Resumo - A Evolução do Pensamento Administrativo
Por: Gustavo Borba • 5/6/2017 • Resenha • 2.698 Palavras (11 Páginas) • 7.192 Visualizações
Capítulo 2 – A Evolução do Pensamento em Administração
Ao se iniciar o estudo das práticas administrativas, o primeiro ponto a se observar é que a teoria administrativa e organizacional está sujeita às contingências históricas, às quais um administrador bem preparado deve estar bem atento. São contemplados neste estudo as quatro principais escolas do pensamento administrativo, a saber: A escola Clássica, a escola Comportamental, a escola Quantitativa e a escola Contingencial. Ao final, serão abordadas superficialmente algumas teorias contemporâneas.
Definimos como Teoria Administrativa um conjunto coerente de soluções elaboradas para explicar a relação entre dois ou mais fatos observáveis e proporcionar uma base sólida para prever eventos futuros. As Teorias Organizacionais, por sua vez, têm como objetivo compreender as organizações como um fenômeno social e desenvolver modelos explicativos ou descritivos de práticas organizacionais. As Teorias Administrativas e Organizacionais portanto, além de propor compreender as organizações como um fenômeno social, propõe modelos e paradigmas que sugerem o melhor modo de se organizar, trazendo instrumentos úteis para a prática organizacional.
Dentre os vários motivos para a análise das teorias administrativas e organizacionais, pode-se separar três principais razões:
- As teorias influenciam na prática, servindo como guia para decisões de administração
- As teorias influenciam a forma como enxergamos as pessoas, organizações e ambientes no qual estão inseridas.
- As teorias servem como fonte de compreensão e previsão de práticas observadas nas organizações.
As práticas de administração e organização são seculares, se considerarmos que administrar consiste em dirigir as atividades de um grupo de indivíduos para realização de determinada atividade. Mesmo que a sistematização dos conceitos administrativos seja uma institucionalização recente, é possível encontrar exemplos históricos de sua existência, desde as pirâmides do Egito à invenção da Contabilidade.
O pensamento administrativo, enquanto área do conhecimento, surge como consequência da consolidação do capitalismo e com a Revolução Industrial, no decorrer do século XVIII, através da necessidade de um novo modelo de produção e organização do trabalho. Na obra A Riqueza das Nações, Adam Smith destaca a importância da divisão do trabalho para o desenvolvimento capitalista: Dividindo e especializando o trabalho possibilitariam a melhoria das capacidades de cada trabalhador em desempenhar uma habilidade específica, economizando tempo geralmente desperdiçado na troca de tarefas e criando condições tecnológicas para melhorias com relação ao uso de mão de obra.
O estabelecimento do capitalismo como um novo modo de produção e organização do trabalho modificou estruturalmente as formas de autoridade que serviam de alicerce às sociedades, isto é, houve um processo de modernização, onde as novas autoridades, ao invés de baseadas na hereditariedade ou direito divino eram baseadas na autoridade racional-legal e na nova lógica de mercado. Segundo Max Weber, a autoridade racional-legal serve como base ao estado moderno, pois diferentemente das autoridades carismática e tradicional, esta era mais adaptada que as outras às mudanças sociais da sua época e ao surgimento da sociedade industrial.
Escola Clássica da Administração
O estabelecimento do Capitalismo foi desordenado e caracterizado por uma competição selvagem e condições precárias de trabalho. Foi apenas no final do século XIX, quando o capitalismo entra em sua fase monopolista, que surgem as primeiras tentativas de sistematização do pensamento administrativo, nas quais se destaca a Escola Clássica de Administração. Suas contribuições são diretamente envolvidas com a parte gerencial – buscavam princípios racionais que tornariam a administração mais eficiente.
Bases Filosóficas: Ser humano egoísta, na busca de satisfação de seus desejos e interesses (corroborado pela ética protestante individualista), concepção mecanicista e empiricista da natureza, liberalismo econômico.
Condições Socioeconômicas: Na época, havia grande desperdício e falta de eficiência devido à força de trabalho desqualificada. O crescimento econômico acelerado, na mão de grandes monopólios, necessitava de organização para gerir isto tudo.
A escola clássica de Administração Pode ser dividida em três grandes correntes:
- Administração Científica:
Leis universalmente válidas para administrar eficientemente os processos operacionais no chão de fábrica. O Trabalhador é visto como máquina, superespecialização do funcionário facilita treinamento e supervisão, mas reduz a satisfação do trabalhador, pressuposto de que trabalhadores são motivados exclusivamente por necessidades econômicas.
- Frederick W. Taylor – Princípios da Administração Científica: O Homem comum devidamente treinado (rápida e adequadamente) poderia executar uma tarefa Taylorista. Há uma única maneira certa de desempenhar uma tarefa, com normas rígidas para o movimento do operário e ferramentas padronizadas. Isso maximiza o rendimento e produtividade. Remuneração por produtividade.
- Frank Gilbreth – Estudo dos tempos e Movimentos: Cronometrar tempo de cada tarefa, e analisar o movimento dos trabalhadores, eliminando movimentos desnecessários.
- Gestão Administrativa (Fayol)
Diante das empresas altamente hierarquizadas, surge para dar forma à organização interna das empresas (como um sistema fechado). A administração agora é vista como um PROCESSO, uma habilidade a ser treinada e desenvolvida, desenvolvendo princípios gerais a serem identificados e analisados.
- Henri Fayol – Administração Industrial e Geral: A administração não depende da habilidade do gestor, mas da aplicação de métodos científicos aplicados à administração. Separa as operações empresariais em 6 grupos:
- Técnicas
- Comerciais
- Financeiras
- De Segurança
- Contabilidade
- Administração, que, por sua vez, formula o programa geral da empresa, constitui seu corpo social, coordena seus esforços e harmoniza seus atos. Suas funções são:
- Prever
- Coordenar
- Controlar
- Organizar
- Comandar
Estas duas últimas, foram agrupadas na função Dirigir, posteriormente
- Teoria da Burocracia (Max Weber)
A Burocracia é, segundo Weber, um modelo ideal descritivo cujas características nunca se encontram na sua forma pura na prática. Mesmo reconhecendo que a burocracia não é uma forma organizacional nova, Weber verifica que o capitalismo é um sistema por excelência burocrático. Os princípios da burocracia são:
- Divisão do Trabalho
- Impessoalidade
- Hierarquia
- Profissionalismo
- Padronização e formalização
- Autoridade (da regra)
- Separação dos domínios Público e Privado
Na época, a visão da burocracia trazia uma série de benefícios, como o predomínio da lógica científica, a consolidação de metodologias de análise racionais, a redução de favoritivismos, e o isomorfismo.
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