A Engenharia Simultânea
Por: MARCOS PROENÇA • 4/8/2017 • Relatório de pesquisa • 2.439 Palavras (10 Páginas) • 229 Visualizações
1 ENGENHARIA SIMULTÂNEA
75 % das falhas dos produtos (entre todas as fases) desde marketing/concepção até a expedição/entrega ao cliente se localizam nas fases antes da entrada do produto na produção. “80% delas são solucionadas no processo de produção”.
1.1 DESENVOLVIMENTO SIMULTÂNEO
O processo de projeto é, essencialmente, um conjunto de etapas individuais pré-determinadas. Algumas vezes, uma etapa é concluída antes que a próxima comece. Esta abordagem passo a passo, ou seqüencial, era a forma tradicional de desenvolvimento de produtos/serviços. Tem algumas vantagens. É fácil gerenciar e controlar os projetos organizados desta forma, desde que cada etapa esteja claramente definida. Além disso, como cada etapa está concluída antes que a próxima comece, cada etapa pode focalizar suas capacidades e experiências em um conjunto limitado de tarefas. O principal problema da abordagem seqüencial é que consome muito tempo e é dispendiosa. Quando cada etapa é separada, com um conjunto claramente definido de tarefas, quaisquer dificuldades encontradas durante o projeto em uma etapa podem exigir que o projeto fique parado, enquanto a responsabilidade volta para a etapa anterior.
Em geral, há pouca necessidade real de esperar a finalização absoluta de uma etapa para que a outra comece. Por exemplo, talvez, enquanto o conceito esteja sendo criado, a atividade de triagem e seleção possa ser iniciada. Talvez tenha que ser uma avaliação grosseira, mas, apesar disso, é provável que alguns conceitos possam ser julgados como “inviáveis” relativamente cedo no processo de geração de idéias. Analogamente, durante a etapa de triagem, é provável que alguns aspectos do projeto se tornem óbvios antes que a fase esteja totalmente completa. Por isso, o trabalho preliminar nessas partes do projeto poderia ser iniciado antes do fim do processo final de triagem e seleção. Este princípio pode ser considerado através de todas as etapas de projeto. Em outras palavras, uma etapa começa antes que a anterior esteja concluída, de forma que haja trabalho simultâneo ou concorrente nas etapas.
Podemos articular esta idéia com a idéia de redução de incertezas, onde afirmamos que a incerteza se reduz a medida que o projeto avança. Isto também se aplica a cada etapa do projeto, de forma que a incerteza relativa ao conceito reduz-se durante a etapa de geração do conceito, a incerteza sobre o projeto preliminar reduz-se através dessa fase e assim por diante. Se isso é de fato assim, então deve haver algum grau de certeza de que a etapa seguinte pode considerar como seu ponto de partida um anterior ao final da etapa precedente. Em outras palavras, os projetistas podem reagir continuamente a uma série de decisões e indicações que lhes são fornecidas pelos projetistas da etapa precedente. Isto, entretanto, somente pode funcionar se houver comunicação efetiva entre todos os pares de etapas.
1.2 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
O que denominamos desenvolvimento simultâneo em geral é chamado engenharia simultânea (ou concorrente) em operações de manufatura. Embora não haja nenhuma definição de engenharia simultânea aceita universalmente, as visões da maioria das organizações são razoavelmente semelhantes. Por exemplo, as seguintes citações dão uma ideia de como o termo é compreendido.
Segundo Slack et al. (1997, p. 171):
Engenharia simultânea significa que as pessoas que projetam ou fabricam produtos trabalham com os mesmos objetivos e o mesmo senso de valores para atacar os mesmos problemas entusiasticamente desde as primeiras fases. Os objetivos são redução do tempo de desenvolvimento, projeto para a manufatura, desenvolvimento de produto e desenvolvimento de tecnologias avançadas de produção. A medida comum de valor é a satisfação dos clientes, que é uma das filosofias corporativas da empresa.
Ainda, a engenharia simultânea procura otimizar o projeto do produto e do processo de manufatura para conseguir reduzir tempos de desenvolvimento e melhorar a qualidade e os custos através da integração das atividades de projeto e manufatura e da maximização do paralelismo nas práticas de trabalho.
Continuando a explicação, Slack et al. (1997, p. 171-172) argumentam:
Processo de decisão burocráticos e incômodos em desenvolvimento de produtos e serviços podem sufocar a competência técnica. Uma das razões frequentemente citadas, pela qual a IBM não conseguiu dominar o mercado de computadores pessoais, apesar de ter determinado o padrão para tais produtos, é que foi empurrada para fora do mercado por concorrentes menores, mais ágeis e competentes. Em geral, os produtos simplesmente chegaram do mercado demasiadamente tarde. Os produtos teriam chegado mais ou menos um ano depois da data em que teriam sido uma boa ideia.
Os primeiros estudos sobre Engenharia Simultânea e a sua utilização sistemática por empresas ocidentais remontam à segunda metade da década de oitenta. A denominação Engenharia Simultânea foi proposta e caracterizada primeiramente em 1988, num relatório do Institute for Defense Analysis (I.D.A.) do governo americano.
O relatório a definiu como “uma abordagem sistêmica para o projeto integrado e concorrente de produtos e processos a eles relativos, incluindo manufatura e suporte. Essa abordagem pretende promover, desde o início do desenvolvimento, consideração de todos os elementos do ciclo de vida do produto, desde sua concepção até sua descarga, incluindo qualidade, custo, cronograma e requisitos dos usuários”.
Ela objetiva a integração máxima de todos os setores da organização no design do produto, para a obtenção de um resultado mais eficaz e eficiente, tornando-se fundamentais para as organizações terem maior competitividade, pois reduz o lead-time de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que adiciona valor ao produto.
Além disso, a engenharia simultânea alcança maior qualidade, funcionabilidade e manufaturabilidade em seus produtos e ainda minimiza custos. Como já citado
anteriormente, ela é a aplicação de um método sistemático de desenvolvimento integrado de produtos e processos relacionados. Esse método enfatiza a formação de times, cujos valores são cooperação, confiança e compartilhamento de decisões. Os times devem trabalhar de forma paralela e sincronizada para obter o melhor projeto do produto e para isso devem trocar constantemente informações concernentes ao projeto, buscando o consenso, tendo em mente o ciclo de vida do produto.
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