O Assédio Moral

Rubens de França Teixeira

Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina

Professor do Curso de Administração da Universidade Norte do Paraná – Londrina/PR

Coordenador do Curso de Gestão Estratégica de Pessoas da Universidade Norte do Paraná

Endereço Institucional: Rod. Celso Garcia Cid-Km 377-PR 445 - CEP 86047-500 - Londrina-Paraná

Endereço Residencial: Rua Uruguai, 677, apto 303 cep: 86010-210

Telefone: 43-33042761 / 43-96070670

E-mail: [e-mail] 

Área Temática: Gestão de Pessoas em Organizações

ASSÉDIO MORAL: UM ESTUDO SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO DO TEMA POR PARTE DOS GESTORES DE EMPRESAS

ASSÉDIO MORAL: UM ESTUDO SOBRE O NÍVEL DE CONHECIMENTO DO TEMA POR PARTE DOS GESTORES DE EMPRESAS

RESUMO

O presente trabalho teve por finalidade identificar o grau de conhecimento sobre o tema assédio moral por parte de gestores de empresas situadas em Londrina, cidade do Norte do Paraná. Para tanto, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas  com os gestores de recursos humanos de cinco empresas de diferentes ramos de atividade. Levantou-se durante a pesquisa que há sim conhecimento por parte dos gestores de recursos humanos sobre o que é e quais os efeitos do assédio moral sobre as pessoas e as organizações. Isso, comparando as respostas obtidas durante as entrevistas com a fundamentação teórica levantada sobre o tema em análise. Contudo, também ficou evidenciado que as empresas participantes da pesquisa não possuem políticas inibidoras para a prática do assédio moral no ambiente de trabalho, mesmo sabendo de todas as conseqüências negativas de tal prática. Os entrevistados relataram que preferem não explicitar nem discutir abertamente o assunto com seus funcionários, o que demonstra uma atitude no mínimo preocupante por parte dos gestores de recursos humanos, além de ser contrária ao pensamento vigente de vários autores que tratam sobre o tema em questão.

Palavras-chave: Assédio moral,  humilhação, prevenção.

ABSTRACT

MORAL HARASSMENT: A STUDY  ON THE LEVEL OF KNOWLEDGE ON THE PART OF CEOS

The present study aimed at identifying the level of knowledge on the theme moral harassment on the part of company executives officers in Londrina –PR. Human resources directors from five companies in different activities were interviewed. The result was that the executives know what moral harassment is what its effects are on people and the organizations. However, the mentioned companies do not have inhibiting policies, even knowing about all the negative consequences of this practice. The interviewers declared they prefer not to be explicit or discuss the matter with their employees. That shows, to say the least, a worrying attitude on the part of the human resources directors as well as being contrary to the current thought of various authors on this theme.

Key- words: Moral harassment; humiliation , prevention

1. INTRODUÇÃO

Desde o desenvolvimento do capitalismo  e da chamada sociedade de mercado que empresas e indivíduos passaram a interessar-se muito mais pela busca de progresso material, de lucro, deixando de lado muito dos valores morais que regiam a sociedade pré-capitalista.

Na visão de Heloani (2004), se por um lado o furor expansionista do capital conquistou-nos financeiramente, por outro, tal processo de expansão comprometeu seriamente nosso discernimento, ou, como cita o autor, nossa saúde moral.

De fato, em muitas organizações, as relações afetivas e sociais de trabalho foram atropeladas pela busca incessante por produtividade e lucratividade a qualquer custo, gerando atritos e constantes opressões no ambiente de trabalho, causando sérios danos à saúde física e mental dos trabalhadores.

O que se observa nos dia de hoje é que, graças a um processo cada vez mais intenso de globalização, de automatização e de informatização empresarial, criou-se um fenômeno de hipercompetitividade no mundo corporativo, e como conseqüência, aumentam as demandas sobre os trabalhadores por meio de reestruturações e enxugamentos organizacionais, reduções salariais e perdas de benefícios e direitos conquistados por meio de duras batalhas junto aos donos do capital. Este cenário apresenta-se perfeito para a disseminação do assédio moral.

Cabe ressaltar que o assédio moral no trabalho é tão antigo quanto o próprio trabalho, mas somente na década de 1990 é que foi identificado como fenômeno destruidor do ambiente de trabalho, que diminui a produtividade e favorece o absenteísmo, devido aos desgastes psicológicos que provoca. Mais, as as perspectivas são realmente sombrias para as próximas décadas, pois segundo pesquisa pioneira da Organização Mundial do Trabalho, realizada em 1996, e da  Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do mal estar na globalização, onde predominarão depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas ao sistema capitalista.  

As conseqüências sofridas pela vítima do assédio moral vão de degradações da auto-estima a problemas físicos e psíquicos que podem prejudicar não somente a vítima como também o ambiente onde ela está inserida. Um exemplo disso é a redução da eficiência dos demais trabalhadores na prestação de seus serviços.

Portanto, o assédio moral, se não reprimido, pode trazer diversas implicações ao ambiente de trabalho, cabendo a alta administração a tarefa de conhecer o tema e suas conseqüências a fim de tomar providências para que tal fato não ocorra e afete o bom andamento da empresa em geral.

Desta forma, este trabalho tem por finalidade levantar o grau de conhecimento acerca do tema assédio moral por parte da administração das empresas em análise, bem como identificar se as mesmas possuem políticas inibidoras do tema, para isso foi realizada uma pesquisa qualitativa utilizando como forma de coleta de dados entrevistas gravadas junto a diretores de recursos humanos de cinco empresas atuantes em Londrina.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Assédio Moral: definições

Para início de discussão, acredita-se ser relevante apresentar as definições sobre o assédio moral no ambiente de trabalho.