A FUNÇÃO DA BUROCRACIA NO ESTADO
Por: renato1 • 14/5/2017 • Monografia • 3.559 Palavras (15 Páginas) • 254 Visualizações
Gestão de Serviços Sociais
Gestão pública e a universalização de direitos: o papel do Estado e da burocracia. O Estado brasileiro: constituição do Estado burguês no Brasil e o desenvolvimento da administração pública. A gestão pública de políticas sociais na contemporaneidade.
A FUNÇÃO DA BUROCRACIA NO ESTADO
Antes de iniciar a reflexão sobre a burocracia gostaríamos de deixar claro que minha abordagem sobre o tema procurará fugir da tentação de defendê-la entusiasticamente, ou de atacá-la enfurecidamente. Evitarei, portanto, que a concepção se enquadre, conforme Guerreiro Ramos (1983) propõe, como conceito positivo ou como conceito negativo da burocracia.
Neste sentido, ao analisar criticamente as determinações da burocracia,
buscarei captar as categorias que efetivamente correspondam ao fenômeno e que estão presentes nos mais diversos campos políticos.
Isto posto, considero que pude iniciar uma reflexão, a partir do tema proposto. Identifico então a burocracia, apesar de não usar esse termo, como a classe universal, aquela que se ocupa dos “interesses gerais da vida social”.
A burocracia, sendo um dos componentes da materialidade da organização do Estado - instituição no capitalismo capaz de atender interesses de camadas não dominantes -, expressa, também, as contradições presentes no Estado. Portanto, ela não se efetiva como uma classe universal.
A burocracia, por um lado, é a responsável por viabilizar, manter, conservar a ordem social capitalista e, dessa forma, garantir os interesses da classe dominante. Por outro lado, ela também implementa as ações do Estado destinadas ao atendimento de interesses das classes dominadas, na perspectiva de manter a ordem da propriedade privada/liberdade, garantindo, porém, o Bem. Por isso a aparência de classe universal. Pois, numa perspectiva que não encontra saída estrutural para a sociedade, a classe universal é aquela que permite a realização de interesses das classes antagônicas, não sendo, portanto, uma classe voltada para “os interesses gerais”.
Dessa forma, a tarefa de garantir a conservação do interesse geral do Estado e da legalidade entre os direitos particulares, a redução destes àqueles exigem uma vigilância por representantes do poder governamental, por funcionários executivos e também por autoridades mais elevadas com poder deliberativo, portanto organizada.
A burocracia, portanto, é um instrumento do governo com responsabilidade de Estado para garantir o interesse geral frente ao interesses particulares apresentados pelas corporações.
Entretanto, se é correto afirmar que existe um limite estrutural para burocracia atuar como instrumento de realização da ampliação radical da universalização e aprofundamento de direitos, é também correto afirmar que a burocracia como expressão do Estado capitalista, ou seja de uma sociedade dividida em classes, deve atuar administrando interesses antagônicos para manter a ordem e, nesse sentido, tem que atender a interesses das classes dominadas, como vimos anteriormente. Sendo assim, a burocracia, como estrutura administrativa, ganha relevância para processos de redução de desigualdade.
Assim, encontrei na crítica a relevância e o limite da burocracia enquanto forma de organização administrativa para conduzir as ações do Estado, através do poder governativo.
Entretanto, cabe aprofundar as determinações centrais da burocracia para explico de forma mais concreta elementos que podem se apresentar como potencialidades ou como limites desse tipo de organização administrativa para a realização de uma finalidade voltada para ampliação de direitos sociais.
O caráter de dominação presente na burocracia e a racionalidade de sua estruturação são determinações centrais que merecem destaques ao analisar a burocracia. E,sem dúvida alguma, Weber é um autor indispensável para refletirmos essas questões.
A RACIONALIDADE BUROCRÁTICA
Do ponto de vista da sociedade capitalista, numa perspectiva que pretenda-se de intervenção democrática de aprofundamento e ampliação de direitos, o problema central que se coloca é o da identidade entre os valores burocráticos e os valores capitalistas. Ou seja, até que ponto a estrutura burocrática serve apenas aos interesses da classe dominante (burguesia) e até aonde sua racionalidade é apenas instrumental, visando a ordem capitalista. A resposta a primeira questão foi dada a partir da reflexão sobre a função da burocracia no capitalismo. A segunda questão nos leva a refletir sobre a racionalidade burocrática e sua expressão material, o que faremos a partir deste momento.
BUROCRACIA E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DEMOCRÁTICA
A possibilidade da burocracia ser um instrumento para uma finalidade de administração pública voltada para ampliação e aprofundamento de direitos está, primeiramente, vinculada diretamente a sua função contraditória como aparelho de Estado.
No entanto, é na sua particularidade, enquanto ordem administrativa, que encontramos os elementos concretos de sua potencialidade, no sentido de operar interesses das classes dominadas.
Na política de assistência social, podem-se destacar alguns desses conceitos/palavras em seus documentos oficiais, ao longo do texto constitucional; por exemplo, a palavra “integração” é evidenciada no sentido de expressar trabalhos integrados entre as políticas setoriais, instituições, setores privados e a sociedade em geral. Nesse caso, verifica-se essa referência na Constituição federal de 1988, mais especificadamente no capítulo que dispõe sobre a seguridade social, artigo 194, em que a mesma é compreendida como “um conjunto integrado de ações de iniciativas dos Poderes Públicos e da sociedade destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, previdência e assistência social”.
Gestão e políticas públicas
Denota-se que os desafios para a implementação de políticas públicas perpassam a superação da lógica que institui fronteiras entre setores e pela construção de estratégias que considerem a diversidade regional. Importante destacar que para superar a atual geração de estudos, excessivamente concentrada nos fracassos, pouco preocupada com as questões políticas e fortemente assentada no pressuposto de que a formulação e a implementação de políticas públicas são processos exclusivamente racionais e lineares, desvinculados dos processos políticos. Imprescindível afirmar que à complexidade da dinâmica social e à dificuldade de enfrentar os problemas partindo de ações fragmentadas e desarticuladas. Devemos reconhece que as particularidades culturais, econômicas e sociais têm impacto nas prioridades estabelecidas para um determinado território e, assim, na forma de implementação das políticas públicas. O objetivo é analisar de que forma os desafios da intersetorialidade e da regionalização tem sido enfrentados, seus limites e suas potencialidades. Essa nova geração de estudos deve seguir na direção do desenvolvimento de tipologias analíticas, e concentrar-se na identificação das variáveis que causam impactos sobre os resultados das políticas. Isso implica na superação da dicotomia dos estudos em se analisar sucessos ou fracassos para um estágio onde se enfatize o melhor entendimento dos próprios resultados.
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