A MANIPULAÇÃO INDEVIDA DA CIÊNCIA NA ELABORAÇÃO DE ARMAS QUÍMICAS E AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS PARA OS SERES HUMANOS
Por: jeff_melo • 28/2/2019 • Trabalho acadêmico • 1.502 Palavras (7 Páginas) • 712 Visualizações
UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA
A MANIPULAÇÃO INDEVIDA DA CIÊNCIA NA ELABORAÇÃO DE ARMAS QUÍMICAS E AS CONSEQUÊNCIAS NEGATIVAS PARA OS SERES HUMANOS
Rio de Janeiro
2017
A Modernidade trouxe mudanças importantes nas mais diversas áreas, o que fez com que os estudiosos fossem obrigados a se aperfeiçoarem em outras áreas fora de suas especialidades. Com os novos tempos, as invenções e as descobertas realizadas nas navegações e nas ciências tiveram papel extremamente decisivo na formação de novos estudos científicos. Com isso, ocorreu o afastamento natural das ciências, que se isolaram das reflexões filósoficas e seguiram por outro rumo. Entretanto, a Filosofia se manteve baseada nas reflexões atreladas a realidade, e ao que acontecia no mundo naquele momento.
Em busca de um modelo de conhecimento mais certo e evidente, as ciências voltaram-se a interação com papéis mais sistemáticos e controlados, visto que as pesquisas científicas elegiam um único objeto para ser seu referencial investigativo. Já a Filosofia não limitou o seu viés de investigação, observando que qualquer tema deve ser tomado como material para análise e reflexão, seja ela ampla ou em conjunto.
Ao fundamentar suas teses, a Ciência, ao contrário da Filosofia, começou a apresentar juízos de realidade, apresentando e descrevendo razões que relacionavam os fatos e os fenômenos, a fim de mostrar, de modo quantitativo, seu funcionamento e a maneira correta de controlá-los, para que o julgamento fosse verídico. A Filosofia se baseava nos juízos de valor para compreendê-los de forma mais ampla, investigando todas as possibilidades para então, apresentar seu argumento.
Baseados nesta égide, a complexidade do pensamento, e os vários aspectos de realidade e saberes, tanto no âmbito científico quanto filosófico, apresentaremos neste trabalho, como a ciência pode ser manipulada para determinar e justificar meios e fins, e as consequências negativas para os seres humanos e a vida em sociedade. Tentaremos compreender como o pensamento complexo pode ser utilizado para problematizar a diversidade dos pensamentos, e analisá-los de forma mais hierárquica, apesar da Filosofia empregar que nenhum saber é superior ao outro.
Para Aristóteles (384-322 a.C.), o ser humano está em constante busca pela felicidade. Porém, este é um tipo de felicidade que não leva em consideração as riquezas materiais, e sim, a sua racionalidade, o seu pensar. E para isso, todo e qualquer indivíduo deve desenvolver a virtude, a coragem, o justo meio, para encontrar o equilíbrio entre a covardia e a temeridade na vida em sociedade.
A Ciência é uma ferramenta criada para o indivíduo e a nação, e é incapaz de progredir sozinha, sem o apoio e o financiamento de ninguém. Em sua essência, é amoral, ou seja, sem moralidade. O que deve ser discutido é a questão do seu uso, que pode ser correto ou não, ético ou não, na relação entre os que a utilizam e o Estado.
SegundoFriedrich Nietzsche (1844-1900), o controle dos instintos possibilitou o ser humano a ser coagido pelas regras criadas pela sociedade, através do “processo de domesticação”, onde ele se torna submisso a ela, e a “moral do rebanho”, que é contrário a liberdade e a espontaneidade humana.
Neste sentido, sabe-se que as armas químicas e biológicas são utilizadas desde a Antiguidade, em período de conflitos, onde seus usos eram comuns e poderiam ser em ataques silenciosos por contaminação em águas, dissipação de germes, víruse doenças e envenenamento por gases ou devastador, como uso de bombas e explosivos químicos. Estas armas são as armas mais letais criadas pelo Homem. A mais recente arma biológica foi o Antraz, nos Estados Unidos, logo após os ataques no Afeganistão, em busca pelo terrorista Osama Bin Laden.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1918), foi o acontecimento que teve o impacto mais decisivo, pois foi onde mais foram usadas armas químicas, com resultados mais do que devastadores para todos os lados. Com este evento, percebeu-se claramente que a Ciência estava ao lado do Estado, e que foi essencial para a criação destas ferramentas e a sobrevivência e proteção das populações, apesar de ignorar a devastação que seria capaz de causar. Assim, seu valor se tornou enorme e criaram-se centros e complexos de pesquisa voltados para a produção de armas químicas e também as de poder bélico, capazes de deixar um rastro de destruição por onde passavam.
Os estudos científicos levaram o Estado e a sociedade a um ponto onde as descobertas científicas não eram acessíveis e partilhadas entre todos, o que trouxe consequencias danosas. Uma dessas consequencias foi a fissão nuclear, cujo uso deveria ser para fins pacíficos, mas infelizmente foi voltado para fins militares, destruindo milhares de vidas, como as explosões atômicas em Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
Embora alguns cientistas fossem veementemente contra o uso de armas de cunho nuclear em conflito, outros, para defender o seu país, acreditavam que utilização de seus conhecimentos para a produção de armas fosse a melhor maneira de deter potencialmente os inimigos. Mesmo assim, é muito difícil entender como esse grupo de cientistas foi capaz de contribuir para a criação de armas tão absurdas e de poder tão nefasto, uma vez que, em sua grande maioria, eles são considerados pessoas pacíficas e dispostas a dividir o conhecimento entre os outros. Contudo, a decisão de utilizar estas armas, no fundo, não pertencia a seus criadores.
O século XIX representou um marco ao abrir discussões e críticas acerca das concepções éticas anteriormente utilizadas para justificar tamanhas catástrofes, levando a reflexão profunda de valores e normas morais e éticas existentes.
De acordo com Nieztsche, estas normas foram criadas para podar o Homem nas sua criatividade, seus instintos, ceifando sua liberdade e plenitude, onde era controlado por uma razão anteriormente estabelecida; tal mudança só seria possível superando estas velhas normas, consideradas essenciais para a sua reinvenção.
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