O Toyotismo
Por: Débora Alves Dias Bicalho • 19/5/2017 • Resenha • 1.834 Palavras (8 Páginas) • 1.019 Visualizações
2. DESENVOLVIMENTO
A partir dos anos setenta, a hegemonia dos sistemas de gestão taylorismo/fordismo no mundo industrial tem sido desafiada pela crescente economia japonesa. Este fato é interligado aos métodos de produção e à forma de organização do trabalho dominante nas companhias dos países industrializados ocidentais. Este trabalho investigará dois pontos da questão: a ascensão e queda dos "Sistema Taylorista e Fordista" e o nascimento e as características do "Sistema Toyota". Pretende-se, ao final do trabalho, ter produzido uma visão geral sobre o processo de transformação e reestruturação da indústria nos últimos tempos.
O Toyotismo é o modelo de produção desenvolvido pelos japoneses Taiichi Ohno, Eiji Toyoda e Shingeo Shingo foi implantado nas fábricas de automóveis Toyota após o fim da Segunda Guerra Mundial, de onde vem o seu nome. Nessa época, o novo modelo era ideal para o cenário japonês, ou seja, um mercado menor, bem diferente dos mercados ocidentais, que utilizavam os modelos de produção Fordista e Taylorista.
A partir dos anos 70, em meio a uma crise de capital, o modelo Toyotista, espalhou-se pelo mundo. A ideia chave era produzir somente o necessário, diminuindo os estoques e minimizar os desperdícios, produzindo de acordo com sua demanda e com máxima qualidade, trocando a padronização pela variedade e produtividade.
A partir da crise capitalista dos anos 70 que atinge os paises industriais mais desenvolvidos, instaurou-se um novo regime de acumulação do capital, a acumulação flexivel, que tendeu a disseminar-se pelo mundo capitalista nas décadas de 1980 e 1990 (HARVEY, 1992)
As relações de trabalho também foram mudadas, pois o trabalhador deveria se tornar mais qualificado, participativo e multifuncional. O dispositivo de regulação desta gestão total se deu pela padronização das tarefas, que foram otimizadas através do método de kanban. Ele viabilizou a sincronização do just-in-time e autonomização das operações, conferindo maior flexibilidade às operações.
A flexibilidade também foi transferida para a força de trabalho, já que a operacionalização do kanban deve contar com a iniciativa e multifuncionalidade do operário para ser corretamente ajustado e seguido a tempo de evitar o desperdício. Entretanto, a “autonomia” humana deveria ser “capturada” e controlada sempre no limite de sua possibilidade de transferência para as máquinas. “A mente industrial extrai conhecimento do pessoal da fabricação, dá o conhecimento às máquinas que funcionam como extensões das mãos e pés dos operários, e desenvolve o plano de produção para toda a fábrica” (OHNO, 1997, p. 65).
É importante evidenciar que o toyotismo tende a se distinguir do taylorismo e do fordismo, pois inclui novas determinações concretas, de caráter organizacional, institucional e tecnológico, que buscam promover um salto qualitativo na forma de inclusão real do trabalho ao capital. Na verdade, tanto o fordismo quanto o toyotismo seriam formas organizacionais da grande indústria e, portanto, da inclusão real do trabalho ao capital. Só que enquanto no taylorismo, teríamos e no fordismo teríamos uma inclusão material, no toyotismo teríamos uma disposição a ter uma inclusão espiritual do trabalho ao capital. Deste modo, diferentemente do fordismo, o toyotismo reconstitui, no interior da grande indústria, o que era fundamental na manufatura: o “velho nexo psicofísico do trabalho profissional qualificado – a participação ativa da inteligência, da fantasia, da iniciativa do trabalho” (Gramsci). É por isso que o toyotismo tende a exigir, para o seu desenvolvimento como nova lógica da produção capitalista, novas qualificações do trabalho que articulam habilidades cognitivas e habilidades comportamentais. Tais novas qualificações tendem a serem imprescindíveis para a operação dos novos dispositivos organizacionais do toyotismo e da sua nova base técnica (a automação flexível). São elas que compõem a nova subsunção real do trabalho ao capital.
“Não nos parece que o ‘toyotismo’ tenha significado, do ponto de vista dos trabalhadores, um avanço em direção ao domínio do processo produtivo. Isso por vários motivos: (...) as contrapartidas do ‘toyotismo’ inscrevem-se claramente numa estratégia de cooptação dos operários para participação nos objetivos da empresa; (...) precarização das condições de trabalho e o desemprego estrutural para contingentes cada vez maiores da força de trabalho. Mesmo para os trabalhadores que estão empregados pelas empresas centrais, o que se observa é a extensão da jornada de trabalho e uma pressão contínua” (MARCELINO, 2004, p. 114-115).
“Em lugar do trabalho desqualificado, o operário é levado à polivalência. Em vez da linha individualizada, ele integra uma equipe. No lugar da produção em massa, para desconhecidos, trabalha um elemento para satisfazer a equipe que vem depois da sua na cadeia. Em suma, o ‘toyotismo’ elimina, aparentemente, o trabalho repetitivo, ultra simplificado, desmotivante, embrutecedor” (GOUNET, 1999, p. 33).
O desenvolvimento capitalista nos últimos trintas anos, ocorreram transformações significativas nas diversas instâncias no setor social, com um grande destaque para o mundo do trabalho e da reprodução social. O toyotismo, traz ideologia orgânica da nova produção capitalista, esse foi o momento mais importante da reestruturação produtiva do capital. Sob o toyotismo, tende a constituir-se, pelo menos como uma promessa frustrada do capital. Esta constitui-se como um elemento da nova disposição sócio-subjetiva instaurada pelo toyotismo que caracteriza uma nova experiência do corpo, tanto no processo de trabalho quanto no processo sócio-reprodutivo.
“Nos pós grandes indústria não desaparece a subordinação material do trabalho ao capital. Ao contrário, se restabelece uma nova oposição entre o indivíduo e o processo material, o que implicaria considerar o surgimento de um novo estranhamento. A subsunção real do trabalho ao capital assumiria um novo sentido - é a subordinação formal- intelectual” (ou espiritual, p. 71).
Na reformulação de linha de produção e premidos pelas limitações ambientais, Toyoda e Ohno desenvolveram uma série de inovações técnicas que possibilitavam uma dramática redução no tempo necessário para alteração dos equipamentos de montagem. Assim, modificações nas características dos produtos tornaram-se mais simples e rápidas. Isso levou
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