Biografia José santos sousa de menezes
Por: ArTuR MoReNo • 7/5/2015 • Resenha • 4.790 Palavras (20 Páginas) • 383 Visualizações
NASCIMENTO E NOME
Começo a biografia, relatando a certidão de nascimento formulada a pedido do Capitão Francisco Guedes de Mello, conforme o abaixo declarado.
Landulfo Salgueiros, Escrivão de Paz da Subdelegacia e Oficial do Registro Civil, do distrito de Caveiras, da Freguesia e Comarca de Maragogipe, Estado da Bahia, na forma da Lei.
Certifico em que a presente certidão, virem a dela conhecimento tiverem, que em meu poder o cartório do dito ofício em que sirvo, existe um livro de registro de nascimento deste distrito de Caveiras e um deles às folhas trinta....................................................aos doze dias do mês de agosto de mil novecentos e treze, neste distrito de Paz de Caveiras, da Freguesia e Comarca de Maragogipe deste Estado da Bahia e em meu cartório, conforme o Capitão Francisco Guedes de Mello, e as testemunhas abaixo nomeadas e assinadas, declararam-me que no dia vinte e oito de outubro, do ano de mil novecentos e sete, pelas oito horas da noite, neste distrito de Caveiras................................nascera uma criança do sexo masculino de nome “José” filho legítimo dele declarante e de sua mulher Dona Alice; o declarante é filho legítimo dos falecidos Capitão João Correa Guedes de Melo; Dona Constância Guedes de Mello e a parturiente é filha legítima do Capitão Aristides Batista Magalhães e Dona Ana Fraga Magalhães.
O declarante é natural e residente na Freguesia de Maragogipe, Comarca do mesmo nome, e a parturiente é natural da Vila de Cruz das Almas onde era residente. Refere sobre a multa que incorreu, conforme a petição que o mesmo fez ao Senhor Juiz de Paz deste distrito de Caveiras, cuja petição é pela forma e maneira seguinte: Ilustríssimo Senhor Juiz de Paz em exercício do distrito de Caveiras.
Diz Francisco Guedes de Mello, que por circunstância alheias à sua vontade deixou de registrar o nascimento de seu filho de nome José, nascido em vinte e oito de outubro de mil novecentos e sete cuja mãe é D. Alice de Magalhães Mello. Por isso requer a Vossa Senhoria que o releve da multa em que incorreu e digne-se por seu respeitável despacho, ordenar ao Oficial do Registro Civil a abrir o competente termo do registro. Nestes termos pede deferimento, espero receber justiça. Distrito de Caveiras, onze de agosto de mil novecentos e treze (assinado) Francisco Guedes de Mello...............................registr0 de acordo com a lei. Juiz de Paz de Caveiras, onze de agosto de mil novecentos e treze. (assinado) Daniel de Sousa Vila-Verde. E mais nada consta em a dita petição que foi inscrita em uma folha de papel assinada a qual me refuto.
Alguns anos mais tarde, seu pai, Capitão Francisco Guedes de Mello, foi ao cartório de Caveiras e completou ao nome José com Guedes Mello.
Mas, como o cartório de Caveiras (hoje Guapira) incendiou-se queimando todo arquivo, José Guedes Mello foi obrigado em 1937 a registrar-se novamente no mesmo cartório em Caveiras, dessa vez, sendo registrado como José Guedes de Magalhães, nascido em 28 de fevereiro de 1907.
Quando ele comprou as fazendas Caraipe/Sapé/Retiro no município de Nazaré, hoje Aratuipe – comarca de Nazaré, em 1936, o cartório de Caveiras ainda não tinha incendiado, e ele assinou na escritura José Magalhães Mello.
Em 1938, ao vender alguns lotes dessas fazendas não pode assinar as escrituras enquanto não consertasse seu nome. Diante da situação nomeou um advogado para cuidar do assunto, e no dia 05 de novembro do mesmo ano, a referida retificação foi finalizada com o nome José Guedes Magalhães de Mello, e foi assinada pela escrivã Antônia Clarice de Oliveira e pela Juíza Bel. Dra. Etelvina Maria Santos Silva Cardoso, Juíza de Direito da Comarca de Nazaré, Bahia.
VIDA
Em 1914 a família Magalhães de Mello mudou do arraial de Nossa Senhora da Piedade, para a Vila de São Felipe. Nesse período José Guedes começou a estudar, onde fez uma grande amizade com um vizinho e colega de escola chamado Amadeu, apelidado de Dedeu. Eram inseparáveis, tanto na escola como em passar férias juntos. Em suas brincadeiras de crianças,muitas vezes desobedeciam desobedeciam as mães.Os dois saíam escondidos dos pais para caçar passarinhos, às vezes perdendo-se nos matos, só chegando em casa já tarde, faltavando as aulas ou sempre chegando atrasados para o almoço.
Seus pais não podiam dar maior atenção. O pai de Dedeu era médico e precisava trabalhar; além do consultório ele ia atender os chamados nas fazendas, e outras vilas e povoados.
O pai de José ia todos os dias para as fazendas Serrote e Topá, onde tinha plantação de café e cereais, a fim de orientar e fiscalizar os trabalhadores em suas funções.
Em 1918 foi preciso separá-los, Amadeus foi para Santo Estevão e Zeca como era conhecido na região, foi para a vila de Cruz das Almas, ambos para estudar.
José Guedes ficou na casa do seu avô materno Capitão Aristides Batista Magalhães, na fazenda Palmeiras, hoje EMBRAPA, que morava com sua esposa e a filha América (Sinhazinha). Como seu avô vendeu a fazenda, todos foram morar na casa que tinham na vila de Cruz das Almas, situada na Praça Comendador Temístocles, atrás da igreja Católica.
Depois da morte dos avós José Guedes deixou de estudar, completando apenas o 3° ano primário. Na escola era muito brincalhão. Juntava-se com mais dois colegas um de Sapé e outro da Embira. Aí, era um Deus nos acuda. Brincadeira todo tempo, a ponto do professor Mata Pereira, pessoa competente e respeitadora se desabafar em plena sala de aula, dizendo que Jesus foi preso no Sapé, amarrado na Embira e morto na Cruz.
Como era irrequieto e não queria estudar, seu pai resolveu trazê-lo de volta a São Felipe, comprou um burro e duas malas e os deu para “mascatear”. Nas malas levava linhas, agulhas dedais, rendas, fitas, bicos,botões, enfeite de cabelo etc, e saia vendendo pelas fazendas, vilas e povoados.
Numa destas viagens chegou a um povoado em dia de missa. Depois da missa reuniu a uns jovens e resolveram fazer um baile. Mas ali não tinha uma casa em condições de baile. A não ser... na Capela. Encheram de coragem, foram ao vigário e pediram ao padre que negou dizendo que era um desrespeito a São Benedito, o padroeiro daquele povoado. Mas tanto pediram, tanto imploraram que o vigário cedeu, mas, com uma condição. Virar o Santo de costas. Assim fizeram.
O Zeca que tinha ido aquele povoado “mascatear” guardou as malas em baixo de um banco, soltou o burro num mangueiro e dançou a noite toda, não vendendo um botão sequer.
Aos 17 anos começou gostando de uma garota em São Felipe. Os pais dela não queriam aquele namoro, talvez por que ele não tinha uma profissão definida ou talvez por que a moça era nova ou doente. O certo é que prendiam a moça, que nem na janela podia ficar, só saia à rua com a mãe. Mas, mesmo assim, dava umas fugidinhas para encontrar com ele.
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