DESENVOLVIMENTO DE TAPETE AUTOMOTIVO FABRICADO A PARTIR DE RESÍDUO DE BORRACHA VULCANIZADA
Por: mtreggiani • 27/8/2018 • Projeto de pesquisa • 2.069 Palavras (9 Páginas) • 404 Visualizações
DESENVOLVIMENTO DE TAPETE AUTOMOTIVO FABRICADO A PARTIR DE RESÍDUO DE BORRACHA VULCANIZADA
MODALIDADE: Artigo Científico
PROFESSORES ORIENTADORES:
Marco Túlio Domingues Costa
Edcarlos Antonio Nunes Coura
ESTUDANTES DO 3º/4º PERÍODO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO:
Gabriela Ronier Braga
Marco Túlio Reggiani Martins Pena
Tarlei Ângelo Silva
RESUMO
Atualmente, são produzidos cerca de 35 milhões de pneus no Brasil sendo que uma parte destes é destinada a exportação e outra ao mercado interno. Os pneus que já estão em desuso, podem e devem ser reciclados e/ou reutilizados na produção de diversos produtos. Como parte da matéria-prima usada na fabricação destes pneus é a borracha vulcanizada, e este tipo de material degrada muito o meio ambiente se faz necessário o desenvolvimento de métodos para a reciclagem deste material. Uma possível solução para reduzir o descarte deste e outros resíduos, como pneus inservíveis e peças técnicas, seria o desenvolvimento e a produção de tapetes automotivos feitos a partir destes resíduos. O presente trabalho descreve as etapas usadas no desenvolvimento de um tapete automotivo fabricado com o resíduo de borracha vulcanizada, bem como os parâmetros técnicos necessários para que o produto final tenha as devidas propriedades mecânicas e físicas. A viabilidade econômica e social para a fabricação deste produto também é avaliada. Espera-se que o tapete automotivo fabricado tenha as especificações técnicas necessárias para seu uso, e possua um custo beneficio satisfatório para a sua produção.
Palavras-chave: Reciclagem. Borracha vulcanizada. Tapete automotivo.
INTRODUÇÃO
A sociedade moderna se encontra em situações sócio-ambientais que precisam ser resolvidas o mais rápido possível. Um dos grandes problemas a serem solucionados, é o destino correto para os inúmeros tipos de resíduos produzidos pela população. Estes rejeitos precisam ser descartados de modo que haja uma menor degradação no meio ambiente.
Historicamente desde a década de 60, vários países estudam estratégias para minimizar os impactos ambientais sem abrir mão do avanço tecnológico, no inicio da década de 70 aconteceu o primeiro debate mundial sobre o tema com a Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo. O grande ponto deste debate foi à conscientização ambiental na produção mundial de bens de consumo (MONTIBELLER, 2001, p. 36-40).
Atualmente não apenas essa conscientização ambiental na produção é enfatizada, mas também a correta destinação de resíduos gerados na produção dos produtos. No que se refere a resíduos sólidos, a solução deste problema que muitas vezes se torna uma questão de saúde pública, surge de iniciativas privadas que financiam pesquisas em vários setores. Sendo assim, o foco principal do presente artigo é apresentar uma possível solução para os resíduos provenientes de borracha vulcanizada, pneus inservíveis e peças técnicas, através do desenvolvimento e produção de tapetes automotivos feitos a partir destes resíduos.
Para isto, serão feitas pesquisas no ramo de reciclagem de borracha vulcanizada, fabricação e reciclagem de pneus e outros setores do ramo, a fim de desenvolver o projeto dentro dos parâmetros técnicos necessários para a fabricação de um produto com qualidade e viabilidade tanto econômica quanto social.
- A BORRACHA E SUA UTILIZAÇÃO
Como definição, a borracha é um polímero onde sua principal característica é a elasticidade. Cada molécula consiste em uma longa cadeia composta por pequenas moléculas de substâncias simples, chamados monômeros e que são agrupados por meio de ligações químicas, formando então uma cadeia linear complexa constituindo o polímero. No mercado, diversos tipos de elastômeros (borracha) são encontrados, as mais comercializadas são: a natural e as sintéticas (SANTANA; SCHMIDT; SILVERIO, 1987).
A borracha natural é obtida através da seringueira cujo nome cientifico é Hevea Brasiliensis. O seu cultivo é considerado como a atividade agrícola sócio-econômica mais importante em muitos países, principalmente Malásia, Tailândia e Indonésia, que segundo a revista Globo Rural – 2017 são responsáveis por 90% da produção mundial. Já as borrachas sintéticas são derivadas do petróleo, como por exemplo, o isopreno, butadieno, estireno, cloropreno e etileno (SANTANA; SCHMIDT; SILVERIO, 1987).
Historicamente, Charles Goodyear foi o responsável pela descoberta do processo de vulcanização da borracha em 1839 e R. W. Thomson após a análise e vários estudos desta descoberta é que então criou o pneu de borracha em 1845. Após isso, muitas experiências foram realizadas para o aprimoramento das propriedades da borracha natural. A partir daí, uma nova tecnologia de fabricação de borracha veio à tona com a Primeira Guerra Mundial, e consistia na fabricação de borracha sintética, sendo até o momento os pneus fabricados apenas com borracha natural. (RAMOS, 2005).
Com o avanço tecnológico os produtos provenientes da borracha principalmente os pneus, recebem outros componentes além da borracha sintética, devido à necessidade de um longo período de vida útil. Seus projetos são feitos baseados nos esforços físicos, químicos e térmicos em que serão expostos de maneira extrema. As estruturas são cada vez mais complexas com o objetivo de agregar características favoráveis ao desempenho e segurança, confeccionado para serem indestrutíveis (KAMIMURA, 2002, p. 9).
1.1. Vulcanização
O processo de vulcanização é baseado na reação do enxofre com o polímero. É a partir da vulcanização que os produtos derivados da borracha associam a elasticidade com a resistência à deformação. Portanto, a borracha vulcanizada representa um ótimo material para a fabricação de produtos flexíveis, resistentes à abrasão, resilientes e não deformáveis (SANTANA; SCHMIDT; SILVERIO, 1987). Porem, devido ao uso do enxofre no seu processo de vulcanização, esse polímero requer cuidados no que diz respeito ao seu uso e descarte e, portanto, duas importantes questões devem ser ressaltadas: seu tempo de decomposição e sua reação perante o fogo. Referente ao período de decomposição, a FEC UNICAMP (2001) destaca que ainda não é conhecido o tempo necessário. No tocante à sua exposição ao fogo, lembrando que essa é uma cena rotineira no cotidiano urbano, AGA (2002) destaca que o dióxido de enxofre pode ser tóxico ao homem e ao meio ambiente.
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