UM DISCURSO SOBRE AS CIÊNCIAS – BOAVENTURA SOUSA DOS SANTOS
Por: JosyRose • 25/4/2019 • Resenha • 812 Palavras (4 Páginas) • 291 Visualizações
Em seu texto, Boaventura nos diz que a humanidade traz o conhecimento consigo durante séculos, e que este é protegido pelas sociedades. Passado de geração à geração, ele faz com que cada nova pesquisa que se desenvolva tenha uma base anterior, não havendo a necessidade de inicia-la do zero; como no caso científico.
É salientado que não somos mais os mesmo, o grupo de indivíduos contemporâneos serão sempre diferentes em relação aos seus antepassados e aos que ainda virão. O que é verdade hoje pode não ser amanhã. O autor afirma que a ciência julga o senso comum das pessoas como ilusória, mas esquece-se que foi da curiosidade dele que ela nasceu.
As perguntas em relação à ciência são as mesmas de anos atrás, isso devido a falta de uma base sólida e esclarecida do que ela realmente pretende. Indagar corretamente a ciência é considerado a chave para o entendimento de suas pretensões.
No desenrolar do texto, o autor diz que a ciência começou a ser reconhecida apenas quando existia uma base no senso comum da humanidade, pois a população aceitava aquilo que conhece, que está no seu cotidiano, na sua rotina. Mas ainda sim a ciência insiste em não aceitar o conhecimento comum, baseia-se para tal feito em grandes atos científicos, em cientistas e em fatos. Ela manipula e transforma o real.
Através desta ciência a burguesia detém o poder. Entretanto, “a ordem e estabilidade do mundo são a pré-condição da transformação tecnológica”, como afirma Boaventura. Quando se aprofunda o conhecimento consegue-se notar como sua sustentação pode ser frágil.
Einstein revolucionou as concepções de espaço e tempo, pois para ele não havia simultaneidade. Enquanto que Heisenberg e Bohr demonstraram que não era possível observar qualquer que seja o objeto sem que o mesmo seja interferido. Com isso, o autor afirma que só podemos chegar a resultados aproximados.
Surgiram depois as filosofias de cada disciplina que aceita algum critério, tendo sempre um lado construtivo e um lado destrutivo.
A importância desse novo modo de ver as coisas, dessa nova concepção, está ao mesmo tempo na mutação e retomada de coisas novas e conceitos antigos. Prigogine por exemplo recupera conceitos de Aristóteles. Isso está fazendo com que haja uma “profunda reflexão epistemológica”.
Os homens querem deter o “conhecimento do conhecimento, ou seja, conhecer melhor a si próprio”. Abrangem “condições sociais, modelos organizacionais da investigação científica”. Acredita-se que, para haver leis da natureza os fenômenos observados independem de tudo, exceto de um pequeno conjunto de condições.
A ciência acredita poder inventar no real e que mede o seu sucesso pelo âmbito dessa intervenção. Esse conhecimento científico transforma a natureza.
Transforma também as relações entre os próprios profissionais da área, levando uns a ficarem em laboratórios e centros de investigação num processo de proletarização, enquanto outros levam a fama de cientistas renomados. Em contrapartida tornou impossível o acesso livremente pelos equipamentos e desenvolvimento cientifico, abrindo então um abismo entre países centrais e periféricos.
O paradigma que se anuncia só pode existir via especulativa. Especulação essa fundamentada no paradigma atual.
Até o momento falou-se de como viver descentemente, deixando claro que, a natureza que enfrentamos é diferente da natureza de antes, de séculos já passados. Sendo assim, o paradigma a emergir não deve ser apenas do ponto de vista cientifico, mas também do social.
Essa discussão do que é ciências naturais e sociais deixou de ter sentido e utilidade. É como se contrapuséssemos os conceitos humanos de ser, cultura e sociedade. As teorias nos levam à conceitos diversos, antes tidos somente para cada individuo.
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