O Pós Assédio Moral
Por: Ericka Nayara • 17/8/2021 • Projeto de pesquisa • 289 Palavras (2 Páginas) • 156 Visualizações
Trabalho há dez anos como servidora pública e durante seis anos sofri nas mãos do meu chefe. Perdi as contas de quantas vezes fui humilhada, perseguida, ameaçada e desrespeitada. Minhas opiniões eram sempre menosprezadas; reuniões eram marcadas sem que eu tivesse conhecimento prévio da pauta de discussões. Maledicência com o meu nome e uso de termos chulos eram frequentes. Inúmeras vezes tive de engolir um ‘o que você está pensando?’ seguido de ‘quem manda aqui sou eu’. Depois de ser caluniada e difamada, fui penalizada com uma transferência para uma unidade que ficava a quase duas horas da minha casa (antes eu levava dez minutos para chegar ao trabalho). Minha vaga foi ocupada por uma pessoa que, apesar de menos competente, era amiga do chefe. Fui rebaixada de cargo, fiquei na geladeira e minha pasta foi praticamente esvaziada. Busquei, em vão o apoio do chefe-geral, mas ele sugeriu, em outras palavras, que a incomodada se retirasse. Minha autoestima foi a zero. Senti-me um nada, um ‘Zé Ninguém’, apesar da minha formação superior, da minha pós-graduação e dos cursos que fiz ao longo da carreira. Cheguei a acreditar que o problema era comigo e duvidei totalmente da minha capacidade. Isso, claro, refletiu-se na minha vida pessoal. Tornei-me uma pessoa nervosa e descarregava todas as minhas angústias nos meus familiares. Muitas doenças apareceram nesse meio tempo. Engordei muito, tive depressão e síndrome do pânico. Temia que algo pior pudesse acontecer, mas nunca apresentei um atestado médico, porque era ameaçada de demissão constantemente. O circo de horror durou muito tempo e, por fim, joguei a toalha. Era isso ou ficar seriamente doente. Tive de deixar para trás um ideal de vida para que pudesse ter paz e saúde. (Debora Souza, servidora pública).
...