Aspectos Culturais influenciam na Gestão de Segurança do Trabalho
Por: Perfilba • 2/5/2021 • Resenha • 47.558 Palavras (191 Páginas) • 159 Visualizações
João Cândido de Oliveira
SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL
(Um desafio que desafia)
De como a porque acidentes ocorrem
Belo horizonte, março de 2007
ÍNDICE
- ASPECTOS CRÍTICOS DA SEGURANÇA NO TRABALHO AINDA FORTEMENTE MARCANTES NAS EMPRESAS BRASILEIRAS 05
- Dificuldades que interferem nas ações de SSO, impedindo-as de romper as barreiras que as situam em segundo plano nas organizações 06
- Ausência ou deficiência de sistemas de SSO capazes de comportar e suportar o elenco de programas de SSO (legais e voluntários) concebidos e implementados nas empresas 10
- Envolvimento da alta direção da empresa nos assuntos relacionados à Segurança e Saúde Ocupacional 13
- Enfoque principal das ações de Segurança e Saúde Ocupacional centrado no atendimento à legislação que dispõe sobre a matéria 24
- O comportamento do trabalhador como fator gerador de acidentes do trabalho – fatos e mitos 25
- A maneira como o trabalho é organizado e sua relação com o comportamento dos trabalhadores 32
- A inserção dos trabalhadores nos programas de SSO da empresa 34
- A Segurança e a Saúde Ocupacional a partir das novas regras para concessão da aposentadoria especial. O que mudou e o que as empresas vêm fazendo? 35
- O ordenamento formal do trabalho e os conflitos de poder – a quê ou a quem o trabalhador deve obediência: aos ditames das normas escritas ou às ordens verbais ou ao silêncio deliberado de sua chefia imediata? 39
- Postura das chefias, especialmente dos supervisores, em relação às ações de segurança e à saúde ocupacional desenvolvidas na empresa 50
- Pontos críticos da representação dos gerentes (gestores, supervisores e facilitadores) acerca do que pensam e do que fazem em relação à segurança e saúde no trabalho 51
- Impressões dos trabalhadores sobre o que pensam e o que fazem em relação à segurança e saúde no trabalho 75
- OS DESAFIOS DA TRANSPOSIÇÃO DA SEGURANÇA E DA SAÚDE OCUPACIONAL DO SEGUNDO PARA O TERCEIRO ESTÁGIO DE MATURIDADE 81
- Por que ainda ocorrem acidentes em ambientes supostamente seguros? 81
- Dos riscos no trabalho: conhecer para resolver 82
- Do gerenciamento da Segurança e Saúde Ocupacional – SSO 86
- Do vértice do problema: dos riscos do trabalho 87
- Do vértice da resolutividade: solução do problema – riscos 90
- Do vértice da governabilidade: do poder para resolver 95
- SUGESTÕES PARA REVISÃO, ELABORAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE FERRAMENTAS DE AUXÍLIO À GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL 100
- Revisão e atualização dos padrões de trabalho 100
- Definição de prioridades nas ações de SSO 107
- Ferramentas de apoio à Gestão de SSO 114
- Treinamento em SSO 126
- Prevenção de novos riscos 127
- SUGESTÕES DE MELHORIAS DE SSO LEVANTADAS EM SEMINÁRIOS INTERNOS PROMOVIDOS PELAS EMPRESAS ONDE O DIAGNÓSTICO DE MATURIDADE DE SSO FOI REALIZADO 130
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 143
NOTAS 144
PARTE 1
ASPECTOS CULTURAIS INFLUENCIAM AS AÇÕES DE SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NAS EMPRESAS
Porque ocorrem acidentes em ambientes supostamente seguros?
01. ASPECTOS CRÍTICOS DA SEGURANÇA NO TRABALHO AINDA FORTEMENTE MARCANTES NAS EMPRESAS BRASILEIRAS (Os desafios da Segurança e Saúde Ocupacional)
Ao acompanhar há mais de trinta anos a trajetória da Segurança e Saúde Ocupacional (SSO) no Brasil sempre incomodou não encontrar em suas ações a mesma consistência e desenvoltura observadas nos demais segmentos das gestões empreendidas pelas empresas, sobretudo no que se refere às finalidades de seu negócio.
Essa impressão é fruto das vivências técnico-pedagógicas estabelecidas não só com trabalhadores em quase todos os ramos de atividades econômicas, mas também com profissionais dos Serviços Especializados de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), passando pelas médias gerências até os mais elevados escalões de empresas em diversas regiões do País.
Na Fundacentro, por mais de vinte e cinco anos, foi possível acompanhar e, na maioria das vezes, participar direta ou indiretamente de grande parte das tentativas de concepção e desenvolvimento de sistemas de gestão de SSO que tratassem, com a devida importância e com o rigor necessário, das questões da Segurança e Saúde Ocupacional nas empresas.
A partir da experiência frustrante do Mapa de Riscos – que não produziu os resultados esperados – foi necessário mudar o eixo da abordagem, coletar dados, entrevistar pessoas, estudar programas de Segurança e Saúde Ocupacional de empresas e levantar informações para entender melhor as razões do sucesso parcial ou do insucesso das ações de SSO até então desenvolvidas, sobretudo nas empresas de grande porte. A consistência dos dados levantados permitiu aventar algumas considerações, opiniões e conclusões relevantes, como verão a seguir.
1.1. Dificuldades que interferem nas ações de SSO, impedindo-as de romper as barreiras que as situam em segundo plano nas organizações |
Abrimos o presente capítulo com a indagação que necessariamente se impõe: como e com que deferência é tratada a segurança no trabalho na maioria das empresas brasileiras? O ponto de partida para o desvendamento da questão inicia-se pela abordagem de algumas variáveis consideradas de alta relevância envolvendo a cultura de Segurança e Saúde Ocupacional ainda fortemente marcante na maioria das empresas, que estão direta ou indiretamente relacionadas à sua evolução ou estagnação. Em função da extensão e complexidade dessas variáveis, com o intuito de facilitar a sua compreensão, procuramos reuni-las em três grupos os quais denominados de eixos.
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