LOGÍSTICA REVERSA DE LÂMPADAS FLUORESCENTES
Por: Fernanda Arantes • 9/12/2020 • Artigo • 1.349 Palavras (6 Páginas) • 246 Visualizações
LOGÍSTICA REVERSA DE LÂMPADAS FLUORESCENTES
Por que é tão difícil colocar em prática?
Fernanda Paes Arantes - UNINASSAU João Pessoa
Célia Sonaly Silva Santos - UNINASSAU João Pessoa
1 INTRODUÇÃO
O Brasil produz cerca de 215 mil toneladas de lixo por dia, dos quais 40% são despejados em lixões ou aterros que não contam com medidas necessárias para garantir a integridade do meio ambiente e da população local. Além disso, 8% do total de lixo produzido nem sequer é coletado. Entre esses materiais que são descartados sem nenhum tipo de tratamento, estão as lâmpadas fluorescentes, que geralmente são descartadas como lixo comum, devido à dificuldade para encontrar pontos de coleta adequados e à falta de conscientização da população para o descarte correto (THODE FILHO, 2015).
As lâmpadas fluorescentes possuem mercúrio, que pode causar sérios danos ao meio ambiente quando não descartados da maneira correta. Embora a capacidade de uma única lâmpada contaminar o meio ambiente seja praticamente nula, no Brasil são comercializadas milhões de lâmpadas por ano, estabelecendo um enorme agravante no descarte (DURÃO JÚNIOR; WINDMOLLER, 2008).
As lâmpadas fluorescentes estão na lista de materiais com obrigação de ter um sistema estruturado de logística reversa, conforme definido pela Lei 12.305 de 02/08/2010 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Com a logística reversa, é possível planejar, agir e controlar as movimentações e informações dos bens de pós-consumo ao setor produtivo através de canais de distribuição reversos (CESTARI; MARTINS, 2015).
O desenvolvimento de programas de coleta seletiva possibilita o retorno das lâmpadas fluorescentes ao processo produtivo, porém, para que funcionem corretamente, precisam do envolvimento da população, enquanto consumidor final que inicia o processo de retorno dos bens de pós-consumo. Contudo, ainda existe uma deficiência em relação a educação ambiental da população de modo que entendam o seu papel na logística reversa dos bens de pós-consumo (THODE FILHO, 2015).
A educação ambiental é fundamental para a sociedade em relação ao meio ambiente. Logo, se torna um recurso para a conscientização, a qualificação da sociedade para a preservação do meio ambiente e estimula o cidadão a pensar e agir de forma mais responsável (COELHO; VASCONCELOS, 2019). Existe uma lacuna entre a consciência ambiental, o conhecimento da PNRS e a adoção de práticas ambientais corretas, com isso, poucas pessoas sabem da existência da lei ou a conhecem com profundidade (DOMINGUES; GUARNIERI; STREIT, 2016).
Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo identificar quais as principais dificuldades encontradas na logística reversa de lâmpadas fluorescentes através de uma avaliação do nível de conhecimento das pessoas em relação ao tema e propor medidas que ajudem a minimizar o problema.
2 METODOLOGIA
A coleta de dados foi realizada através de um questionário com 12 perguntas objetivas sobre o conhecimento e experiência das pessoas a respeito do descarte das lâmpadas fluorescentes. Após ser avaliado por especialistas quanto à pertinência das perguntas e realização de um teste-piloto, foi enviado pelas redes sociais utilizando a plataforma Google Forms. O questionário foi aplicado no mês de novembro de 2019 e foram obtidas 164 respostas.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Apesar do alto nível de escolaridade dos respondentes (75% com ensino superior completo ou em andamento), a maioria afirma já ter descartado lâmpadas fluorescentes em lixo comum, embora tenham conhecimento que o mercúrio contido nas lâmpadas é um resíduo perigoso à saúde e ao meio ambiente. Os principais motivos apontados para o descarte incorreto desde resíduo são: não saber onde existe ponto de coleta, não saber que as lâmpadas deveriam ser descartadas em locais apropriados ou que o ponto de coleta que conhecem fica muito longe da região que moram, conforme mencionado por Thode Filho (2015).
A maioria dos respondentes afirma que não tentou devolver as lâmpadas fluorescentes no estabelecimento que compraram e que não sabiam que é obrigatório o retorno das lâmpadas fluorescentes para o processo produtivo. Sem o devido conhecimento sobre a forma adequada de descarte dos resíduos, não se pode esperar que os consumidores cumpram com suas responsabilidades no ciclo reverso dos produtos, implicando em impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente (DOMINGUES; GUARNIERI; STREIT, 2016).
A PNRS busca gerenciar o resíduo urbano no Brasil de forma mais ampla, porém, tem o grande desafio de definir como operacionalizar os processos (DICKEL et al., 2018). Em sua regulamentação, define alguns projetos, planos e objetivos onde os fabricantes, distribuidores, importadores e comerciantes são obrigados a destinar os resíduos sólidos adequadamente após o consumo. No entanto, ainda existe uma enorme lacuna entre as definições de ‘o que deve ser feito’ e ‘como fazer’.
Ao final da vida útil, as lâmpadas devem ser descartadas em suas embalagens originais ou, caso não haja essa possibilidade, deve ser usado material como jornal ou papelão para embala-las individualmente, evitando que se quebrem (CESTARI; MARTINS, 2015). Contudo, 69,5% dos respondentes afirmaram não ter conhecimento deste cuidado. Apesar de ser uma parcela privilegiada da população, no sentido de terem mais acesso à informação, nota-se a necessidade de mais investimento na divulgação das informações no que se refere a logística reversa deste e de outros resíduos (DOMINGUES; GUARNIERI; STREIT, 2016).
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