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PRÁTICA PEDAGÓGICA EM AMBIENTES EDUCACIONAIS MULTICULTURAIS

Por:   •  20/2/2016  •  Projeto de pesquisa  •  1.836 Palavras (8 Páginas)  •  530 Visualizações

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Faculdade Anhanguera de Anápolis

EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE – Profa. Valnete Amorim

Prática Pedagógica em Ambientes Educacionais Multiculturais

Neste tema, você estudará a Prática Pedagógica em Ambientes Educacionais Multiculturais. Levar em consideração o multiculturalismo na educação exige mudanças no comportamento do professor em sala de aula em que precisa estar adequadamente preparado para atender a esta demanda. Moreira e Candau (2011) afirmam que (práticas pedagógicas) isto já vem acontecendo com muito mais frequência que o suposto.

Um ambiente educacional multicultural é aquele em que todos são considerados como iguais, é um local onde todos são tratados da mesma forma, não deveria existir nenhum tipo de preconceito ou discriminação derivada de quaisquer diferenças causadas por crença, raça, cor, mito, cultura. “O saber ambiental questiona todas as disciplinas e todos os níveis do sistema educacional. A formação ambiental implica assumir com paixão e compromisso a criação de novos saberes e recuperar a função crítica e prospectiva do conhecimento [...] e discutir os métodos tradicionais de ensino, colocando novos desafios à transmissão do saber, em que existe uma estreita relação entre pesquisa, docência, [discência, cultura] difusão e extensão do saber. A educação ambiental [multicultural] exige, pois, novas atitudes dos professores e alunos, novas relações sociais para a produção do saber (...) e, novas formas de inscrição da subjetividade nas práticas pedagógicas”. (LEFF, 2001, p. 220-221)

Um ambiente multicultural tira o foco do professor e o coloca sobre o aluno e suas necessidades e diferenças. 

É importante compreender que “A escola como instituição está construída tendo por base a afirmação de conhecimentos considerados universais, uma universalidade muitas vezes formal que, se aprofundamos um pouco, termina por estar assentada na cultura ocidental e europeia, considerada como portadora da universalidade” (MOREIRA; CANDAU, 2011, p. 33). Isso porque ela se fundamenta na visão e conceituação do colonizador.

A educação multicultural leva para a sala de aula assuntos amplamente expostos pela mídia, tais como: gênero, sexualidade, religiões afro, homossexualidade. Todos presentes no dia a dia, mas raramente são trabalhados em sala de aula como instrumentos de debates que venham a promover na sociedade, um novo olhar sobre o outro e suas diferenças; é essa “quebra” de padronização ou perpetuação que o multiculturalismo propõe. É uma exigência multicultural que, simplesmente, não aceita de forma passiva o universalismo, fruto da colonização do europeu. É a importância desta compreensão que determinará a mudança do ambiente da sala de aula, porque “exige desvelar o caráter histórico e construído dos conhecimentos escolares e sua íntima relação com os contextos sociais em que são produzidos. Obriga-nos a repensar nossas escolhas, nossos modos de construir o currículo escolar e nossas categorias de análise da produção dos nossos alunos/as” (MOREIRA; CANDAU, 2011, p. 33). “A problemática das relações entre a diversidade cultural e o cotidiano escolar constitui, portanto, um tema de especial relevância para a construção de uma escola verdadeiramente democrática hoje.”

A ambientação multicultural precisa ser um lugar no qual se desenvolve a sensibilidade desta pluralidade e de seus valores culturais, e que, ainda, possa trabalhar com o propósito de recuperar os valores culturais ameaçados de desaparecimento, por exemplo: a cultura indígena.

A ambientação multicultural também pode trabalhar valores mal compreendidos e, neste caso específico, pode-se tomar, como exemplo: a questão racial.

Como você pode ver é uma proposta de trabalho ampla e diversificada que visa combater, instruir e corrigir as injustiças cometidas contra minorias, levando os alunos à compreensão e a obtenção de uma nova ótica do que realmente aconteceu; diante de uma nova construção de conceito, isto poderá promover mudança social.

Compreender e conhecer as injustiças que foram cometidas sob a perspectiva do oprimido, significa oferecer uma nova oportunidade de conhecimentos sobre o fato, e com essa nova compreensão somado ao apoio da comunidade, conceitos antigos serão transformados, é como diz Moreira: “ajudar os que foram excluídos não é mais uma tarefa humanitária. É do próprio interesse do Ocidente: a chave de sua segurança”. (BECK, 2001, p. 4).

O ambiente multicultural possibilita o conhecimento do outro e permite o dialogo entre os diferentes grupos sociais e culturais que foram silenciados por décadas nas escolas. Segundo Walsh é um “Um intercâmbio que se constrói entre pessoas, conhecimentos, saberes e práticas culturalmente diferentes, buscando desenvolver um novo sentido entre elas na sua diferença; espaço de negociação e de tradução onde as desigualdades sociais, econômicas e políticas, e as relações e os conflitos de poder da sociedade não são mantidos ocultos e sim reconhecidos e confrontados” (MOREIRA;CANDAU, p 23).

Essa transformação não é consequência das novas tecnologias, mas da capacidade que a escola tem de proporcionar diálogos com os diferentes, com as diferentes culturas e mudanças culturais presentes no contexto social onde ela se integra. “A escola é concebida como um centro cultural em que diferentes linguagens e expressões culturais estão presentes e são produzidas”. (MOREIRA; CANDAU, 2011, p. 34).

O Livro-Texto narra a experiência de um ambiente escolar que teve como proposta de trabalho, durantes as aulas de leitura, a maneira como poderiam contribuir para a reconstrução das visões de raça, gênero e sexualidade dos alunos. O trabalho realizado seguiu os seguintes passos: seleção da turma com alunos de maior faixa etária, esse fato ajudou na discussão dos assuntos, sala com menos alunos que facilitou as discussões, foram realizados doze encontros com 60 minutos cada um, que funcionaram da seguinte forma: primeiramente, foi feita uma introdução sobre a temática da pluralidade cultural, neste primeiro momento, foi feito um exercício para que os alunos percebessem o “arco-íris de diferenças” presentes no contexto a ser trabalhado; e nos encontros que se seguiram o foco foi a “raça negra”, depois novos assuntos, foram igualmente trabalhados, como gênero e sexualidade.

O aspecto mais interessante desta intervenção foi a prática do discurso e letramento, pois segundo Moreira e Candau (2011, p. 57): “Aquilo que os sujeitos dizem aos outros e aquilo que lhes dizem têm papel central em sua formação”, ainda, “um traço da natureza social do discurso é ‘o fato de que ao mesmo tempo em que levamos em consideração a alteridade quando se engaja no discurso, também se pode alterar o outro e o outro pode modificar” (MOREIRA; CANDAU, 2011, p.57), dessa forma, as práticas de letramento, leitura e discussão de textos, são por excelência ideais para provocar e promover a interação entre autor-leitor e entre diferentes leitores, como um recurso de reconstrução de sujeitos. A prática de letramento é um interessante instrumento de trabalho em um ambiente multicultural, pois a partir dele é possível levar o aluno à reflexão e mudança de pensamento.

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