A influência da filosofia no pensamento administrativo
Por: solbaixo • 31/8/2021 • Trabalho acadêmico • 2.695 Palavras (11 Páginas) • 212 Visualizações
UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO
FACULDADE DAS CIÊNCIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE PERNAMBUCO
Henrique Barroso de Oliveira e Silva
Vinícius Gabriel Alves de Oliveira
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A influência da Filosofia nas grandes correntes do pensamento administrativo
Recife
2017
1 - Introdução
A filosofia é a ciência do pensamento, que permite ao ser humano entender a si mesmo e também compreender os fenômenos a sua volta. É a base de todo o conhecimento humano, e por isso está presente em todas as suas áreas, sempre contribuindo com reflexões importantes.
A administração é uma ciência que busca entender os processos organizacionais dentro das empresas e formular teorias que contribuem para aperfeiçoar o gerenciamento dos recursos humanos e financeiros com a finalidade de atingir metas.
O objetivo deste trabalho é destacar e explicar as principais contribuições filosóficas para a ciência administrativa, e o papel da filosofia em transformar o pensamento administrativo ao longo do tempo. Essas contribuições serão expostas, iniciando pela Idade Antiga, época que o estudo da administração ainda não era considerado uma ciência, até os dias atuais, com teorias bem estruturadas sobre o tema.
2 – Filosofia Antiga e Administração
A Idade Antiga é um longo período que se estende desde 4000 a.C, até 476 d.C, com a queda do Império Romano do Ocidente. Esse período é marcado pelo surgimento da escrita e de civilizações mais bem estruturadas, assim como o surgimento da Filosofia.
A Filosofia, que surge nesse período, busca entender as questões do conhecimento sobre o ser e sobre a natureza, além de também possuir um enfoque político.
2.1 – Sócrates e a vocação para liderar
Sócrates é por muitos considerado o pai da Filosofia. Nascido por volta de 469 a.C, introduziu o método argumentativo da dialética, que consistia na formulação de perguntas, para desconstruir os pensamentos do interlocutor, e após isso construir um novo argumento, sempre em busca da verdade.
Sócrates também dava enfoque nas questões do ser, ele afirmava que o homem deve ser conhecedor da sua própria ignorância, e só assim poderia alcançar a sabedoria, também defendia que o filósofo deve assumir o papel de eterno aprendiz.
Relacionando a teoria de Sócrates com a função de administrador nos dias atuais, pode-se dizer que o administrador, tomando por base que não é conhecedor de tudo, deve estar sempre em busca da verdade e de novos conhecimentos que possam ajudá-lo a guiar a empresa para o caminho do sucesso.
Sócrates argumentava que a administração era uma habilidade que não estava relacionada ao conhecimento adquirido ou ao método empírico. Tratava a administração como uma vocação. Ele acreditava que o ato de administrar uma cidade, ou seja, a administração pública, não é diferente do ato de administrar um negócio, ou seja, administração privada. Portanto, para Sócrates, um homem com a vocação da administração poderia gerir ambos com sucesso.
2.2 – Platão e a preocupação com a ética e conhecimento
Platão foi o principal discípulo de Sócrates. Nascido por volta de 428 a.C. Sua principal teoria foi a teoria do mundo das ideias, que retrata a existência do mundo sensível (conhecimento através dos sentidos) e o mundo inteligível (conhecimento da essência das coisas, o conhecimento puro e verdadeiro).
Platão teve como um dos seus enfoques, a política e seu funcionamento, e idealizou uma sociedade governada por um filósofo, que, conhecedor do mundo a sua volta e baseado nos princípios éticos e morais, lideraria a sociedade de forma justa e igual, ocasionando seu desenvolvimento.
O que é possível relacionar da obra de Platão para os estudos administrativos ou o processo de gestão em si, é a sua preocupação com a ética no ambiente de gestão, questão que ainda persiste nos dias atuais, com cada vez mais relatos de gestores que infringem os padrões éticos e até mesmo a constituição para alcançar seus objetivos.
Outra relação conveniente é da idealização por Platão de um gestor que seria apto por deter o conhecimento, e nesse ponto ele difere de Sócrates, tomando esse conhecimento como fundamental no ato da gestão. Este pensamento é muito pertinente nos dias atuais, onde um gestor necessita de uma ampla capacitação para exercer sua função.
O pensamento de Platão e de Sócrates divergem nessa questão, mas pode-se dizer que as duas contribuições são válidas, pois um administrador com a habilidade da liderança e da boa comunicação, juntamente com uma vasta gama de conhecimentos, é atualmente considerado o profissional ideal.
2.3 – Aristóteles e os três saberes
Aristóteles, discípulo de Platão, foi um importante filósofo da Idade Antiga. Nascido em 384 a.C, formulou teorias sobre o processo de obtenção do conhecimento e os diferentes tipos de saberes.
Para Aristóteles, existiam três tipos de saberes: o teórico, que englobaria os saberes científicos, como física, biologia e psicologia, o produtivo, que consistiria na estética e nas artes produtivas ou criativas, como a poesia, a dança, o artesanato, entre outras, e o saber prático, que é composto por ética e política.
Segundo ele, esses tipos de conhecimento são independentes, um indivíduo que possui uma aptidão para exercer o saber teórico, não necessariamente possuiria esta aptidão para o saber prático. Portanto, a teoria de Aristóteles quanto aos requisitos para exercer uma boa gestão é a mais completa dentre os filósofos antigos. Nesse caso, o administrador que domina o saber prático e o teórico, como dito anteriormente, se torna o diferencial nos dias atuais.
Fazendo uma analogia dentro do ambiente da organização, no nível operacional, os trabalhadores conhecem apenas a técnica para exercer sua função, mas não são capazes de gerenciar os outros ou ensinar como fazer seu trabalho. Um bom administrador conhece essa técnica e também pode guiar estes trabalhadores para um desempenho mais satisfatório. Aristóteles valorizava muito os indivíduos que dominavam mais de um saber, e afirmava que a maioria destes eram filósofos.
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