O CORONELISMO E MANDONISMO NO BRASIL DE HOJE?
Por: Carlos Junior • 7/11/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 4.563 Palavras (19 Páginas) • 255 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS
CARLOS JOSÉ DA SILVA JÚNIOR
CORONELISMO E MANDONISMO NO BRASIL DE HOJE?
VARGINHA
2017
CARLOS JOSÉ DA SILVA JÚNIOR
CORONELISMO E MANDONISMO NO BRASIL DE HOJE?
Trabalho de Conclusão de Piepex apresentado como parte dos
Requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciência e
Economia pela Universidade Federal de Alfenas campus Varginha.
Orientador: Professor Dr. Luciano Cavini Martorano.
VARGINHA/MG
2017
SUMÁRIO
RESUMO..........................................................................................................................................4
- INTRODUÇÃO.........................................................................................................................5
- O MANDONISMO SEGUNDO VICTOR NUNES LEAL....................................................5
- O MANDONISMO PARA MARIA ISAURA PEREIRA DE QUEIROZ............................7
- RELAÇÃO TRATADA ENTRE OS DOIS AUTORES.........................................................9
- MANDONISMO: UM TEMA ATUAL?................................................................................11
- A PERSISTÊNCIA DE UM FENÔMENO............................................................................13
- CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÃO...................................................................14
- REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO....................................................................................16
RESUMO
Falando a respeito do coronelismo desde sua origem, o objetivo deste trabalho é, primeiramente, apresentar a sua característica principal, o mandonismo, de acordo com a visão de dois renomados autores: Victor Nunes Leal e Maria Isaura Pereira de Queiroz. Em seguida, é apresentado como as ideias principais de cada autor convergem em suas descrições e pontos de vista. Além disso, este trabalho também tem o objetivo de mostrar que, apesar de estarmos numa época distante da época dos coronéis, o mandonismo ainda se faz presente no Brasil atual, em alguns casos de governosem cidades do interior do país. Assim sendo, é discutido como ainda se nota características políticas herdadas do passado e como está a situação atual em pontos isolados da política nacional.
Palavras-chave:mandonismo, coronelismo, política.
1. INTRODUÇÃO
Na história do Brasil, quando se fala em “coronel”, automaticamente vem em nossa mente o período político que o país teve em seus primórdios, remetendo à época do coronelismo. Naquele tempo, coronel era o latifundiário que, por sua forte influência apoiada na posse deextensas porções de terra, exercia um intenso poder político nos municípios, mesmo não sendo uma autoridade oficial. Assim sendo, sua autoridade e poder numa determinada região podia, até mesmo, ser maior que a do governo oficial nacional e, deste modo, uma das características desse período histórico ficou marcada pelo coronelismo e mandonismo local.
Tendo em vista os aspectos da história brasileira, Antônio Carlos Olivieri (2007) resume os principais tópicos relacionados à origem do coronelismo. Segundo ele, o ato de dividir o Brasil nas capitanias hereditárias e o aparecimento dos donatários fez com que surgissem as bases do coronelismo, se relacionando diretamente com a própria colonização do território brasileiro. O autor ainda explica que esses grandes latifundiários exerciam poderem quase que absolutos nas áreas que viviam e que isso se tornou um poder de direito com a criação da Guarda Nacional, criada com o intuito de defender a constituição e o Império do Brasil levando em consideração dinheiro, influência e interesses privados.
Com o decorrer do tempo, Olivieri ainda ressalta que tornar-se um coronel, era sinônimo de possuir prestígio político e uma grande quantidade de dinheiro, já que o título era adquirido em troca de pagamento. Dessa forma, era oficializado o poder oligárquico por direito, uma vez que o governo central oferecia respaldo para tal. Como a Proclamação da República no ano de 1989, a então criada Guarda Nacional foi perdendo seu espaço, até seu prestigio desaparecer completamente em 1922, quando foi desmobilizada. Apesar de essa organização deixar de existir, a figura do coronel continuou a fazer parte da política brasileira.
2. O CORONELISMO SEGUNDO VICTOR NUNES LEAL
No período conhecido como República Velha, de 1889 até 1930, o cenário político nacional era fortemente caracterizado por um regime representativo em um ambiente em que as estruturas sociais e econômicas eram inadequadas para tal sistema – apesar da Proclamação da República com o objetivo do “voto popular”, o poder político ainda ficou nas mãos de quem já era a elite da época. O coronelismo, como ficou conhecido, é definido por Victor Nunes Leal (1975) comuma vida política, no interior do país, comandada por elites baseadas no poder de posse de terras. Naquela época, o proprietário de terras e líder da vida política nos municípios (o coronel) exercia o papel de controlador da população, majoritariamente rural, fazendo com que houvesse intensa barganha política por conta dos votos. Como resultado de talmodelo de funcionamento da política estadual e local, são notórias a constituição e a manifestação do poder privado e sua coexistência com o regime político representativo.
Levando em consideração a estrutura agrária do país na época, pode-se definir o Brasil como uma nação com grande parte dos territórios concentrados nas posses de um número reduzido de pessoas. Tal característica permite explicar os traços daquele período político. Ainda para Leal, o coronelismo pode ser identificado, e ainda definido, com o compromisso entre o poder público e os chefes locais, já que, com a autoridade e poder dos coronéis, o poder público se sustentava pelo controle de votos. As características mais marcantes desse compromisso eram, por sinal, as “regalias”, realização de melhorias nos municípios e prestação de favores pessoaisaos coronéis, por parte dos políticos em troca do voto de cabresto da população rural. A fraca situação dos municípios, aliada à falta de recursos de desenvolvimento, contribuíam para os municípios dependerem dos governos estaduais, ao passo que estes se viam numa situação confortável de permanência governamental. O autor da obra corrobora e explica a situação apresentada pela seguinte passagem:
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