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Por:   •  23/11/2015  •  Relatório de pesquisa  •  50.966 Palavras (204 Páginas)  •  243 Visualizações

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO TEOLÓGICA FAMA

CURSO LIVRE DE TEOLOGIA À DISTÂNCIA

Matéria = ESCATOLOGIA

INTRODUÇÃO

Nota importante:

Apresentamos neste Curso as três Escolas Escatológicas mais conhecidas: Pré-milenar; Pós-milenar e A-milenar – Começamos apresentando a visão escatológica chamada de Pré-milenar, ou seja, a visão em que Jesus volta antes do Milênio.

CAPÍTULO 1

A HERMENÊUTICA E A ESCATOLOGIA

Sendo a hermenêutica a responsável pelo estudo das regras de interpretação bíblica não seria possível deixa-la de fora de um trabalho como este, já que a escatologia trabalha em meio a muitas profecias e passagens de difícil compreensão, por isso precisaremos conhecer os dois principais métodos de interpretação para que tomemos um caminho coerente nas Escrituras, e acima de tudo não a deturpemos para provar teorias infundadas.

O alegorismo e o literalismo são hoje, os métodos mais utilizados sendo que o primeiro vem ganhando mais espaço entre os teólogos, espaço este antes dominado, quase em totalidade, pelo método literal.

1.1- O ALEGORISMO

O alegorismo tem suas raízes no platonismo e no alegorismo judaico, dois de seus defensores são Orígenes (185-254) escritor, teólogo e professor e Clemente de Alexandria que faziam parte da escola de Alexandria. Orígenes defendia que a interpretação era dividida em três aspectos o literal, ao nível do corpo, o moral, ao nível da alma, e o alegórico, ao nível do espírito. Clemente por outro lado defendia cinco pontos a serem usados para interpretação de um texto: o histórico, o doutrinário, o profético, o filosófico e o místico. Agostinho de Hipona reformulou os sentidos do alegorismo e os transformou em quatro: o sentido literal, o que o texto realmente quer dizer; o sentido moral, uma visão do texto que retratasse um ensinamento sobre conduta; sentido alegórico, como crer e em quem crer e de que maneira; o sentido anagógico, o que o texto promete ou representa para o futuro. Assim vemos que agostinho ao ler um texto tinha consciência de seu sentido literal, mas empregava outros mecanismos para que o texto dissesse mais que o que estava escrito.

Para definirmos o alegorismo podemos dizer que este método é aquele que em lugar de reconhecer o texto como naturalmente se apresenta, perverte-o dando um sentido secundário anulando a intenção primária do escritor, um exemplo deste tipo de interpretação está em Apocalipse 20 quando João fala a respeito de um período de mil anos em que a teocracia seria instituída e o próprio Jesus reinaria sobre a terra, os alegoristas ou espiritualizadores de textos dizem que este período está sendo cumprido agora pela igreja, e os mil anos não são literais, mas sim espirituais. Grandes perigos rondam a alegorização já que esta não interpreta as Escrituras, mas dá um novo sentido a ela baseados na imaginação do intérprete, sendo que, como diz a regra fundamental da hermenêutica, a Bíblia deve explicar-se por si mesma.

Por muitos motivos a interpretação das Escrituras por alegorização deve ser rejeitada, no entanto é importante que fique claro que num sermão usa-se de alegorias para trazer um ensino à igreja dentro de um texto que às vezes foge do seu sentido literal, porém isso é permitido, pois se trata apenas da aplicação de conceitos contidos no texto em uso, o que não se permite é estabelecer doutrinas baseadas em textos alegorizados como o exemplo acima citado que perverte um ensino bíblico com uma interpretação mística de um texto que não poder ser compreendido de outra maneira senão literalmente. É importante ressaltar que o método alegórico trata-se de um sistema usado para interpretar a bíblia e nada tem a ver com alegorias existentes nas Escrituras.

1.2- O LITERALISMO

Também conhecido como método histórico-gramatical o literalismo difere do alegorismo por interpretar as palavras e frases de uma maneira natural como elas se apresentam; o Dr J.D. Pentecost define o método literal da seguinte maneira:

“O método literal de interpretação é o que dá a cada palavra o mesmo sentido básico e exato que teria no uso costumeiro, normal, cotidiano empregada de modo escrito oral ou conceitual”.

Com certeza este é o único método que satisfaz as exigências bíblicas no sentido de trazer uma interpretação equilibrada e dentro de um contexto correto, ou seja, ele não modifica a idéia inicial que o autor procurou transmitir, mas a explica de maneira coerente. A bíblia foi elaborada por Deus para que o homem conhecesse seus propósitos e mandamentos e, portanto não permitiria que este mesmo homem interpretasse seus ensinos literais dando a eles um novo sentido, portanto Deus espera que suas palavras sejam entendidas da maneira como ele as disse, é certo que temos linguagens figuradas, simbólicas e alegorias nos textos bíblicos, no entanto o fato deles existirem não obriga ao interprete usar outros métodos, pois por trás das parábolas, tipos, figuras e símbolos estão verdades literais, sabemos também que, não podem ser interpretados ao pé da letra, mas deve-se sempre buscar dentro do contexto, em passagens paralelas, tipos paralelos que tenham a explicação contida na bíblia, a compreensão correta do texto.

Um exemplo de alegoria se vê em João 15:5 quando Jesus diz que Ele é uma videira e seus discípulos os ramos, ou em João 6:51-58 onde diz:

 “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente;... Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida. Quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu, nele”.

É obvio que Jesus não é uma videira ou um pão, nem também ele gostaria que literalmente sua carne fosse comida, no entanto o que os textos expressam é o fato da comunhão, a ligação que o homem precisa ter com Cristo. Mesmo sendo uma alegoria o texto traz uma verdade literal e absoluta que não aceita outra interpretação senão a que o texto sugere.

Vejamos um exemplo de um texto que tem uma linguagem figurada que não pode ser levada ao pé da letra, mas que traz uma verdade literal. Lucas 19:40: “Mas ele lhes respondeu: Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão”. Nos é claro que as pedras não falariam, porém usa esta expressão para advertir aos que se incomodavam com o clamor do povo.

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