A Tipologia Arquitetônica
Por: Phillype MalikueSy • 20/5/2017 • Artigo • 1.801 Palavras (8 Páginas) • 306 Visualizações
Novas Formas De Se Ver A Arquitetura
“(...) qualquer cultura de projeto vive de uma intensa dialética entre continuidade e descontinuidade, entre permanência e mutações, entre recorrências e casualidades. Por um lado, não pode existir um autêntico avanço de uma pesquisa se esta não goza de uma relativa estabilidade no tempo confirmando os paradigmas, os temas e os instrumentos disciplinares de que se alimenta; por outro, se não interviessem ciclicamente improvisas reviravoltas ou adaptações talvez traumáticas dos quadros teóricos e operativos consolidados, a própria pesquisa arriscaria repetir-se em fórmulas já experimentadas, caindo em uma imobilidade perigosa. ”[1]
O processo de transformação das normas arquitetônicas, também se encontram presentes nas delimitações de espaço - público e o privado. É necessário se perceber em que ponto, tais normas devam ser levadas em consideração e como serão aplicadas pelo arquiteto, para se estabelecer um vínculo com o passado sem negar a personalidade individual do projeto, essas adaptações citadas necessitam ser tomadas como relevantes, pois isso futuramente estará presente na memória daquela construção e nos “tipos” que se criaram a partir desses ideais.
A arquitetura é um campo em que a abstração, a reflexão e a observação são pontos de extrema importância no processo de criação do indivíduo. Falar que o artista é um ser que para exprimir suas ideias e transformá-las em uma obra física, encontra a necessidade de absorver informações e inspirações do externo, é falar o óbvio, do que a maioria das pessoas já sabem e do que vem sendo tratado nesse artigo; mas devemos prestar a atenção que não se deve tomar como certo ou como dizem os americanos “take for granted”, tudo o que se observa e se lê no processo de prática experimental do projeto. Muitas das ideias que nascem nesse processo, em muitos casos devem ser armazenadas no HD externo do profissional, e futuramente aquilo que não serviu para um projeto passado posso ser introduzido num projeto atual, isso seria a chamada pelos gênios da computação de “inteligência artificial”,[2] sem as máquinas, supostamente. Uma frase citada pelo teórico Walter Benjamin, da Escola de Frankfurt, em que ele diz: “ Eu sou indiscutivelmente deformado pelas relações de tudo o que me cerca “, exprime essa relevância de se ater a tudo que está ao seu redor e conseguir compreender o passado e o presente de uma forma a afetar o futuro no modelo de construção e tipologia arquitetônica.
O interesse pela tipologia é retomado precisamente na déc. De 60 por Giulio Carlo Argan em uma publicação sobre o teórico francês do século XIX, Quatremère de Quincy[3]. Une-se a este momento a teoria de que existem “três tipos de visão do mundo”, sendo elas: o naturalismo, o idealismo da liberdade e o idealismo objetivo; reafirmam a arquitetura como algo que vai muito além da complexidade de uma construção, colocando-a como algo que transcende o plano físico e adentra o espiritual, passando pela ciência e incorporando um caráter social, por isso se fala em um campo atrelado as Ciências Sociais Aplicadas, que têm por objetivo: entender quais são as necessidades da sociedade e, também, quais são as consequências de viver nesta sociedade.
O ideal de forma e função, duas importantes vertentes desse movimento “La Tendenza”, parece não impressionar os arquitetos do grupo para segui-lo, pode se notar que tanto a forma como a função são dissociáveis com o tempo; um edifício usado a 50 anos como uma farmácia, hoje pode ter uma ocupação totalmente diferente como uma escola de inglês; por exemplo. E quanto a sua forma, a partir dessa mudança na sua função, a forma pode se manter inalterada, dando a mesma forma, funções completamente opostas. Usos diferentes, situações diferentes, contextos diferentes, fazem a obra ter significado. Atrelado a isso, a conservação de certos edifícios públicos por iniciativas privadas, pode instituir uma relação histórica e de memória com o lugar, capaz de interferir na capacidade das pessoas de se sentirem parte ou co-participantes da cidade onde residem. A arquitetura não é feita apenas pelos construtores, ela é também possível de ser desenvolvida pelos observadores que a constituem, que fazem com que ela efetivamente tenha uma função, seja um objeto de prestígio, de contemplação e de uso ao longo de sua concepção.
A Tipologia No Cenário Urbano
A cidade para Aldo Rossi e seus companheiros de movimento, se torna uma protagonista na arquitetura; é o lugar onde tudo que já foi discutido até aqui se torna concreto; e onde se estabelece as relações de forma, espaço, função, continuidade e onde se percebe os tipos existentes numa sociedade em constante transformação.
No contexto urbano “os monumentos”, são o que confere o sinônimo de coletivo, onde essas relações se formam e são observadas; sendo um aspecto de total importância para se compreender como funciona a interação dos indivíduos com o lugar onde habitam e transitam, e como essas trocas entre espaço construído e espaço natural se relacionam. A área-residência, seria o outro lado dessa armação de cidade, é nessa fatia que o fato de individualidade se torna mais presente. As casas, as ruas e o bairro é o modo mais eficaz de entender como as pessoas vivem, em que e como trabalham, quais são suas formas mais variadas de lazer, em fim o cotidiano e a cultura da forma urbana intimamente ligado à sua evolução física e social. Pode-se dizer que a arquitetura vernacular[4], é uma expressão de área-residência, pois a grande maioria do que se vê e é construído, foi feito pelos próprios habitantes do lugar e mostram aos forasteiros como é viver ali e como esses habitantes querem viver.
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