A Matriz de Requisitos

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Introdução

Segundo o PMBOK (2017) o gerenciamento da qualidade em projetos engloba os processos e atividades da organização que são utilizados para determinar as politicas de qualidade, os objetivos e as responsabilidades. Além disso, o gerenciamento da qualidade tem o objetivo de garantir que os requisitos do projeto, inclusive requisitos relativos ao produto em si, sejam cumpridos e validados. A qualidade em projetos pode ser definida como o nível de satisfação que um conjunto de características inerentes pode alcançar. Portanto, um projeto considerado de qualidade é aquele desenvolvido de acordo com as especificações, os requisitos e a adequação ao uso.

Já a ISO 9001:2008 define qualidade como “grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos”. Onde qualidade pode ser entendida com adjetivos tais como má, boa ou excelente e inerente significa a existência em alguma coisa, especialmente como uma característica permanente.

Vários projetos são malsucedidos porque não cumprem as normas de qualidade e os requisitos esperados pelo cliente. O objetivo dos processos envolvidos no gerenciamento da qualidade visa assegurar que o projeto será concluído com a qualidade esperada de forma que satisfaça as necessidades do cliente e os requisitos do produto considerando a finalidade a que se destina.

Desenvolvimento

Na indústria da construção civil, a maioria dos projetos é desenvolvida por pequenos escritórios ou por profissionais autônomos. Esse aspecto, aliado à descontinuidade dos ciclos de produção inviabilizam a manutenção de equipes internas de projeto. O preço do mercado é que define a contratação dos profissionais e escritórios, nem sempre considerando a qualidade. O relacionamento entre os clientes e fornecedores limita-se à duração do empreendimento (CARDOSO et al., 1998).

O Case que será abordado neste trabalho foi um projeto desenvolvido pela Construtora EXEMPLO, que atua no setor de construção civil com foco em obras de saneamento básico para prestadores de serviços de saneamento básico municipais e estaduais.

1. Requisitos de qualidade

No escopo do projeto continha fornecimento e instalação de 5 aeradores submersos para compor o sistema de tratamento de esgoto da ETE a ser construida. Os aeradores a serem fornecidos e instalados deviam obedecer aos seguintes requisitos:

Material: Carcaça confecionada em ferro fundido nodular, rotor do tipo aberto em aço inoxidável. Flutuadores em polietileno com proteção contra UV, parafusos e acessórios de fixação em aço inox.

Estrutura: Aerador submerso de fluxo horizontal, sustentado por estrutura metálica com flutuadores;

Motor: Elétrico, assíncrono, de indução tipo gaiola, trifásico, submerso (bobinas confeccionadas com fio encapado), 1750 rpm, dimensionado para operação em sistemas com partida direta ou suave (soft-starter) e acionamento por conversor de frequência. Classe de isolação F (mínimo) e grau de proteção IP 68 W (mínimo).

Cabos: Condutores formados por fios de cobre eletrolítico nus, têmpera mole, encordoamento classe 5, classe de tensão 750V, isolação e cobertura em composto termoplástico à base de PVC flexível tipo BWF (antichama), em conformidade com as normas ABNT. Devem ser fornecidos com comprimento mínimo de 15 metros.

Caracteristicas operacionais:

Quantidade: 5 unidades (4 + 1R)

Tanque de Aeração: Retangular ou quadrado, com área de 30 x 30 m e profundidade de 4 metros.

Potência: 5 cv

Vazão: 29,74 m3/h

Profundidade de operação: 1,50 m

2. Problemas identificados

O projeto em questão tratava-se da Construção de uma ETE – Estação de Tratamento de Esgoto para o SAAE – Sorocaba (Serviço Autônomo de Água e Esgoto). No escopo do contrato continha fornecimento e instalações de aeradores superficiais nas lagoas aeróbias do sistema de tratamento da ETE.

Ocorre que após aquisição, instalação e entrega da obra, os aeradores não tiveram a eficiência esperada para o sistema de tratamento e um deles teve seu eixo desacoplado da estrutura flutuante ocasionando perfuração da lona impermeabilizante de uma das lagoas.

Alguns pontos relevantes de gerenciamento da qualidade que podem ser atribuídos ao insucesso do projeto em questão são:

2.1. Falta de integração entre projetistas e representantes da operação

É importante dizer que o nível de qualidade de um produto ou serviço não está relacionado ao volume de características técnicas que o produto ou a solução tenha, mas sim ao nível de funcionamento dessas características. Portanto, é essencial integração das partes interessadas e afetadas pelo projeto de forma a todos os requisitos serem considerados visando a máxima qualidade do projeto.

Como na maioria dos projetos no Brasil, certamente não houve integração dos stakeholders envolvidos em todas as etapas do projeto (viabilidade, concepção, construção e operação), o que fez com que os projetistas concebessem uma solução que na realidade não atendeu às expectativas dos operadores. Os equipamentos e a solução técnica do sistema devem ter sido baseados em outro projeto similar, mas não obteve sucesso no projeto em questão. Cada projeto é único, por isso deve ser tratado de forma singular.

2.2. Ausência de mecanismos para captura dos requisitos e necessidades

Segundo as melhores práticas de gestão, a qualidade dos projetos é alcançada quando se desenvolve o entendimento a respeito das necessidades do cliente, a ponto de se traduzir em requisitos a serem atendidos ao longo do processo. Nota-se que neste projeto houve falha na coleta de requisitos, sobretudo na falta de informações especificas nas especificações técnicas do equipamento principal do processo.

Para uma espeficação detalhada e definição clara dos requisitos, ainda na fase de concepção, deveriam ter sido realizados testes para simular as condições reais do efluente a ser tratado no sistema. A composição do esgoto/ efluente interfere na transferência de oxigênio ao longo da massa líquida e impacta diretamente na eficiência do tratamento.

Nas especificações do aerador do projeto em questão não se fez menção à taxa de