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A Internacionalização De Empresas Brasileiras: O Caso Do Grupo

Por:   •  26/5/2024  •  Artigo  •  6.347 Palavras (26 Páginas)  •  44 Visualizações

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a internacionalização de empresas

brasileiras: o caso do grupo gerdau*

Luciane Goulart

Economista pela Universidade Federal do Paraná

Nilson de Paula

Professor Titular do Departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná, PhD pela

University of London/UK

* Submetido em março, 2009; aceito em maio, 2010.

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1. Introdução

Um dos aspectos mais relevantes da globalização da economia mundial

diz respeito ao investimento direto estrangeiro, cujo crescimento já,

há muito, superou o comércio internacional (HIRST & THOMPSON,

1996). Mais do que transferir capacidade rentável entre os países, a internacionalização

do capital produtivo vem remodelando a geografi a

econômica mundial e redefi nindo as suas vantagens competitivas. Nesse

contexto, os mercados passam a integrar-se através de um padrão de

comércio intrafi rma, como refl exo da exploração das condições competitivas

específi cas de cada país. Entretanto, um aspecto a ser observado,

no período recente, refere-se à posição dos países em desenvolvimento

como origem dos fl uxos de investimento direto estrangeiro (IDE)

e à emergência de novas empresas transnacionais. Diferente do padrão

observado historicamente, empresas sediadas em países como Índia,

Brasil, Malásia, África do Sul, China, Coréia do Sul, etc. estão investindo

em todo o mundo, inclusive nas economias desenvolvidas (Valor

Econômico, 2005)

Assim, a relativa maturidade industrial de algumas economias fez

com que grandes empresas nacionais ampliassem sua capacidade produtiva

através de investimento direto em outros países. Uma das empresas

brasileiras que se tem destacado nesse movimento é o Grupo Gerdau,

do ramo de siderurgia, maior produtor de aços no continente americano,

com usinas siderúrgicas distribuídas no Brasil, na Argentina, no

Canadá, no Chile, nos Estados Unidos e no Uruguai. Além disso, essa

empresa tem mantido sua posição de grande player no mercado internacional

de produtos derivados de aço ao longo das últimas décadas,

tendo para tanto a contribuição das plantas instaladas naqueles

países.

Baseado no pressuposto da mobilidade internacional de capital, este

artigo tem por objetivo analisar as estratégias adotadas pelo Grupo

Gerdau em sua expansão rumo ao mercado mundial. Esse deslocamento

internacional da empresa partiu de um mercado interno com limitações

estruturais de crescimento, que caracterizaram a economia brasileira

nos anos 1980 e 90. Portanto, esta investigação está voltada ao

processo de internacionalização da empresa, aos fatores que a motivaram

e às estratégias adotadas para se estabelecer em outros países.

A internacionalização de empresas brasileiras: o caso do Grupo Gerdau | 75

A primeira parte deste artigo contém um referencial de análise, com

destaque para a tipologia sobre as motivações do IDE, desenvolvida por

John Dunning, e para as estratégias de crescimento da fi rma, extraídas

da abordagem de Edith Penrose. Além disso, a importância da tecnologia

e a forma pela qual a internacionalização do capital facilita sua

transferência para suas subsidiárias são contempladas a partir da contribuição

de John Cantwell. No segundo tópico, são analisados a estrutura

de mercado da siderurgia nacional e o cenário econômico a partir

dos quais o Grupo Gerdau evoluiu. Para tanto, são apresentados o histórico

da empresa e os principais fatores que favoreceram sua internacionalização.

Em terceiro lugar, são destacados os principais determinantes

de sua internacionalização e as especifi cidades de cada aquisição

no exterior, resultando na criação de um conglomerado de siderúrgicas,

atuantes no ramo de processamento de aços longos e especiais. A seguir,

são apresentadas as considerações fi nais.

2. Revisão conceitual sobre internacionalização

do capital

A globalização da economia mundial expande o ambiente para negócios

num universo integrado, e fortalece os interesses pela abertura

dos mercados nacionais, ou seja, a internacionalização da produção estimula

a competição e aumenta os desafi os em todas as esferas das relações

econômicas, sejam comerciais, fi nanceiras, produtivas e tecnológicas

(BAUMANN, 1996). Nesse contexto, tem havido um extenso es forço

para entender a natureza e a dinâmica do movimento dos capitais rumo

a outros países.

A internacionalização das empresas começou a atrair grande atenção

nos anos 1960, quando, no contexto de uma crise do sistema monetário

internacional e de recrudescimento do protecionismo comercial, os

países em processo de industrialização passam a hospedar investidores

estrangeiros. Investimento e comércio internacionais inauguraram, assim,

uma simbiose, fortalecida nos anos subsequentes pelo comércio intraindustrial

e intrafi rma. Ao elaborar o ciclo do produto, Vernon (1966), de

forma pioneira, coloca em sintonia as relações de comércio e as decisões

de investimento estrangeiro. Com isso, os países de destino de investi76

| Luciane Goulart – Nilson de Paula

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