A Introdução a Ergonomia
Por: Greyson2015 • 21/4/2024 • Bibliografia • 1.373 Palavras (6 Páginas) • 43 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA INDUSTRIAL
MESTRADO PROFISSIONAL
TÓPICO 1 – INTRODUÇÃO A ERGONOMIA
ALLEN GREYSON GOMES MENDES
SALVADOR – BA
2024
INTRODUÇÃO A ERGONOMIA - RESUMO
A ergonomia é o estudo da adaptação do trabalho ao homem (antes, durante e após a atividade), sendo trabalho toda situação em que ocorre relacionamento entre o homem e uma atividade produtiva. Ela inicia com o estudo das características do trabalhador para, a partir daí, projetar o trabalho que ele consegue executar.
O termo surgiu na segunda reunião de um grupo de cientistas e pesquisadores que se uniram para discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência, ocorrida em 1950, na Inglaterra, a partir da junção de dois termos gregos que, juntos, se traduzem como regras ou leis naturais do trabalho.
No entanto, antes mesmo de seu nascimento oficial, a ergonomia já se apresentava no dia a dia. Na pré-história, com o homem que escolhia uma pedra de formato que melhor se adaptasse à forma e movimentos de sua mão. Na produção artesanal, não mecanizada, com a preocupação em adaptar as tarefas às necessidades humanas. Na revolução industrial, quando fábricas sujas, escuras, barulhentas e perigosas eram palcos de jornadas de trabalho de até 16 horas diárias, sem férias e em regime de semiescravidão.
Os estudos mais sistemáticos sobre o trabalho começam no final do século XIX. Nesta época surge, nos Estados Unidos, o taylorismo. Na Alemanha, França e em países escandinavos começaram a surgir pesquisas na área de fisiologia do trabalho por volta de 1900. Em 1913, Max Ruber cria, dentro do Instituto Rui Guilherme, um centro dedicado aos estudos de fisiologia do trabalho na Alemanha. Nos países nórdicos foram criados laboratórios para estudar os problemas de treinamento e coordenação muscular para o desenvolvimento de aptidões físicas. Nos Estados Unidos surgiu o Laboratório de Fadiga da Universidade de Harvard. Na Inglaterra, durante a I Guerra Mundial, fisiologistas e psicólogos foram chamados para colaborar no esforço para aumentar a produção de armamentos. Ao final da guerra, esta comissão foi transformada no Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial, reformulado em 1929 para transformar-se no Instituto de Pesquisas sobre Saúde no Trabalho. No oriente, o pesquisador japonês K. Tanaka publicou um livro sobre Engenharia Humana, em 1921 e, no mesmo ano, fundou-se o Instituto de Ciência do Trabalho. Durante a II Guerra Mundial, foram construídos muitos instrumentos bélicos complexos, que exigiam muitas habilidades do operador, em ambientes bastante desfavoráveis, que geravam muitos erros e acidentes com consequência fatais. Tudo isso redobrou o esforço de pesquisa para adaptar esses instrumentos às características e capacidades do operador. Com o fim da guerra, as discussões sobre ergonomia seguiram na Inglaterra e os seus conhecimentos passaram a ser aplicados na vida civil a fim de melhorar as condições de trabalho e a produtividade dos trabalhadores e da população em geral.
Existem diversas definições de ergonomia e o que todas procuram ressaltar é o seu caráter interdisciplinar e o objeto de seu estudo: a interação entre o homem e o seu trabalho, como sugere o conceito da Ergonomics Society: “é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento, ambiente e particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas que surgem desse relacionamento”.
Esta interdisciplinaridade surge da necessidade de analisar o trabalho de forma global, incluindo aspectos físicos (anatomia humana, biomecânica, movimentos repetitivos), cognitivos (carga mental, estresse, treinamento), sociais (trabalho cooperativo, relações de trabalho), organizacionais (cultura organizacional, teletrabalho), ambientais (posto de trabalho, manuseio de materiais), entre outros.
Nas empresas, há diversos profissionais ligados à saúde do trabalhador, à organização do trabalho e ao projeto de máquinas e equipamentos: médicos do trabalho, engenheiros de projeto, de produção, de segurança e de manutenção, desenhistas industriais, analistas do trabalho, psicólogos, enfermeiros, fisioterapeutas, programadores, administradores, compradores, entre outros. Estes devem colaborar entre si, sob o apoio da alta administração da empresa, na busca de solução de problemas ergonômicos.
O objetivo principal de todos é o de promover segurança, satisfação e saúde aos trabalhadores, procurando reduzir fadiga, estresse, erros, acidentes e demais fatores que possam influenciar no desempenho do sistema produtivo. Sob o ponto de vista da ergonomia, a eficiência virá como consequência e não pode, portanto, se constituir um objetivo principal. Em primeiro lugar, a ergonomia visa a saúde, segurança e satisfação do trabalhador.
Sua contribuição depende da ocasião em que é feita, sendo classificada como: ergonomia de concepção (quando a contribuição ergonômica se faz durante o projeto do produto, da máquina, ambiente ou sistema), ergonomia de correção (aplicada em situações já existentes, para resolver problemas de segurança, fadiga excessiva, doenças do trabalhador e impactos na produção), ergonomia de conscientização (que procura capacitar os próprios trabalhadores para identificação e correção dos problemas rotineiros e emergenciais) e ergonomia de participação (que procura envolver o próprio usuário do sistema na solução do problema).
Inicialmente, as aplicações da ergonomia restringiram-se à indústria e ao setor militar e aeroespacial. Recentemente, expandiram-se para a agricultura, setor pesqueiro, mineração, construção civil, ao setor de serviços (o que mais se expande com a modernização da sociedade: comércio, saíde, educação, bancos, lazer, etc.) e à vida diária do cidadão comum (tornando os meios de transporte mais cômodos e seguros, a mobília doméstica mais confortável e os eletrodomésticos mais eficientes e seguros). Além da ampliação dos locais de aplicação, ampliou-se também o perfil do trabalhador: mulheres, idosos, pessoas com deficiências. Tudo isso exigiu novos conhecimentos.
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