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Trabalho de Comentário do Livro Curral da Morte

Por:   •  26/10/2021  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.892 Palavras (20 Páginas)  •  238 Visualizações

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           Universidade Federal de Alagoas

Cleciton Ferreira Pereira

Comentário do livro Curral da Morte

              Maceió 16 de Janeiro de 2014


        Comentário do livro Curral da Morte

   O livro Curral da morte escrito pelo autor jornalista e cineasta Jorge Oliveira, que se inspirou nos fatos que ocorreram aqui em Alagoas, o chamado “mata-mata” que teve início em 1957 justamente numa SEXTA-FEIRA 13, um dia de azar, para outros um dia de sorte, particularmente eu não acho nada de mais, um dia normal. Um tiroteio dentro da Assembleia Legislativa de Alagoas que matou um deputado e feriu outros durante uma reunião para a votação do Impeachment do governador Muniz Falcão. Esse tiroteio dava início ao mata-mata que duraria vinte anos, patrocinado pelo Sindicato do Crime, maior organização criminosa do Nordeste. Esse fato foi semelhante ao tiroteio de Angico, em 1939, quando foi destruída a liderança do famoso cangaço de Lampião.              

   Coronéis, pistoleiros, militares e políticos de todos os matizes são os “personagens” que atuam nessa guerra alagoana.

    O autor desse livro Jorge oliveira faz vários agradecimento a todos que lhe ajudou a construir esse livro excepcional, grande parte agradece a jornalistas e também a sua mulher outra jornalista que teve grande participação na construção do livro. Jorge Oliveira passeou pelo centro de Maceió com o jornalista

    Zito Cabral esse que conhecia uns emaranhados do Sindicato do Crime era respeitado pelo seu trabalho profissional. Conhecia bem os locais onde ocorreu alguns crimes pelo centro de Maceió e desabafa dizendo “Se colocar uma cruz no local de cada morte, ninguém conseguiria andar, virava cemitério, falou que Alagoas é mesmo perigoso, o verbo viver se conjuga com morrer. Não é bem assim, todo estado tem os seus problemas, suas violências, seus corruptos e etc., nem por isso todo o estado alagoano vai levar culpa de estado perigoso, qualquer lugar do mundo que andarmos é perigoso sim.

    No primeiro capítulo do livro, já temos uma ideia de como essa “viagem” ao passado vai ser fascinante e emocionante. Já notei que vai ser uma guerra essa disputa entre governistas e oposicionistas, até os cinemas iam passar filmes como: O último ato; O maior espetáculo da terra; Invasores diabólicos e outros, que pareciam prever o os acontecimentos daquela sexta-feira.

    Humberto Mendes um aliado do governo antes de ir para a Assembleia passou numa funerária e encomendou 22 caixões que seria os 22 deputados da oposição. O governador e os outros aliados afirmaram que o impeachment só ocorria se passassem por cima de seus cadáveres e se os oposicionistas determinassem o afastamento de Muniz Falcão (governador) o sangue derramado “daria no meio da canela”.

     Até minha querida cidade de Viçosa tem seu nome citado no livro, foi a cidade de João Cardoso Paes o pai Oséas Cardoso um deputado admirado no estado, pela sua bravura e coragem. Oséas Cardoso vingou a morte de seu pai que foi morte por causa de dívidas políticas antigas em Viçosa. Matou com as próprias mãos o assassino de seu pai, Luiz Campos Teixeira, chefe da Defesa Civil na época, mato-o na porta da Assembleia Legislativa.

     Em 2007, já com 93 anos, Oséas falou com alguns jornalistas e comentou sobre o que Humberto teria ido fazer na funerária, só que no confronto foi o próprio Humberto que usou um dos caixões que encomendou.

     A família Mendes quase que era totalmente dizimada, pelas balas dos pistoleiros, alguns deles seus próprios. Como foi o caso de Robson Mendes morto numa emboscada em Palmeiras dos Índios pelo Zé Crispim e Zé Gago pistoleiro da família; Valter sofreu o primeiro atentado junto com a mãe e a cunhada na varanda da casa viúva ambos se salvaram por pouco. No segundo atentado Valter não se salvou, foi morto no centro de Maceió.

   Roberto Mendes é hoje um simples pai de família, mas lembra de tudo que aconteceu a vinte anos de guerra.

   O autor conta que se olharmos bem o mapa de Alagoas tem um formato de uma arma. A coronha (cabo) fica Maceió, o cano aponta para o sertão pernambucano e o gatilho fica Palmeiras dos Índios.

   O autor descreve um pouco Palmeiras dos Índios, porque é nela que vivem índios Xucuru, enxotados pela colonização litorânea, e os Cariris fugidos de Pernambuco. Essa historia de dor, luto e muita violência começou ironicamente, numa cidade com forma de gatilho.  

    A cidade sempre foi uma terra de valentes e Humberto Mendes, era um deles. Era um homem bem sucedido, tinha a melhor residência, fazenda, posto de gasolina e outros bens.

    Dizia um alagoano que foi vereador, deputado estadual e federal e se candidatou governador do Rio de Janeiro em 1960 Tenório Cavalcante “toda família tem um assassino ou um assassinado. Nessa terra quem não morreu, já matou.” Talvez ele tenha dito isso por ter perdido seu pai Antônio, ainda muito cedo, Tenório assumiu o comando da casa, ficou célebre por se fazer se fazer acompanhar de sua inseparável “Lurdinha”, metralhadora que conduzia escondida sob sua grande capa de chuva. Foi morar na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro onde firmou até a morte. Tenório virou um mito, pela forma que enfrentava seus inimigos.

   Meu Deus até o pobre do beato franciscano (Antônio Fernandes de Amorim) foi vítima de um tiro. Mas o beato começou a apoiar Humberto Mendes, através disso foi como o historiador Valdemar de Souza, na época tabelião aliado do prefeito Juca Sampaio e do médico Remi Maia falou, que essa aliança foi o grande mal do beato, já estava misturando religião com política.

   Alba Mendes filha de Humberto, solteira, é apresentada ao governador Muniz Falcão também solteiro. Passam a namorar e em janeiro de 1957, casa-se, só que o casamento aconteceu num momento delicado de seu governo, já havia perdido nove deputados e agora estava com 22 oposicionistas só 13 estavam do seu lado. Teve um desentendimento com uns produtores de açúcar, por causa de um projeto, a partir disso, todo projeto que ele enviava era rejeitado.

    Marques da Silva deputado e médico da cidade de Arapiraca, já estava com a certeza que o Sindicato do Crime já o tinha na mira da pistola, só restava a ele resignar-se e comunicar ao Diretório Nacional da UDN sua saída, ele não disse que iria se afastar da política por conta desse mata-mata, mas, pela carta “carta-denúncia” que ele enviou para o Presidente do Diretório, foi por causa disso sim. Falou na carta tudo acontecendo no estado, toda aquela violência e corrupção. Em fevereiro de 1957, dois meses depois, ele foi assassinado.

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