A Cultura Conservadora de Guarapuava frente ao Desenvolvimento Economico, Social e Tecnologico
Por: Marcoa.silva • 30/8/2018 • Projeto de pesquisa • 7.035 Palavras (29 Páginas) • 303 Visualizações
Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO
Pró - Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação – PROPESP
DIRETORIA DE PESQUISA – DIRPES
COORDENAÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
NOME DO ALUNO: MARCO AURÉLIO SILVA
ORIENTADOR: ANTÔNIO COSTA GOMES FILHO
REFERENTE AO PERÍODO: AGOSTO/2017 Á JULHO/2018.
TÍTULO: A CULTURA CONSERVADORA DE GUARAPUAVA FRENTE AO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E TECNOLÓGICO.
RESUMO
O desenvolvimento possui um conceito bastante amplo, basicamente entendido como um processo de crescimento, mudança, uma conotação positiva de evolução. Ao se tratar de desenvolvimento econômico, social e tecnológico, teoricamente, deve-se observar a sua evolução em termos qualitativos e quantitativos, com o objetivo único de bem-estar social, melhor qualidade de vida, aumento/manutenção de renda e melhoria na educação. Este trabalho de pesquisa busca compreender se a cultura conservadora de colonização historicamente patriarcal, se fez presente em Guarapuava e atrapalha (ou) o seu desenvolvimento, visto que regiões menores e mais novas, o desenvolvimento é perceptível. Foi necessário a leitura de livros, artigos e jornais e a busca em outros trabalhos realizados para ajudar o entendimento do tema, além de coleta de dados por meio de entrevistas com ex-secretários municipais no período dos últimos 20 anos. O trabalho desta pesquisa, provavelmente renderá outras pesquisas sobre o tema.
Palavras-chaves: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social, desenvolvimento tecnológico, cultura conservadora, colonização patriarcal.
- INTRODUÇÃO
Esse projeto de pesquisa tem por tema o desenvolvimento econômico, social e tecnológico de Guarapuava, frente ao desafio da ruptura e quebra dos paradigmas relacionados com a cultura conservadora e a estrutura patriarcal das organizações. Na busca do significado de cultura, Cuche (2002) define como, utilizada em diferentes campos semânticos em substituição a outros termos como “mentalidade”, “espírito”, “tradição” e “ideologia”.
É provável que essa cultura conservadora de Guarapuava, seja decorrente da colonização portuguesa nos moldes das Capitanias hereditárias, em unidades de terras chamadas de Sesmarias, modelo estritamente patriarcal, que se configura na concessão de grandes latifúndios para altos ocupantes de cargos públicos e militares, constituindo o chamado Estado Patrimonial, escravagista e que se sobrepunha a sociedade. De acordo com Fernandes (2006), a dominação se exerceu no Brasil mediante as concessões de sesmarias, o que se traduziria nas doações efetuadas pela coroa a um estamento administrativo. Isto representa a concentração da propriedade ou posse da terra nas mãos de alguns, e a exclusão da massa da população que não tinha acesso aos postos burocráticos.
Em Guarapuava não foi diferente, segundo relata Linhares (1985 apud Mota 2008 pág. 40) “ Linhares, trata da pecuária no Paraná, da ocupação dos campos gerais do segundo planalto e dos campos de Guarapuava pelas grandes fazendas de gado. Linhares vê a instalação dos latifúndios de criação de gado nos campos paranaenses dessa forma: ... estes, (latifúndios), como tudo indica, foram sendo ocupados sem excessos nem lutas belicosas, mais como fruto de esforços pacientes e humildes. “
No processo de colonização de Guarapuava, segundo mota (2008) “ a partir de 1760, através dos relatos das expedições militares do coronel Afonso Botelho e Diogo Pinto, que tentaram ocupar os campos de Guarapuava e Palmas; pelos relatos dos viajantes que por aqui transitaram no século XIX; pelos ofícios, comunicados, cartas e relatórios dos governos da Colônia, do Império, da Província e do Estado do Paraná e pelos registros das primeiras crônicas sistemáticas sobre os índios, como, por exemplo os textos dos padres Francisco das Chagas Lima e Luiz de Cemittille, e de Telêmaco Borba...“, acreditava-se haver um vazio demográfico livre para ocupação, não sendo considerado as populações indígenas da região e sua posterior resistência.
Outro fator importante neste processo de colonização de Guarapuava, foi a resistência de brancos em povoar a região, descrita na carta régia de 1809, também não havendo interesse da coroa portuguesa em apenas povoar ou manter os campos de Guarapuava somente com povos indígenas aldeados e escravos condenados, conforme descreve Cunha (1992 apud Ferreira Junior 2007 pág. 26) “ Autorizareis o comandante para que além das sesmarias concedidas ao Governo, possa repartir os terrenos devolutos em proporções pequenos aos povoadores pobres, pois que estes não têm forças para obterem sesmarias...”
Mesmo com estes feitos da coroa, muitas famílias e fazendeiros que estavam se estabelecendo, ao saber que haveria o recrutamento militar obrigatório para construção de estradas, sem soldo e sob penas severas, pelo comandante Diogo Pinto de Azevedo Portugal, muitos habitantes fugiram por medo da fama cruel do comandante, conforme relata Saint-Hilaire (1995 apud Ferreira Junior 2007 pág. 27) “ a recente passagem do comandante Diogo pela região, fez aumentar o temor. Quando em outros tempos, sob as ordens deste iniciaram as obras do caminho de Guarapuava (...) os habitantes da região foram forçados ao trabalho sem soldo e sob grande severidade. Mais de mil pessoas abandonaram a região em fuga para província do rio Grande do Sul e a cidade de Castro, deixando casas abandonadas e em ruínas. “
Determinados pela colonização de Guarapuava, o regente da coroa portuguesa por meio da carta régia de 1809, segundo relato na Coleção de Leis do Brasil de 1891, disposto na biblioteca da câmara de deputados do Rio de Janeiro, citado por Ferreira Junior (2007 pág. 33), decreta: “igualmente vos faço remeter para os Campos de Guarapuava todos os criminosos e criminosas que forem sentenciados a degredo, cumprindo ali todo seu tempo de degredo”(...), convertendo Guarapuava na chamada “Prisão sem Muros”. A decisão ocorre com a dificuldade da coroa em colonizar os campos de Guarapuava, principalmente pela falta de mulheres portuguesas ou aculturadas na região, impossibilitando a formação de famílias de cunho católico, pois estava proibido o contato do homem branco com a mulher índia. Tais práticas eram com a finalidade estratégica de criar uma cultura colonizadora local à época.
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