O que é Burocracia
Por: Liliana Vanessa • 9/11/2017 • Resenha • 775 Palavras (4 Páginas) • 805 Visualizações
MOTTA, Fernando C. Prestes. O que é Burocracia. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991. 13ª edição.
O livro O que é Burocracia, de Fernando C. Prestes Motta, designa burocracia como um termo de uma administração racional e eficiente, o governo de alto funcionários, uma organização. Burocracia na realidade é poder, controle e alienação. O burocratismo é a forma pela qual a burocracia administra as coletividades, e apresenta três fontes principais, que são elas: a) a função desse aparelho é a gestão da empresa e de suas relações com o resto da economia; b) a segunda fonte está no Estado moderno que se tornou um instrumento de controle e administração de um número cada vez maior de setores da vida social; c) a terceira fonte do burocratismo está no crescimento das organizações políticas e sindicais. O resultado é uma verificação curiosa sobre o efeito da burocracia na construção do entendimento, a partir de um ponto de vista amplo do papel das organizações na sociedade. A burocracia é o principal elemento de um sistema contraditório, essa contradição é justamente na forma que alguns possuem a propriedade dos meios de produção, e outros não a possuem, o sistema capitalista é um exemplo de contradição por excelência. Não se pode dizer que um país seja socialista e burocrático, visto que os dois adjetivos juntos não se aliam. Quando falamos que burocracia é poder, falamos na verdade de vários fenômenos associados, como uma classe dominante – que surgiu na União Soviética ou na camada social de altos funcionários públicos e administradores de empresas nos países capitalistas, e como uma organização – como empresas, escolas, partidos políticos, sindicatos e as prisões, onde a divisão do trabalho é sistemática e disciplinadamente conduzida para os fins pretendidos. Quando a burocracia é considerada um poder, ela surge como um grupo social que se separa do resto da sociedade e se impõe a ela, dominando-a, pois, esse modo de burocracia leva o homem ao vazio e à luta por pequenas posições na hierarquia social de prestígio ou de consumo, desta forma, a burocracia, que é a forma de organização mais racional, acaba sendo rigorosamente a mais irracional. Outra característica da burocracia é que ela é controle, de acordo com Prestes Motta (1981, p. 33), “as organizações burocráticas estão veiculadas à estrutura social”. A empresa é uma organização que controla para produzir, é, pois, aproximação de produção e de controle social no capitalismo. Na hierarquia corporativa tanto a base como o topo têm um produtor, o mestre não dava apenas ordens aos seus aprendizes, eles trabalhavam juntos, além disso, a hierarquia não era piramidal, como na empresa moderna, pois todo aprendiz poderia e almejava chegar à condição de mestre. O papel social das organizações burocráticas se evidencia verdadeiramente no exercício do controle social que se torna possível pelas relações de poder, que são sempre relações entre desiguais. A terceira característica apresentada por Motta reflete na burocracia como alienação. “A dominação se define como um ‘estado de coisas’ no qual as ações dos dominados aparecem como se estes houvessem adotado com o seu o conteúdo da vontade manifesta do dominante”. (PRESTES MOTTA, 1981, p. 59). Tal alienação é notória em diferentes níveis, em primeiro lugar, surge como perda da realidade; em segundo lugar, surge como perda de objeto; e, finalmente, surge como desapropriação; a alienação do produto do trabalho implica em alienação da natureza que fornece ao trabalhador não apenas as matérias de seu trabalho, mas também os meios de seu sustento físico. Portanto, a alienação provém da ordem burocrática e das separações que concebe, ela é subentendida às próprias características da burocracia e de suas origens, assim, a separação dirigente-dirigidos, por exemplo, está nas próprias raízes da burocracia. O sistema mais formalizado da sociedade é conhecido como organização burocrática ou simplesmente organização. As empresas constituem um tipo de organização, são centrais a sociedade, porque produzem bens e serviços; as escolas também constituem organizações, começam desde cedo a preparar indivíduos para determinados papéis no sistema produtivo; na direção dessas organizações estão estabelecidas elites que podem mudar de atitude no que diz respeito às práticas políticas ou às práticas administrativas. O autor desse livro, Fernando C. Prestes Motta, é contrário a prática burocrática, em razão de que, ele percebeu que uma sociedade que aplica a burocracia é reprimida pelo regime burocrático, trazendo tensões e problemas para sociedade; esses problemas denominado por Motta, é o poder exacerbado, a alienação sem domínio e o controle absoluto, pois a relação de elite e trabalhador (dirigentes-dirigidos) se torna cada vez mais competitivo, e mais desigual, visto que a elite oferece melhor sustento de vida para àqueles que mais mostra a força do trabalho.
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