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MODERNIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NO BRASIL

Por:   •  30/6/2019  •  Artigo  •  992 Palavras (4 Páginas)  •  202 Visualizações

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MODERNIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO NO BRASIL

   O surgimento de novos equipamentos e inovações tecnológicas foram fatores predominantes no processo de modernização das empresas, além das inovações organizacionais e novos conceitos e estratégias de produção. As empresas tornaram-se sujeitas a uma adaptação aos avanços na estrutura organizacional com o advento dos métodos japoneses, com a disseminação desses métodos, vários países passaram a utilizar essas estratégias, inclusive o Brasil. Porém, vem sendo uma tarefa difícil trabalhar com esse modelo japonês a partir do momento que este é muito complexo em relação à suas características principais. Alguns o comparam com o fordismo, outros ditam a especialização flexível como elemento determinante. No entanto, Humphrey apresenta uma maior compreensão desse modelo ao apresentar princípios gerais que circundam essa forma de produção. Esses princípios se resumem a centralização do produto, eliminação de desperdício, tentativa e erro, todavia, esses conceitos tratam-se dos objetivos da produção japonesa e não dos métodos que devem ser empregados para alcançá-los. Portanto, há certa relatividade na implantação dos métodos japoneses , isto porque estes variam de acordo com as respectivas empresas.

   No Brasil, uma das técnicas que têm sido mais difundidas é o “just-in-time”, além das células de fabricação e programas participativos. Este é sistema de administração da produção que determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora certa, priorizando, assim, a redução dos estoques. Existem dois tipos de “just-in-time”: o interno e o externo. O externo apresenta diversas dificuldades tanto econômicas quanto estruturais da empresa e assim, portanto, não é muito difundida na indústria brasileira. Ao contrário da externa, o “just-in-time” interno é bastante popular entre indústrias de produção seriada, visto que esse sistema visa à integração das várias etapas da produção no interior de uma mesma empresa, a partir das necessidades colocadas pelas vendas e fazendo uso do sistema Kanban para informatizar o processo de produção indicado. O programa participativo CCQ (Círculos de Controle de Qualidade) também é uma parte significativa desse sistema, este programa busca envolver os trabalhadores nas decisões do processo produtivo, porém, esse programa se tornou bastante difícil de ser implementado nas indústrias brasileiras devido a ampliação do poder de decisão do trabalhador no processo de produção. Além desse sistema, o parque industrial brasileiro também fez uso das células de fabricação as quais varias máquinas estão situadas em grupos de forma a acompanhar o fluxo das peças e cada grupo está sendo operada por um único operário, gerando, assim, uma intensificação do trabalho.

   A forma como os métodos japoneses vêm sendo introduzidos nas indústrias brasileiras abrange diversos pontos, principalmente em relação às relações de trabalho. O empresariado brasileiro opta por uma reorganização do trabalho conservadora que mantém características do sistema tayorista/fordista, além de do fato das indústrias brasileiras possuírem um caráter conflitivo e autoritário, esses são fatores que dificultam a disseminação do CCQ do modelo japonês. Segundo Hirata, a resistência das empresas perante o maior poder de decisão do trabalhador sobre a produção foi um grande fator para deformação do CCQ no Brasil, o que demonstra que em nosso país, a adaptação das técnicas japonesas é algo muito difícil, visto que o empresariado apresenta uma resistência em relação a adoção de métodos baseados na participação do operário. O “modelo japonês” de produção consistia em uma organização da produção utilizando o trabalho em grupo, enquanto no Brasil, a tentativa de adoção desse modelo se resume a dificuldade do patronato em adotar seja o trabalho em grupo, seja uma participação mais efetiva dos trabalhadores na gestão da produção. Outro fator que faz com que esses programas e participação do trabalhador seja instalado no Brasil são as constantes demissões de trabalhadores.

   Humphrey afirmava que no Brasil estava sendo desenvolvido o “just-in-time taylorizado”, argumentando que os gerentes utilizam o just-in-time como um meio de definir as tarefas de trabalho e revelar se elas estão ou não sendo executadas. Além disso, esse caráter conservador da modernização brasileira pode ser percebido também pelas políticas de gestão da mão-de-obra. Seguindo o contexto de modernização conservadora e flexibilização da produção, existem empresas que adotam as políticas de cargo e salário, que se apoiam na preocupação de dividir o coletivo dos trabalhadores e incentivar a disputa entre eles para poder melhor controla-los, no entanto, essa estratégia gera um grande número de faixas e steps, tornando difícil a movimentação dos trabalhadores entre os vários postos, essa seria uma das diversas consequências do uso do método “dividir para reinar”.

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