A Cidade Jardim
Por: Carla Ribeiro • 31/10/2017 • Dissertação • 4.950 Palavras (20 Páginas) • 709 Visualizações
RESUMO
Este Trabalho tem por finalidade a análise do desenvolvimento do conceito de Cidades Jardins (Garden Cities), criado por Ebenezer Howard na Inglaterra, estabelecendo o percurso histórico que induziu sua concepção, a partir do estudo de suas ideias políticas e filosóficas. Avaliando, assim, sua implicação nas intervenções urbanísticas das cidades e na produção do espaço urbano atual.
Palavras-chave: Cidade Jardim. Urbanismo. Ebenezer Howard.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. FORMAÇÃO DA CIDADE INDUSTRIAL INGLESA 05
2. A CIDADE JARDIM - O PENSAMENTO DE E. HOWARD 09
2.1. OS TRÊS ÍMÃS: CIDADE, CAMPO E CIDADE-CAMPO 09
2.2. O MODELO 11
2.2.1. Londres x Cidade Jardim 11
2.2.2. O centro público 12
2.2.3. O palácio cristal 12
2.2.4. Casas 12
2.2.5. População 13
2.2.6. A avenida central 13
2.2.7. Instalações industriais periféricas 13
2.2.8. A agricultura suburbana 14
2.2.9. Liberdade econômica 14
2.2.10. Comércio 14
2.2.11. Comunicações 15
2.3. AS PRIMEIRAS CIDADES-JARDINS 16
2.3.1. Letchworth 16
2.3.2. Welwyn. 18
CONCLUSÃO 20
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
INTRODUÇÃO
Durante os séculos XVIII e XIX os países industrializados sofreram grande expansão urbana e financeira, baseado nas péssimas condições de vida da cidade liberal, surgiram novas propostas urbanísticas que idealizavam um equilíbrio entre o crescimento econômico e os problemas sociais integrados ao desenho da paisagem.
Na Inglaterra, no século XVIII, iniciavam-se inovações básicas para o desenvolvimento industrial, desse modo, o campo se moderniza e gera alterações na realidade rural desencadeando mudanças na estrutura do país. Enquanto os grandes proprietários de terra aumentavam e modernizavam a produção, os camponeses que utilizavam as terras de forma comunal tornaram-se privados dessa fonte de recursos e a incapacidade de produzir o necessário em seus pequenos lotes de terras, os obrigou a abandoná-las e a tentar melhores condições de vida nas cidades.
Com isso, baseando-se principalmente nas péssimas condições de vida da cidade liberal, Ebenezer Howard propõe uma alternativa aos problemas urbanos e rurais que então se apresentavam. Em o livro “To-morrow”, 1898, (chamado “Garden-cities of To-morrow” na segunda edição, em 1902) apresentou um breve diagnóstico sobre a superpopulação das cidades e suas consequências e como solução para as questões levantadas, Howard, concebe o conceito das cidades jardins (Garden Cities).
Em sua concepção, as cidades jardins buscam a naturalização da ideia de cidade, a partir do planejamento da mesma reconhecendo suas potencialidades e produzindo um ambiente urbano com os valores positivos da paisagem rural procurando um equacionar cidade e campo, ordenar a vida urbana da escala mais abrangente a mais restrita.
1. FORMAÇÃO DA CIDADE INDUSTRIAL INGLESA
O desenvolvimento de ideário de cidade-jardim se deu no contexto da revolução Industrial que desencadeou alarmantes problemas no traçado da cidade inglesa, que provocou mudanças importantes no cenário, econômico e social, em especial em grandes cidades.
A cidade de Londres em fins do século XIX obteve uma intensa produção industrial devido a revolução, desse modo, os centros urbanos existentes receberam grande parte da população, até então, rural. Esse fato fez com que a maior classe social, a operária, sofresse inúmeras consequências. Entretanto, o êxito da anterior politica mercantilista na Inglaterra, produz o crescimento econômico de sua burguesia. Esta, juntamente com parte da nobreza, irá alojar-se em Londres, nos novos bairros residenciais elegantes, abertos por nobres em suas terras, no entorno da cidade.
Figura 1: Uma rua de Whitechapel, Londres, retratada pela famosa gravura Gustave Doré, documentando a falta de espaço nas construções. A rua transforma-se em outras coisas em estar e loja.
Fonte: Ragon, Michel. Op
Já a classe operária instalava-se em becos estreitos, com pouca ventilação e iluminação. Os cortiços ficavam superlotados e algumas pessoas tinham que se acomodar pelas ruas. O sistema de higiene era precário, com valas a céu aberto contaminando os cursos de água mais próximos. Além disso, os salários eram deficientes, o que implicava em desnutrição e faltam vestimentas. Logo, esse quadro tem por consequência grandes epidemias e surtos de cólera se expandem pelas cidades, após 1830.
Figura 3: Habitações operárias.
Fonte: HOWARD, Ebenezer. Cidades-Jardins de amanhã. São Paulo: Hucitec, 1996.
Em resposta a essa situação de Londres e diversas grandes cidades começaram a serem apresentadas novas propostas de modelos de comunidade. Visto isso, em 1817, Robert Owen (1771- 1858), empresário e político bem-sucedido que introduziu com sucesso inovações em sua fábrica de fiações na Escócia, propõe a cidade da harmonia e com cooperação, com população por 1200 habitantes, destinada não só a indústria como também a produção agrícola e sua parte central ligada à habitação, serviços comunitários e administração seria transposta pela natureza próxima. Tal comunidade seria autossuficiente, na qual o excedente da produção da comunidade, depois de suprir todas suas necessidades básicas, poderia ser negociado.
Atingindo-se o limite populacional, novas unidades semelhantes seriam formadas. Esse modelo proposto por Owen foi chamado de Cidade Industrial e tais atividades, fizeram do empresário pioneiro do cooperativismo
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