Qualidade Nutricional dos Alimentos Comercializados no Ambiente Alimentar de uma Instituição de Ensino Superior

Qualidade Nutricional dos Alimentos Comercializados no Ambiente Alimentar de uma Instituição de Ensino Superior 

 

Introdução 

 

O termo ambiente alimentar refere-se à análise das fontes de energia e nutrientes disponíveis aos indivíduos, bem como sua qualidade e as circunstâncias relacionadas à aquisição e consumo dos produtos (HOLSTEN, 2009). Estudos têm buscado analisar aspectos relativos ao ambiente alimentar e sua influência nas práticas alimentares, como acessibilidade, disponibilidade, qualidade, variedade e custo dos alimentos (DURAN, 2013).  

Ambientes alimentares organizacionais como escolas, universidades, locais de trabalho, entre outros, são campos importantes de estudos uma vez que escolhas alimentares inadequadas, de forma regular, podem estar relacionadas ao desenvolvimento de algumas Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), como a obesidade, diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e alguns tipos câncer (GLANZ, 2005; CARDOSO et al., 2017). 

A alimentação e nutrição constituem requisitos básicos para a promoção e a proteção à saúde e potencializam o crescimento e desenvolvimento humano com qualidade de vida e cidadania. Uma alimentação saudável, entendida como um direito humano, compreende um padrão alimentar adequado às necessidades biológicas e sociais dos indivíduos de acordo com as fases do curso da vida. (BRASIL, 2012).  

Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, a alimentação adequada e saudável é um direito humano básico e envolve a garantia ao acesso permanente e regular a uma prática alimentar adequada, de forma socialmente justa. O documento cita que alimentação saudável é uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais das pessoas e deve estar em acordo com as necessidades alimentares levando em consideração a cultura, raça, gênero, etnia, condição financeira e os aspectos de qualidade, variedade, equilíbrio e moderação. Ressalta que a alimentação, além de nutrientes e combinações de alimentos, está relacionada às dimensões sociais e culturais do ato de comer, e que alimentação saudável é alimentar o corpo, a mente e o espírito, indo muito além da simples sustentação da vida (BRASIL, 2014). 

Nesse contexto, o comportamento alimentar de estudantes universitários requer atenção especial, pois ao ingressar na universidade, muitos estudantes se deparam com a necessidade de responderem por si frente às demandas alimentares. A inexperiência para pensar sobre sua própria alimentação, associada ao estilo de vida, aos aspectos culturais, socioeconômicos e psicológicos, além de circunstâncias de natureza acadêmica, podem contribuir para escolhas alimentares inadequadas. Muitas vezes o próprio espaço universitário não proporciona um ambiente alimentar favorável ao consumo de alimentos considerados mais apropriados (OLIVEIRA,2017). 

Quanto mais restrito em termos de disponibilidade, acesso a alimentos saudáveis e opções de qualidade com preços acessíveis, maior influência o ambiente terá sobre as escolhas alimentares, pois ambientes alimentares inadequados podem desestimular o consumo de frutas e hortaliças, e estimular o consumo de alimentos considerados menos saudáveis (LYTLE, 2009; LUCAN; MITRA, 2012). 

 Desta forma, o estudo sobre ambiente alimentar universitário demonstra ter um papel fundamental não só na identificação do que os consumidores adquirem em termos de alimentos, mas também quais os fatores que permeiam a escolha destes alimentos. 

 

 Objetivo Geral 

 

O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade nutricional dos alimentos comercializados no ambiente alimentar no entorno de uma Instituição de Ensino Superior.  

 

Objetivos Específicos 

 

Avaliar a qualidade nutricional dos alimentos comercializados no ambiente alimentar no entorno de uma Instituição de Ensino Superior. 

Relacionar maus hábitos alimentares dos estudantes universitários com a influência de um ambiente alimentar inadequado. 

Identificar a importância de um ambiente alimentar com opções de alimentos saudáveis e com custo acessível e a sua contribuição na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis; 

Descrever as opções consideradas mais saudáveis oferecidas neste ambiente alimentar. 

 

Justificativa 

A alimentação adequada e saudável só é viável a partir de ambientes alimentares que garantam o acesso a alimentos e sustentem condições mínimas em que as pessoas sejam capazes de prosperar (WHO, 2008).  

Diante deste contexto, o trabalho objetivou analisar o ambiente alimentar no entorno do campus principal do Centro Universitário Augusto Motta, analisando a qualidade nutricional dos alimentos comercializados no mesmo, classificando-os conforme a predominância da oferta de alimentos: in natura ou minimamente processados, processados e ultraprocessados. 

 

 

 

Revisão da Literatura 

Ambiente Alimentar 

 

Ambientes alimentares são estruturas dinâmicas que sofrem influência de processos sociais e econômicos, e interferem no acesso aos alimentos ao longo do tempo. A avaliação do ambiente alimentar é complexa e necessária para analisar o seu efeito no comportamento alimentar individual, fornecendo assim, informações para definições de políticas relacionadas à alimentação saudável, combate à obesidade e outras DCNT (PULZ, 2014). 

O ambiente alimentar é dividido em três categorias: Ambiente alimentar de restaurantes, Ambiente alimentar de varejo e Alimentação local. O ambiente alimentar de restaurantes é formado por restaurantes de serviço rápido e informal (fast food) a restaurantes de serviços completos; o ambiente de varejo alimentar consiste nos supermercados, mercearias, lojas de conveniência e armazéns; e o ambiente alimentar local é formado por cooperativas de venda direta do produtor familiar, que traz o simbolismo do valor dos alimentos e dos mercados de agricultores (PULZ, 2014). 

Quanto mais restrito em termos de disponibilidade, acesso a alimentos saudáveis, e opções de qualidade com preços acessíveis, maior influência o ambiente terá sobre as escolhas alimentares, pois ambientes alimentares inadequados podem desestimular o consumo de frutas e hortaliças, e estimular o consumo de alimentos menos saudáveis (LYTLE, 2009; LUCAN; MITRA, 2012).  

Diversos aspectos interferem no ambiente alimentar, inclusive questões étnicas, sociais e econômicas. Além disso, áreas conhecidas como desertos alimentares estão sendo associadas à exclusão social, sendo caracterizadas como regiões de acesso limitado a alimentos saudáveis, representativos da cultura alimentar local e preços acessíveis (GLANZ et al., 2005).