O Imperialismo

  Quanto mais imperialista ou colonialista é o país, mais violento e menos cordial e pacífico ele é.  O Brasil não é um país colonialista ou imperialista, porém até hoje continua com muitos traços de um país colonizado. O que explicaria a violência epidêmica no nosso território (o Brasil é o 12º país mais violento do planeta, com 29 assassinatos para cada 100 mil pessoas).

  Para entender melhor esta nossa “cordialidade” deve-se ter em mente as duas heranças que estão presentes na nossa cidadania: a colonização, como dito anteriormente, e a escravidão. A colonização produziu em nós o sentimento de submissão, tendo que assumir as formas políticas, a língua, a religião e os hábitos do colonizador português. Em consequência criou-se a Casa Grande e a Senzala. Elas foram internalizadas na forma de um dualismo perverso: de um lado o senhor que tudo possui e manda e do outro o servo que pouco tem e obedece ou também a hierarquização social que se revela pela divisão entre ricos e pobres. Essa estrutura subsiste na cabeça das pessoas e se tornou um código de interpretação da realidade e aparece claramente nas formas como as pessoas se tratam nas redes sociais. Ou seja, as questões do racismo e preconceito no Brasil não se limitam somente a uma mentalidade de “superioridade da raça”, mas também a uma herança da época da colonização que impõe um determinado tratamento segundo a classe social.

  A “cordialidade” do brasileiro está presente não só entre os diversos grupos sociais e raciais do Brasil, mas também aos estrangeiros. Diga-se de passagem que muitas pessoas tem a ideia de que o brasileiro é educado e receptivo com estrangeiros, porém, a pergunta que fica é com que tipo de estrangeiro ele é “cordial”? O Brasil como uma ex-colônia ainda vê os países desenvolvidos como referencia e como um exemplo a seguir, por isso ainda damos tanta importância ao que vem de fora do Brasil, por exemplo produtos comerciais, como roupas, acessórios, eletrônicos etc. Porém os países subdesenvolvidos, como nós, são vistos como concorrentes no mercado de crescimento ou “ países ultrapassados “, e é por isso que muitas vezes quando recebemos estrangeiros latinos ou africanos, estes são vistos como um estorvo, por exemplo os refugiados haitianos que vem para o Brasil a procura de uma nova vida.

  Então o brasileiro é hospitaleiro, receptivo e cordial? Sim e não. O nosso tratamento depende muito da classe social e nacionalidade de um individuo, e isso é devido a uma mentalidade antiga imposta pelas classes dominantes durante o período da colonização que criou um abismo divisório entre ricos e pobres, negros e brancos, europeus e americanos e não europeus e não americanos.  

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