionadas à água e energia. Os fatos atuais vivenciados em todas as cidades que crescem, tais como: falta de planejamento urbano, utilização indevida de áreas, enchentes, deslizamento, redução das áreas permeáveis, adensamento populacional, mostram que os paradigmas de um modelo sustentável podem e devem ser quebrados, aliando projetos de atendimento à demanda habitacional com suas pressões de economicidade e prazos cada vez mais curtos, a modelos de comunidades verdadeiramente auto sustentáveis.
Em qualquer conjunto de habitações duas variáveis são vitais para esta comunidade: a água e a energia. O uso consciente destas duas mantém a sinergia com os demais projetos que a sociedade vem padronizando e produzindo: normas para fabricação de eletrodomésticos que utilizam energia de modo mais eficiente, apoiados por legislação obrigando a sua adequação.
Quando existe projeto de coleta de águas pluviais, em condomínios a água da chuva apenas é utilizada em conservação de jardins e limpeza das áreas comuns. Observamos que esse insumo só não tem mais aplicações, pois esbarra no fator econômico, gerando custo de implantação e manutenção ao condomínio, tais como: duplicação da tubulação de distribuição da água (água tratada + água pluvial), bombas elétricas para recalque, sistemas de tratamento e distribuição.
O maior consumo que pode ser controlado em uma residência é o uso da água nos vasos sanitários. Os vasos sanitários tradicionais consomem entre 6,8 e 12 litros de água por acionamento, dependendo do modelo. Se o vaso sanitário elimina 13 litros por descarga, o consumo pode chegar a 74 litros* por dia, ou 27.010 litros por ano, por pessoa. Se o vaso sanitário elimina 6 litros por descarga, o consumo pode chegar a 39 litros* por dia, ou 14.234 litros por ano, por pessoa. Se o vaso sanitário está equipado com o sistema de pressão dentro da caixa de descarga, o consumo pode chegar a apenas 20 litros por dia, ou 7.300 litros por ano, por pessoa.*Incluindo vazamentos. O sistema de esgotamento sanitário a vácuo, utilizado em aeronaves e plataformas de petróleo, consome cerca de 1,2 litro de água a cada acionamento, gerando uma economia na conta de água acima de 70%.
Sua utilização, sistema a vácuo, também produz menos esgoto, sendo ambiental e socialmente mais correta, por reduzir custos nas estações de tratamento de esgotos. “O sistema a vácuo é o mais econômico entre os sistemas analisados, no geral. Ele é mais indicado em edifícios de perfil vertical de elevação e/ou de grande afluxo de pessoas (aeroportos, shoppings, etc.) e é o único que reduz o uso de água limpa”, [pic 1]
Alguns países estabeleceram melhores padrões de uso da água, em Dubai por exemplo, é obrigatório o sistema de descargas para vasos sanitários com ar comprimido. Quando comparada ao sistema tradicional, descarga por gravidade e água, proporciona uma economia acima de 70% no consumo da água tratada.
Mas, e depois? Propondo ir um pouco mais em nosso protótipo eco eficiente: coletando e direcionando esses dejetos sanitários em um biodigestor, ao invés de usar uma tradicional ETE-Estação de Tratamento de Esgoto; e o gás, obtido no processo de fermentação no biodigestor, canalizado e queimado em uma Micro Central Termelétrica, temos a geração de energia elétrica que abastecerá o próprio condomínio, em um sistema classificado como co-geração. Isto é realidade em algumas propriedades rurais no Brasil e outros projetos urbanos e industriais.
Resolvemos parte da equação que contempla as variáveis água e energia, transferindo para o futuro condomínio a parte relacionada com a manutenção desse novo sistema proposto. Como o próprio condomínio é produtor com abundancia da matéria prima para a geração da energia, ou seja: o esgoto e o lixo, o conjunto habitacional deve ser sócio do novo empreendimento de geração de energia, segundo as regras da ANEEL-Agência Nacional de Energia Elétrica. O sistema deve ser projetado para atender a demanda do condomínio com sobra, comercializando o excedente de eletricidade, utilizando a receita adicional para custear a manutenção do sistema: equipamentos, administração, funcionários, técnicos, coletores de lixo seletivo e sua separação.
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