A Natureza Entra em Cena

        Neste capítulo denominado “A Natureza Entra em Cena” a perspectiva mecânica sede espaço para a teoria da organização, que predominou na segunda metade do século XX e tinha na biologia o centro de suas concepções. Abandona-se, portanto, “as relações entre metas, estruturas e eficiência” e passa-se a preocupar com “relações organização - ambiente e eficácia organizacional”.

        Dentre as diferentes acepções criadas a partir da metáfora organicista, ressalta-se, primeiramente, o tratamento das organizações como “sistemas abertos”. Neste sentido, as organizações, se comparadas com os organismos, se relacionam diretamente com o ambiente que se encontram inseridas, estando “abertas” e necessitando de coesão com estes para construir uma relação apropriada.

        Assim, a tarefa passa a ser compreendida através dos ambientes contextuais e a partir da criação de áreas de interdependência, bem como de superação e administração de limites críticos, a fim de desenvolver estratégias corporativas que, ao contrário dos teóricos da administração clássica, se preocupa com o planejamento interno do sistema, mas principalmente com o externo.

        Convém destacar que existe todo um processo de adaptação das organizações ao ambiente no qual se prioriza a relação de equilíbrio existente entre os fatores internos e os externos, sendo estes entendidos como as circunstâncias ambientais. E este processo é altamente subjetivo, devendo ser aferido em cada caso, de acordo com as características de cada organização.

        Desse modo, destacam-se os exemplos opostos da Fábrica de Rayon, que se aproxima das idéias mecanicistas na medida em que apresenta uma estrutura mais rígida, e da Empresa de Eletrônica que se atrela ao método organicista por ser mais flexível e, por conseguinte, por permitir uma análise mais individual do ambiente e da sua estrutura. Portanto, enquanto naquele exemplo a natureza do ambiente é “relativamente estável” apresentando “condições tecnológicas de mercado bem compreendidas”, neste a natureza é altamente imprevisível, já que apresenta “avanço tecnológico rápido e oportunidades de mercado ilimitadas”.

        Na mesma ordem de idéias, deve-se atentar para os fatores que influenciam a saúde e o desenvolvimento organizacional, na medida em que estes devem traduzir um bom ajustamento com o ambiente, de modo a permitir que as relações internas sejam equilibradas e adequadas. A natureza do ambiente, a estratégia empregada, o tipo de tecnologia utilizada e de pessoas empregadas, a estrutura da organização e as filosofias de administração dominantes, são alguns dos fatores que necessitam ser corretamente analisados.

        Vale ressaltar que organizações são entendidas como detentoras de subsistemas organizacionais que se inter – relacionam assim como cada órgão vital tem uma função e importância específicas e é imprescindível para o funcionamento do corpo humano. A natureza estratégica, humana, tecnológica, estrutural e administrativa são apresentadas como subsistemas que necessitam de congruência entre si e com o sistema central, que é a organização propriamente dita.    

        Por fim, as relações entre espécies e sua ecologia, também são destacadas pelos teóricos da administração organicista, com base na teoria Darwinista, uma vez que a idéia de seleção natural pode conferir “muita flexibilidade e poder às organizações e muito pouco ao ambiente como fator de sobrevivência organizacional”. Dessa maneira, se tece uma crítica sobre a análise organizacional, pois ao invés de se explicar como as organizações individuais se adaptam aos seus ambientes, deveria se explicar como as espécies crescem e perdem importância ao longo do tempo, já que os membros de uma nova espécie tendem a ser mais aptos do que os outros.