Projeto Integrado - Russia

CAPÍTULO 1: Aspectos da Globalização.

Antes mundo era pequeno

Porque Terra era grande

Hoje mundo é muito grande

Porque Terra é pequena

Do tamanho da antena

Parabolicamará

Antes longe era distante

Perto só quando dava

Quando muito ali defronte

E o horizonte acabava

Hoje lá trás dos montes

dendê em casa camará

(Gilberto Gil – Parabolicamará)

Quando Luís Vaz de Camões (2001) narrou em sua epopeia, Os Lusíadas, a saga do povo português em viagem com Vasco da Gama em busca de novas terras, conhecidas como Índia, com a finalidade de estabelecer trocas comercias, certamente não se dava conta de que tal marco da literatura de língua portuguesa e mundial descreveria o início do que hoje conhecemos como globalização por meio do comércio exterior ultramarino.

De fato, a economia mundial nasceu na Europa. Quando as grandes navegações, encabeçadas pelas monarquias ibéricas no século XV, conseguiram ultrapassar o Gigante Adamastor – Cabo da Boa Esperança – e chegaram ao destino final em busca das especiarias indianas, toda a Europa deu-se conta que “tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador, tem que passar além da dor”. (PESSSOA, 2013)

No século XX, mediante ao processo globalizador, o mundo percebeu que o “Bojador” está logo ali e que, segundo Ianni (1999, p.13), “a terra mundializou-se”, sobretudo, na medida em que se descobriu que a terra tornou-se um “território no qual todos encontram-se relacionados e atrelados”, deixando de ser apenas um “conglomerado de nações, sociedades nacionais, Estados-nações, em suas relações de interdependência, dependência, colonialismo, imperialismo, bilateralismo, multilateralismo.”

A globalização também é percebida como uma forma de continuidade da expansão do modo de produção capitalista, sobretudo no período pós Primeira e Segunda Guerra e reafirmado com o fim da Guerra Fria. O processo de globalização diz respeito ao aumento da interdependência entre os povos, o que resultaria no desaparecimento das fronteiras nacionais e na formação de uma economia globalizada. Ou seja, um mundo onde as forças do mercado global prevaleceriam sobre as políticas dos Estados nacionais. (PAIVA, 2010, p.52) Por isso dá-se a ampla utilização de termos como “aldeia global”, “fábrica global”, “mercado global”, “mundo globalizado”. (IANNI,1999, p.15)

Portanto, em uma definição bem simplificada, a Globalização pode ser considerada como processo integrativo, sobretudo, no que diz respeito a aspectos econômicos financeiros, sociais, culturais, ambientais, jurídico-legal e políticos, intensificado pelas modernizações dos meios de transporte e das formas de comunicação entre países do mundo no final do século XX e início do século XXI. Um dos aspectos mais importantes da globalização é o financeiro pelo qual o dinheiro circula entre bancos e contas de pessoas de diferentes países e o capital é aplicado e transferido instantaneamente. Isso se deve principalmente ao desenvolvimento de meios de comunicação como a internet pelo qual não somente as pessoas de diferentes localidades e países se comunicam, mas recursos financeiros também circulam por esse meio. Ainda, a Globalização refere-se ao modo como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo. (IANNI, 1999)

Inclusive, é imperativo salientar, que as intertextualidades estabelecidas neste trabalho são possibilitadas pelo processo globalizante da informação: o poema do Fernando Pessoa disponível na internet, a divulgação e a venda da obra de Camões há séculos, a música de Gilberto Gil na epígrafe e a internacionalização do comércio que possibilita que estudantes da capital de São Paulo interessam-se a mapear informações relacionadas a um país de outro continente, Rússia, estabelecendo divergências e convergências entre seu próprio país.

Aspectos Econômicos

Internacionalizados pela quebra de barreiras regionais, os Estados, agora dentro de uma “aldeia global”, (IANNI, 1999, p.15) passam a expressar uma unidade econômica do planeta, onde a produção de bens e serviços, o comércio, as empresas, os mercados de bens de produção e de consumo e a força de trabalho são arrastados para a esfera da competitividade global.

Assim, globalização apresenta dois movimentos tanto o de desregionalização quanto o de regionalização. Em linhas gerais, o primeiro estabelece-se como uma tendência crescente de quebra de barreiras comerciais entre nações, enquanto o segundo, pelo esforço na tentativa de formação de blocos econômicos regionais. (VALENTE, 2013)

Alguns dos principais conceitos sobre globalização econômica e suas características, segundo Paiva (2010, p.53) e Valente (2013) envolvem questões relacionadas aos aspectos produtivos, comerciais e financeiros.

A globalização financeira, também chamada de internacionalização dos mercados de capitais, pode ser entendida como resultado da interação de três processos distintos: o aumento nos fluxos financeiros internacionais, o aumento da concorrência nos mercados de capitais internacionais e a maior integração dos sistemas financeiros nacionais.

Ademais, vale ressaltar que a interação desses processos está diretamente atrelada ao avanço tecnológico no que se refere às tecnologias de informação, o que possibilitou a diminuição dos custos operacionais de comunicação; à redução dos mecanismos de controles de capitais no sentido da liberalização dos mercados de capitais nos países industriais a partir da década de 70 e países emergentes a partir da década de 90; à concorrência nos mercados de capitais internacionais, e ao aumento da integração dos sistemas financeiros nacionais, ou seja, aumento da participação de títulos estrangeiros na composição das carteiras nacionais. (PAIVA, 2010, p.52)

A Globalização produtiva segundo Paiva (2010, p.53) e Valente (2013) é a fase da globalização associada ao avanço da internacionalização da produção, ou seja, ao aumento da interligação das estruturas produtivas nacionais e ao estabelecimento de uma nova divisão internacional do trabalho. O principal motivo encontrado