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O Poder Nas Organizações

Por:   •  25/3/2020  •  Projeto de pesquisa  •  3.593 Palavras (15 Páginas)  •  150 Visualizações

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Capítulo 12: Poder nas Organizações.

Quando se trata de poder há várias definições que podem ser dadas por estudiosos ao longo da história, é difícil conceituá-lo e compreendê-lo por este motivo, porém nas pesquisas não só sua complexidade é levada em consideração, mas principalmente sua dimensão negativa que pode ser descrita "uma perspectiva comportamental, descrevendo a imposição da vontade de uns perante a vontade de outros, mesmo que esses outros sejam contrariados, ou ainda, a tônica no desejo de poder como próprio da natureza humana, levando a uma miserável condição de vida humana, uma vez que só estimula um estado de tensão constante e de luta permanente". O poder também é usado para a dominação de classes onde a classe com mais poder faz os com menos trabalharem por capital. Assim, o poder é concebido como coerção, repressão, manipulação, dominação, muitas vezes utilizando um discurso que legitima práticas sociais eivadas de crueldade, por vezes disfarçadas e sutis.

Em uma abordagem de psicologia social, o trabalho de Apfelbaum (1979), que analisa o poder entre grupos dominantes e subordinados, salientando esse aspecto negativo do poder, é um exemplo de como tantos outros autores enfocam o fenômeno. Para a autora, o grupo dominante cria um padrão mítico e uma expressão de homogeneidade social que satisfaz a todos, inclusive aos subordinados. Mas, depois de incorporarem esses papéis universais, de homogeneidade grupal, os subordinados perdem os meios de reação que preservam suas normas e padrões como grupo. Dessa forma, a necessidade de poder do grupo de subordinados decresce.

Para negar a existência dessas práticas exclusionárias, os dominadores mantêm a ilusão de que a mobilidade social existe no grupo, e, por isso, alguns subordinados são beneficiados com uma aparente mobilidade de posição de poder, porém pode haver um momento o qual o grupo subordinado recupera sua identidade e escapa da dominação.

O exemplo dado por Apfelbaum pode ser usado para contextualizar o ambiente organizacional onde há um jogo de poder e manipulação. No entanto há uma outra perspectiva a qual valoriza o movimento da libertação dos subordinados e caráter construtivo, nesta visão caso o grupo dominante não atenda as expectativas e necessidades dos subordinados, os mesmos podem confrontar o grupo dominante pois possuem objetivos pessoais e individualidades. A estratégia usada usada pelo grupo dominante que antes era efetiva pois em uma cenário homogêneo todos possuem opiniões similares já não é mais efetiva neste cenário pois há uma variação maior de respostas que eles obterão deste grupo de pessoas, alguns podem ter respostas negativas e outros positivas, haverá as chances deles receberem uma resposta de indignação de um grupo grande.

O poder para alguns estudiosos como Handy pode ser assimétrico, mas nunca unilateral. Dizemos então que o poder em si não pode ser positivo ou negativo pois tudo depende das formas que ele será usado.

O pouco conhecimento sobre o assunto "poder" tem sido apontado como motivo para a falta de habilidade dos membros das organizações para exercer os mesmos, é preciso compreender o poder para que possam compreender a dinâmica do funcionamento organizacional pois este ambiente precisa que seus membros coordenem seus subordinados para garantir o sucesso da organização.

PRINCIPAIS MARCOS TEÓRICOS.

Os primeiros estudos sobre poder surgem relacionados ao estado, em uma dimensão política, os teóricos que conceitualizam o poder foram Hobes, Maquiavel, Hume, Mac Webber, Dhal, Bacharach e Baratz, Luke e Foucault.

Hobbes (1988), ao fazer a análise do poder, considera a perspectiva do poder maior: o poder estatal. O autor afirma que há uma inclinação geral de todo ser humano para um perpétuo e incessante desejo de poder cada vez maior, que só cessa com a morte. O poder é definido como o conjunto dos meios que são empregados para obter uma aparente vantagem futura. O estado natural é o estado de guerra de todos contra todos. Essa guerra só cessa quando um poder comum – o poder maior composto pelos poderes de vários homens, unidos por consentimento em uma entidade só, ou seja, o poder estatal – mantém todos subjugados. Na realidade, na visão do autor, o que impulsiona o homem contra o homem é o inesgotável desejo de poder.

Hume (1963) acrescenta a noção de regularidade aos estudos sobre poder, o que acarreta a visão de causalidade, em que o poder se insere em uma perspectiva de reação à ação causal de um iniciador. Max Weber (1991) também trabalha com a noção de regularidade, enfatizando o conceito de dominação, que é utilizado pelo autor para substituir o conceito de poder, na medida em que este é considerado sociologicamente amorfo – muito ambíguo e suscetível a qualquer situação. A burocracia constitui instrumento de exercício da dominação nas organizações, que ocorre por meio das normas.

Outros autores acrescentam inovações aos postulados de Hobbes (1988) e Hume (1963). Russel (1986) estabelece uma ligação entre poder e intencionalidade. O poder pode ser definido como a produção de efeitos intencionais envolvendo dois atores. Seguindo essa linha, Dahl (1957) acrescenta que A tem poder sobre B na extensão em que influencia B a fazer algo que não faria em outras circunstâncias. O autor adota uma concepção pluralista de muitas arenas para o exercício do poder, bem como uma grande variedade de iniciativas e reações das pessoas

nelas envolvidas. Segundo ele, várias arenas – espaços de luta – e vários recursos são disputados.

Bacharach e Baratz (1979) afirmam que muitos investigadores do poder partem do pressuposto enganoso de que o poder e seus correlatos são elementos ativos que só podem ser observados em situações de tomada de decisão.

Luke (1980) afirma que o cerne comum e absolutamente básico, ou a primitiva noção subjacente a toda questão sobre o poder, é a noção de que A, de alguma maneira, afeta B de modo significativo. Esse modo significativo inclui a noção de interesses contrários na concepção de poder: A exerce poder sobre B, quando A afeta B de um modo contrário aos interesses de B. Seu foco principal de análise do poder está na noção de interesses.

Maquiavel e Foucault usam uma concepção que se baseia na análise das estratégias de exercício e manutenção do poder, quando são observados os movimentos das pessoas envolvidas na rede de influência. O autor propõe que o poder deve ser compreendido como um fenômeno que envolve uma rede capilarizada, um encadeamento de poder. Poder não é algo que se tem, mas algo que se exerce, é efêmero e passa pelas pessoas.

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