A Distribuição Física da Cachaça
Por: Clesio Costa • 2/4/2016 • Artigo • 7.936 Palavras (32 Páginas) • 283 Visualizações
EVANDRO SANTHIAGO BIASINI
A DISTRIBUIÇÃO FÍSICA DA CACHAÇA
SÃO PAULO – 2007
EVANDRO SANTHIAGO BIASINI
A DISTRIBUIÇÃO FÍSICA DA CACHAÇA
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SÃO PAULO – 2007
- Introdução
A Logística Empresarial compõe-se de dois subsistemas de atividades:
- Administração de Materiais;
- Distribuição física.
A Administração de Materiais compreende o agrupamento de materiais de várias origens e a coordenação dessa atividade com a demanda de produtos ou serviços da empresa.
A Distribuição Física, tema abordado nesse trabalho, trata da movimentação dos produtos acabados ou semi-acabados de uma unidade fabril para outra, ou da empresa para seu cliente final, ao qual constitui o transporte eficiente e eficaz, englobando a armazenagem, gestão de estoques, processamento de pedidos dentre outros.
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- O Mercado de Bebidas
O mercado de bebidas, no Brasil e no mundo, é composto por pequenas companhias familiares com tradições centenárias, destilarias de grande porte, companhias globais que atendem a centenas de países, distribuidores independentes, exportadores e importadores.
O setor gera um movimento criador de empregos e riqueza na indústria do bem viver: bares, restaurantes, casa noturnas, hotéis. Estima-se hoje, que o faturamento do setor está na casa dos R$ 2 bilhões (a cifra vai para R$ 8 bilhões para o mercado como um todo, incluindo as cervejas).
- A Cachaça
A cachaça não é mais apenas uma bebida de botequim. Com os investimentos feitos nos últimos anos, a bebida tem sido elevada ao estatus de bebida fina.
Estima-se que há mais de cinco mil marcas de cachaça e cerca de 30 mil produtores no País, gerando aproximadamente 400 mil empregos diretos e indiretos.
Para alcançar este patamar, tanto grandes indústrias quanto pequenos produtores de cachaça artesanal, a chamada cachaça de alambique, estão investindo em tecnologia e em marketing, agrupando-se em associações e cooperativas e sofisticando sua produção com linhas Premium de cachaças envelhecidas em barris de madeiras nobres.
A produção anual de cachaça no Brasil gira em torno de 1,3 bilhões de litros, e segundo Maria das Vitórias Cavalcante, presidente da marca pernambucana Pitú, e do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça (PBDAC), dificilmente crescerá em níveis significativos, pelo menos em médio prazo. “O que estamos procurando é agregar valor ao produto", define.
- A cachaça no Mercado Brasileiro
A presença das cachaças do tipo Premium brasileiras em sofisticados restaurantes paulistanos, está ficando cada dia mais comum.
Um exemplo disso é o texto de abertura da "carta de cachaças" do bar do sofisticado Hotel Hyatt da: "Um brinde! Você está bebendo um patrimônio cultural do povo brasileiro!".
Tal qual uma sofisticada carta de vinhos, “a carta de cachaças” que chega à mesa dos empresários brasileiros e estrangeiros hospedados no hotel, divide as marcas por região produtora e suas características.
Na Casa Santa Luzia, tradicional reduto da gastronomia paulistana, estão à venda cachaças especiais como a mineira Anísio Santiago (que já foi conhecida como Havana, mas mudou de nome por pressão do governo cubano e que custa cerca de R$ 270,00 a garrafa de 600 ml). Segundo o gerente da adega da Casa Santa Luzia, Marcelo Marcelino, "as vendas ainda são pequenas, mas não dá mais para ficar sem o produto". Para Albernaz, da Fenaca[1], o mercado Premium é a saída para os pequenos produtores. "São cachaças de alto valor agregado", diz.
Hoje, ela é a bebida destilada mais consumida no Brasil e a terceira no ranking mundial.
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- A Cachaça de Minas Gerais
A maior valorização à cultura e aos produtos tipicamente brasileiros por parte da sociedade, e a busca incessante por aumento da qualidade do produto, visando a sua inserção nos concorridos mercados nacional e internacional, foram alguns dos fatores motivadores de significativas mudanças no agronegócio brasileiro.
O agronegócio da cachaça, a partir da década de 90, adotou a política da qualidade para se consolidar competitivamente no estado de Minas Gerais apoiada pela criação do Programa de Qualidade e Produtividade na Agricultura (Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
O programa é baseado em princípios de gestão comumente difundidos, e aplicados rigorosamente para a promoção de um novo padrão de agricultura. Um dos princípios é o da segmentação de mercados, consistindo fundamentalmente na observância da exigência principal de importadores estrangeiros em relação à certificação (de qualidade e de origem), para que se tenha acesso ao mercado de Commodities, como o do café e laranja. Cabe aos governos, neste caso, transformar o que seria uma barreira não-tarifária em um fator de competitividade.
A conquista da qualidade também requer uma compreensão aprofundada das cadeias de produção, de forma a identificar gargalos e empreender ações capazes de evitá-los e superá-los. O entendimento dos fatores determinantes sobre as cadeias de produção permite redefinir o papel dos agentes em cada uma delas.
Segundo Albernaz, o grande problema dos produtores artesanais é a distribuição, que considera como sendo o gargalo do setor. "As grandes empresas monopolizam a distribuição e só agora os pequenos produtores começam a se organizar em associações estaduais e cooperativas para vencer o problema", comenta.
O passo inicial em direção ao desenvolvimento do setor de cachaça do Estado foi dado pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais - INDI – que, a partir de 1982 passou a se preocupar com a valorização do setor de produção de cachaça, e elaborou o primeiro diagnóstico do setor alambiqueiro mineiro.
Ao longo de toda a década de 80, uma agenda de trabalho foi sendo editada, resultando em um diagnóstico setorial, que mostrou a produção artesanal da bebida como sendo uma atividade rica, historicamente importante e que exercia um papel de destaque na estruturação da economia agrícola estadual. Este trabalho levou à criação da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade - AMPAQ, em 1989.
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