Etanol de sorgo sacarino

INTRODUÇÃO

Enquanto vivemos em uma crise energética pelo elevado preço do petróleo, muitos pesquisadores buscam fontes alternativas como meio para a produção de energias como a eletricidade e o calor.

Grande é a procura e pesquisa para recursos viáveis à produção de energias renováveis. Hoje em dia, o etanol tem sido considerado uma importante fonte de energia alternativa para o futuro, pois é ambientalmente sustentável.

As matérias orgânicas utilizadas para produção dessas energias é a biomassa, uma alternativa de grande eficiência na substituição do petróleo por ser uma fonte de energia mais limpa, renovável e abundante e os combustíveis dessa biomassa por sua vez, recebe o nome de biocombustíveis.

No Brasil o mais comum biocombustível é o álcool produzido pela cana-de-açúcar, sua principal matéria-prima. O álcool é um termo genérico aplicado a uma série de compostos formados por átomos de Hidrogênio e Carbono, o termo álcool é a nomenclatura comum do álcool etílico ou etanol, cuja fórmula molecular é C2H5OH (CHIELLE et al, 2001).

Ele não é encontrado espontaneamente na natureza, e é obtido por diferentes processos a partir de diversas fontes. No Brasil, a biomassa é a fonte de maior significância, onde se destaca a cana-de-açúcar. Nos últimos tempos, o sorgo também vem ganhando destaque.

A cultura de sorgo tem uma importância estratégica no abastecimento de grãos e forragem do país, podendo contribuir com o equilíbrio nos estoques reguladores de grãos e forragem de qualidade, contribuindo com o crescimento sustentado da pecuária por garantir a oferta de alimentos, com redução de custos, permitindo maior competitividade ao setor.

Devido as grandes variações climáticas existentes no Brasil não é possível o cultivo da cana-de-açúcar em todas as regiões com o mesmo índice de produtividade encontrado nas regiões centro-sul e nordeste. Como alternativa encontra-se o sorgo sacarino (Sorghum bicolor L. Moench), que será apresentado, tendo em vista suas características diferenciais quanto ao clima e solo (D’ARCE, 2005).

O sorgo, uma gramínea cultivada em várias regiões do planeta, é o quinto cereal mais cultivado no mundo, ficando atrás do trigo, arroz, milho e cevada. Sua origem remonta da África há 5000 anos, na região do Sudão-Etiópia, espalhando-se pelas tribos do leste africano durante os últimos mil anos, devido à difusão da cultura. A introdução das primeiras sementes em território do continente americano deu-se através dos escravos levados para lá. O cultivo nos EUA deu-se por volta de 1850 em terras texanas, de onde se originou os tipos Rio e Roma, as quais são utilizadas para a geração de novos tipos híbridos (MACHADO, 2003).

Conforme a FAO, 440.000 km2 foram destinados para a produção de sorgo em todo mundo em 2004, entre muitas variedades existentes. O principal uso é de forragem, sendo também muito utilizado como alimento humano na África e Ásia. Sua principal característica é de ser resistente à falta de água e de se desenvolver em solos com características salinas (LINTON, 2012).

Sendo uma das diversas matérias-primas renováveis disponíveis para produção de etanol, especial destaque vem sendo dado ao sorgo sacarino. A velocidade do ciclo de produção, as facilidades de mecanização da cultura, o teor relativamente alto de açúcares diretamente fermentáveis contidos no colmo e a antecipação da colheita em quatro meses com relação à cana justificam esta posição de destaque (EMBRAPA, 2004).

O sorgo é uma dessas descobertas, é uma alternativa viável na produção do álcool por ter grande resistência na época da seca, de fácil plantio e ser uma planta de período de cultivo menor que o da cana de açúcar.

É uma alternativa eficaz e econômica onde complementam o tempo de trabalho de usinas fazendo com que as mesmas fiquem paradas por muito tempo, nos períodos de entressafra.

O objetivo desse trabalho a respeito deste assunto é explaná-lo de forma clara, relatando a história da plantação do sorgo, as vantagens da plantação para agricultores e usineiros, e a produção do etanol retirado dos colmos dessa planta.

Trata-se de um trabalho científico de conclusão de curso realizado com pesquisa bibliográfica documental em livros, artigos, periódicos, anais, bancos de dados, relatórios, teses, dissertações, meios eletrônicos de banco de dados oficiais, envolvimento e participação de professores.

1. A CULTURA DO SORGO

Sorgo é uma extraordinária fábrica de energia, de enorme utilidade em regiões muito quentes e muito secas, onde o homem não consegue boas produtividades de grãos ou de forragem cultivando outras espécies, como o milho.

A origem do sorgo está provavelmente na África, embora algumas evidências indiquem que possa ter havido duas regiões de dispersão independentes: África e Índia. Data-se que em meados do século XX o sorgo foi trazido para o Brasil, tendo como principais regiões produtoras Goiás e Minas Gerais (GONTIJO et al, 2004).

Faz parte da família das Poáceas, e é o cereal que está no 5º lugar entre os cereais mais importantes do mundo, atrás do trigo, arroz, milho e cevada. É usado como alimento humano em países da África, sul da Ásia e da América Central.

Tem grande semelhança com a cana-de-açúcar, pois em seus colmos apresenta caldo semelhante com grande quantidade de açucares fermentescíveis e por isso vem sendo utilizado para a produção do etanol nas mesmas instalações em que a cana é trabalhada (CORREA, 1996).

É uma planta com ciclo rápido e é plantado justamente na entressafra, pode obter o mesmo rendimento que outros cultivos, mas empregando menor quantidade de água. Sua resistência a locais secos se dá devido ao processo que possui para murchar as folhas, estas se enrolam ficando então uma menor superfície exposta á transpiração permitindo a planta suportar os momentos de seca (MENEZES, 1980).

Outro fator interessante sobre esta planta é a sua capacidade de latência durante a seca, que lhe permite voltar a crescer quando começa haver humidade.

Devido ao fato de não apresentar uma proteção para as sementes, como, por exemplo, a palha do milho ou as glumas do trigo e da cevada, a planta de sorgo produz vários compostos fenólicos, os quais servem como uma defesa química contra pássaros, patógenos e outros competidores.

Trata-se de uma planta mecanizável com grande quantidade de biomassa verde e alto rendimento de etanol, bagaço para a fonte de energia e forragem para animais, tem também um marcante teor nutricional podendo ser utilizado