A Arquitetura Moderna
Por: Caroline Morato • 19/5/2016 • Trabalho acadêmico • 3.436 Palavras (14 Páginas) • 900 Visualizações
Estudo Sobre a Arquitetura Moderna
Antes de chegarmos ao conceito do que é a arquitetura modernista, devemos saber quais foram as causas, motivos e acontecimentos que influenciaram sua origem, principalmente os que se deram através de mudanças significativas da sociedade e que remontam não só a um século anterior ao seu surgimento no século XX – que com certeza foi um século marcante devido a essas mudanças tecnológicas e urbanas – mas também aos demais séculos e períodos onde a sociedade, bem como a arquitetura que a circunda, sofreram transformações que, com suas consequências e feitos colaboraram para cada movimento e estilo ser composto, como por exemplo no século XIX – que mais abordava um ideal de releitura baseado em antigos movimentos e estilos, como por exemplo o neogótico e o neoclássico – onde podemos ver um exemplo disto no projeto da Bibliothèque Nationale de Paris - LaBrouste, que dispensando qualquer tipo de historicismo e utilizando de seu racionalismo estrutural, fez com que a forma precisa de sua execução implicasse uma nova estética, cujo potencial só seria percebido em obras construtivistas do século XX.
Sumarizando a arquitetura moderna a uma perspectiva de seus principais conceitos e também ao que seria o modernismo em arquitetura e urbanismo, podemos dizer que, é o reflexo das grandes inovações técnicas e transformações que começam a surgir já no fim do século XIX e o conjunto de movimentos, escolas e estilos arquitetônicos que vieram a caracterizar a arquitetura produzida durante grande parte do século XX – especialmente entre os períodos das décadas de 20 e 60 -.
Podemos observar alguns desses fatores que compartilharam para as transformações na arquitetura do século XX:
- A utilização de novos materiais e elementos estruturais que passaram a ser considerados de um modo abstrato e utilizar uma concepção estrutural determinada pela matéria e pela finalidade.
- O aumento e também a melhor distribuição de renda que aconteceu neste período e que fez surgir uma nova classe média, que dominou a cultura e o pensamento da sociedade. Essa nova classe social, demandando por melhores condições de vida e querendo morar em cidades ao invés do campo, financiou grande parte do desenvolvimento urbano e consequentemente, da arquitetura.
- O barateamento de antigos materiais tais como o ferro e o aço – que começaram a ser produzidos de modo mais eficiente – fez com que surgisse o conceito do concreto armado (a inserção de uma estrutura ou armadura de metal por dentro do concreto), o concreto armado permitiu a construção de prédios mais altos e mais baratos.
- O adensamento urbano e valorização dos terrenos na cidade, que gerou a ecessidade de verticalização.
- O desenvolvimento do capitalismo que fez que as construções mais importantes fosses prédios de escritórios, lojas de departamento e fábricas, ao invés de igrejas, catedrais e palácios como antes.
Devido a essas transformações e esse avanço tecnológico, como a utilização do ferro de maneira nunca antes vista nas construções e o uso de novos materiais, o desenvolvimento de uma estrutura metálica à prova de fogo e os arranha-céus, este estilo se tornou diferente e oposto de todos os outros, sendo um de seus princípios básicos rejeitar toda a arquitetura anterior ao movimento, não possuindo nada similar a tratadística ou o compositivismo beaux-arts, e surgindo justamente com a gênese do movimento moderno, sendo as interpretações anteriores apenas conseqüências desta forma de pensamento e com as profundas transformações estéticas propostas pelas vanguardas artísticas das décadasde 10 e 20, em especial o Cubismo, o Abstracionismo -com destaque aos estudos realizados pela Bauhaus, pelo De Stijl e pela vanguarda russa- e o Construtivismo, fazendo também com que os elementos de valor simbólico ou compositivo – ornamentos e a ordem – fossem vistos pelos modernistas como elementos típicos dos estilos históricos, sendo assim, algo a ser combatido, além do funcionalismo que acaba se tornando a parte essencial do projeto, propondo o movimento moderno como uma nova metodologia da composição arquitetônica, baseada na abstração e em uma nova decomposição, tentando alcançar e identificar também os elementos funcionais de cada função individual objetiva, chegando ao conceito de Existenzminimum.
Outra característica importante foi a ideia de industrialização, economia e a recém-descoberta noção do design, que com isso gerou o pensamento de que as construções deveriam ser econômicas, limpas e úteis. Podemos utilizar de duas frases para expressar de forma simples está nova linha de pensamento, “Menos é Mais” frase cunhada pelo arquiteto Mies Van der Rohe e “A Forma Segue a Função”, do arquiteto proto-moderno Louis Sullivan.
Em suma, o que melhor caracteriza a arquitetura moderna é a utilização de formas simples, geométricas, e desprovida de ornamentação, valorizando-se o emprego dos materiais em sua essência como o concreto aparente, em detrimento do reboco e da pintura, mas ainda assim não há ao certo uma ideologia única que descreva a arquitetura modernista, já que suas características podem ser percebidas em diferentes vertentes e origens diversas, como na Bauhaus e com Walter Gropius, na Alemanha; em Le Corbusier, na frança – fazendo parte do racionalismo e funcionalismo – e em Frank Lloyd Wright nos EUA – compondo o organicismo –.
A começar pela Bauhaus, que foi de grande importância para este período – século XX – se não a de maior importância, e que influenciou e continua influenciando a arte e arquitetura até os dias de hoje. Em 1915, o arquiteto-designer Belga Henry van de Velde procurou o arquiteto alemão Walter Gropius para que o mesmo o sucedesse, sem imaginar as consequências extraordinárias que este evento e a nova escola que Gropius fundaria teria. Assim nasce a Bauhaus, nomeada através da junção das palavras bauen (construir) e Haus (casa) e expressando o idealismo da visão de seu criador. Este termo era basicamente uma metáfora para a teoria do GESAMTKUNSTWER – “ a obra total “ –, em que Gropius acreditava.
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Fundada em 1919 na cidade de Weimar na Alemanha, integrando a Academia de Belas Artes de Weimar e a Escola de Artes Aplicadas de Weimar e que apesar de ter possuído uma breve história com relação ao seu funcionamento – 14 anos – e de ter possuído aproximadamente apenas 1.250 alunos e de sua pequena – porém significante – contribuição para o repertório de artefatos materiais do século, sua fama e sua repercussão ainda é de grande fascínio para as gerações que a sucedem. Foi uma utopia que combinava a arquitetura, escultura e pintura em uma única expressão criativa e tinha um conceito radical de reimaginar o mundo material para refletir a unidade de todas as artes, Gropius desenvolveu um currículo baseado em ofícios que tornariam os artistas e designers capazes de criar objetos belos, funcionais e úteis, apropriados para esse novo sistema de vida, dentro do conceito da Bauhaus o artista não era diferente do bom artesão e é a partir desse pensamento que surge um artista até antes desconhecido, o desenhista industrial.
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