O Departamento de Ciências Administrativas
Por: sadinsandojad • 21/8/2024 • Dissertação • 677 Palavras (3 Páginas) • 40 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
Departamento de Ciências Administrativas
Curso de Graduação em Administração – Relações Do Trabalho E Negociação - Turma B
Profª Claudia Sirangelo Eccel
Aluno: Felipe Birnfeld Schneider Matrícula Nº: 325741 Data: 28/07/2024
“Que Horas Ela Volta?”
O filme "Que Horas Ela Volta?" traz à tona temas essenciais relacionados ao trabalho, gênero, raça e classe social, evidenciando preconceitos enraizados na sociedade atual. Conhecemos em primeiro plano Val, uma empregada doméstica que se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha, Jéssica. Val trabalha e mora na casa de seus patrões, em São Paulo. A dinâmica de poder entre Val e seus empregadores não se limita à esfera profissional; ela ecoa os desequilíbrios de gênero, raça e classe que estão presentes na sociedade brasileira. Essas interações complexas demonstram como as relações sociais são interdependentes e como a desigualdade estrutural afeta as experiências e identidades dos indivíduos, conforme discutido por HIRATA (2014).
É essencial contextualizar o enredo do filme dentro das transformações econômicas pós-Plano Real de 1994. A estabilidade econômica trazida pelo plano resultou em mudanças significativas no mercado de trabalho, com a diminuição do emprego industrial e o aumento da informalidade (Cacciamali e Britto, 2003). Essa reestruturação social não apenas precarizou o trabalho, mas também escancarou as disparidades socioeconômicas, levando a migrações internas em busca de melhores oportunidades, um fenômeno exemplificado pela jornada de Val em busca de sustento para sua família, e por Jessica em busca de um futuro melhor.
Ao explorar as perspectivas de futuro de Val e Jéssica, o filme revela as profundas disparidades sociais e culturais presentes na sociedade brasileira. Enquanto Val demonstra a resignação diante das estruturas de poder estabelecidas, Jéssica desafia ativamente essas normas, buscando superar as barreiras sociais e raciais que limitam suas oportunidades de crescimento. A presença do professor de história na vida de Jéssica simboliza a importância da educação como um meio de quebrar os obstáculos sociais e expandir horizontes.
A narrativa do filme expõe os preconceitos e discriminações presentes nas relações de emprego, revelando os nuances da discriminação que permeiam a sociedade. Desde a distinção de classe evidenciada, por exemplo, pelo tipo de sorvete para cada pessoa até a metáfora dos "ratos" infectando a piscina, o filme lança luz sobre as formas sutis e explícitas de discriminação.
Um ponto marcante da narrativa, é o pedido de casamento proposto pelo patrão de Val a Jéssica, o qual destaca a interseção entre abusos no ambiente de trabalho e na esfera pessoal. Essa transgressão dos limites profissionais para a esfera íntima revela como as relações de poder podem facilmente ser perpetuadas em outros contextos, violando a dignidade dos indivíduos.
No culminar do filme, a conquista de Jéssica no vestibular ressalta novamente a importância da educação como ferramenta de transformação social, capaz de romper com padrões estabelecidos e abrir novos horizontes para aqueles que historicamente foram marginalizados. Fazendo uma analogia ao vídeo do “Jogo do privilégio”, a sociedade deve ser direcionada a um contexto no qual os pontos de partidas sejam mais equalitários e onde o esforço pessoal seja reconhecido e valorizado acima de privilégios hereditários ou de posição social.
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