O Monge e o Executivo
Por: Marleno_1979 • 10/6/2016 • Trabalho acadêmico • 2.420 Palavras (10 Páginas) • 574 Visualizações
CAPÍTULO QUATRO
O VERBO
Ao adentrar neste capítulo o autor utilizou esta frase para falar um pouco sobre amor.
Não tenho necessariamente que gostar de meus jogadores e sócios, mas como líder devo amá-los. O amor é lealdade, o amor é trabalho de equipe, o amor respeita a dignidade e a individualidade. Esta é a força de qualquer organização. – VINCE LOMBARDI. (HUNTER, James C., 2004, p. 75)
Neste capítulo será dedicado a palavra “amor” na sua essência, a qual o autor tenta encontrar a sua origem, destacando uma delas “[...] os gregos usavam o substantivo agapé e o verbo correspondente agapaó para descrever um amor incondicional, baseado no comportamento com os outros, sem exigir nada em troca. É o amor da escolha deliberada.” (HUNTER, James C., 2004, p 79). Portanto, para o autor, o amor possui relação direta com comportamento e não com sentimentos. Ele argumenta que esses sentimentos não estão sujeitos ao controle. As pessoas simplesmente sentem. As emoções mexem com uma série de manifestações fisiológicas, a partir da produção de diversas substâncias que interferem no funcionamento e na dinâmica do organismo.
Diante disso, Hunter (2004) constata que, a despeito da falta de domínio sobre o que sente em relação aos outros, o ser humano pode escolher como se comportar, independentemente dos seus sentimentos. Essa premissa básica leva o autor a ampliar o conceito de amor. Amor ágape é “paciência, bondade, humildade, respeito, generosidade, perdão, honestidade, compromisso.” (HUNTER, James C., 2004, p. 81). Ele destaca que nenhum dos elementos listados possui relação direta com sentimentos, mas que cada item representa, na verdade, formas distintas de comportamentos.
Dentro dessa perspectiva, existe uma dificuldade inerente à configuração apresentada pelo autor: como manifestar, em situações de conflito e desestruturantes, comportamentos distantes dos sentimentos? Para o autor, o desafio maior do líder está em conseguir dar conta desse dilema sem perder a espontaneidade. Inicialmente, essa condição parece paradoxal. No entanto, ele acredita na transformação do indivíduo por meio da práxis, ou seja, os sentimentos podem nascer a partir do comportamento.
A primeira palavra utilizada para definir o amor é a paciência. Hunter (2004) define como sendo a capacidade de demonstrar autocontrole. Entretanto, empregar a expressão controle dos impulsos, tendo em vista que em situações extremas de conflito, o líder precisa saber lidar com suas emoções. O autor pontua que se o líder reagir em função desses impulsos, muito provavelmente tomará atitudes inadequadas diante de seus liderados, demonstrando descontrole e agressividade.
O líder deve ser exemplo de bom comportamento para os jogadores, as crianças, os empregados, ou quem quer que esteja liderando. Se o líder gritar ou perder o controle, podem estar certos de que o time também perderá o controle e tenderá a agir de forma irresponsável. (HUNTER, James C., 2004, p. 82)
Ademais, “O líder tem o dever de fazer com que as pessoas se responsabilizem por suas tarefas, apontando suas deficiências. No entanto, há várias maneiras de fazer isso, sem ferir a dignidade dos outros.” (HUNTER, James C., 2004, p. 83). Diante disso, a paciência contribui enormemente para que a liderança “[...] crie um ambiente seguro, em que as pessoas possam cometer erros sem terem medo de ser advertidas de forma grosseira, aos berros.” (HUNTER, James C., 2004, p. 82).
A segunda palavra é bondade. Hunter (2004) define como sendo a habilidade de prestar atenção nos outros e, a partir disso, apreciar e incentivar as características que se apresentam. Ele cita uma história extremamente interessante que sugere a dimensão da importância desse aspecto no âmbito das organizações:
“[...] há muitos anos um pesquisador de Harvard, chamado Mayo, queria demonstrar numa fábrica da Western Eletric, em Hawthorne, New Jersey, que havia uma relação direta e positiva entre a melhoria das condições de trabalho e sua produtividade. Uma das experiências consistiu simplesmente em aumentar as luzes da fabrica. Constataram que a produtividade dos trabalhadores aumentou. Quando estavam se preparando para continuar a estudar outra faceta do ambiente de trabalho, inadvertidamente os pesquisadores diminuíram as luzes para não misturar as variáveis. [...] a produtividade dos trabalhadores continuou aumentando! Portanto, o aumento da produtividade não foi causado pelas lâmpadas mais fortes e mais fracas, mas por alguém estar prestando atenção às pessoas. Isso ficou conhecido como efeito Hawthorne.” (HUNTER, James C., 2004, p. 84).
A bondade possui um espaço especial na descrição que o autor faz do líder servidor. Cabe reiterar, no entanto, que mais uma vez ele não se refere a sentimentos. Ele considera a bondade pelo viés comportamental. Além disso, Hunter (2004) cita o poder da gentileza, que costuma fazer muita diferença no cotidiano dos relacionamentos em quaisquer níveis.
Outro aspecto a ser ressaltado, e que o autor associa à bondade, é a extrema importância da capacidade de ouvir do líder. A situação a seguir retrata um momento bastante intenso vivido pelos personagens principais da história:
[...] Podemos manifestar bondade, uma das qualidades do amor, independentemente dos nossos sentimentos por alguém. Como já dissemos, amor não é como nos sentimos a respeito dos outros, mas como nos comportamos com os outros. Deixe-me ler o que George Washington Carver disse sobre a bondade: "Seja bom com os outros. A distância que você caminha na vida vai depender da sua ternura com os jovens, da sua compaixão com os idosos, sua compreensão com aqueles que lutam, da sua tolerância com os fracos e os fortes. Porque algum dia na vida você poderá ser um deles. (HUNTER, James C., 2004, p. 84).
O autor pontua que o bom ouvinte consegue sair da sua perspectiva com mais facilidade. Afinal de contas, como possui uma escuta sensível e atenta, o líder empático conhece a forma como o outro pensa e quais são os seus esquemas conceituais. Por conta disso, possui elementos suficientes para antever como se sentiria numa situação se estivesse no lugar do outro. Portanto, a capacidade de enxergar e sentir, a partir de uma perspectiva diferente da sua, é uma característica imprescindível para quem pretende exercer a liderança servidora.
A terceira palavra é humildade. diz que a marca principal deste conceito é a autenticidade, destituída de pretensão, orgulho ou arrogância. O autor chama a atenção para esta definição, pois as pessoas tendem a distorcê-la. Ser humilde não significa ser passivo ou modesto, mas representa uma
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