Capítulos Iniciais de "Morte e Vida de Grandes Cidades"
Por: Kelly Magalhães • 21/2/2021 • Relatório de pesquisa • 693 Palavras (3 Páginas) • 144 Visualizações
Nos dois primeiros capítulos do livro Morte e Vida de Grandes Cidades, a autora retrata o uso das calçadas a partir da observação e comparação do cotidiano das cidades norte-americanas. Para Jacobs (2007), a rua e a calçada têm funções que se entendem muito além da circulação de meios de transporte e pessoas. Esses dois elementos refletem a maneira como a cidade é vista pelas pessoas, uma vez que “se as ruas da cidade parecem interessante, a cidade parecerá interessante; se elas parecem monótonas, a cidade parecerá monótona” (JACOBS, 2007, p.30).
Assim, ela introduz a relação presente entre a segurança e o uso das ruas. Certo que as cidades refletem o que acontece em suas ruas, se tivermos ruas livres de violência, também teremos, aparentemente, cidades livres de violência. Entretanto, apresenta-se algumas problemáticas em relação a existência dessa segurança: as ruas de uma região de alto padrão, por serem “mais tranquilas”, são realmente mais seguras que as ruas de um subúrbio que, geralmente, são mais movimentadas? As ruas de uma cidade grande são menos seguras que as ruas de uma cidade pequena?
A partir desse ponto, explica-se as diferentes perspectivas sobre como a segurança nas ruas são alcançadas. Segundo a autora, para alguns planejadores urbanos para se alcançar um “lugar tranquilo” é necessário que não tenhamos pessoas estranhas transitando pelas ruas do bairro/distrito. Sendo assim, para afastar desconhecidos é preciso também afastar os lugares que possibilitam a presença delas, como bares, lojas, supermercados, etc. Podemos citar ainda vários exemplos de distritos de classe alta ou média que optam por construir uma barreira física, como muros e cercas, para afastarem esses estranhos e se sentirem mais seguros, se tornando as famosas “cidades dentro de outra cidade”. Assim, surgem questionamentos em relação a esse ponto de vista, pois a ausência desses lugares faz com que as ruas se tornem mais vazias, então será que ruas mais vazias, de fato, trazem maior segurança? E será que as pessoas que tem o direito de estar dentro desses muros também são realmente confiáveis? Na maioria dos casos, devido a menor quantidade de pessoas nas ruas, a segurança dessas regiões precisa ser realizada por vigilantes.
Em contraponto, JABOBS (2007) apresenta um exemplo de algumas ruas em regiões suburbanas e em cidades pequenas, que são regadas por lugares como bares, lojas, mercearias, confeitarias, açougues, etc. Nesses lugares, a presença de pessoas desconhecidas é desejada pelos moradores, uma vez que as ruas cheias, com usuários transitando ininterruptamente, garantem a segurança da mesma. Ela expõe uma lei e ordem urbana que existe inconscientemente nesses lugares, uma vez que a segurança é feita pelos próprios moradores, ou seja, quando há uma situação conflituosa, os mesmos, inconscientemente, se veem no direito e dever de posicionarem-se e a apartarem.
Comparando essas duas situações, as ruas nos distritos de classe alta ou média e nos distritos suburbanos, assim como nas cidades pequenas, a autora observa que “essas cidades dentro de outra cidade” – os distritos/cidades reurbanizados – descartam a utilidade essencial das ruas e, juntamente, a liberdade da cidade, pois decidem por não usufruir o espaço urbano. E nos distritos/cidades tradicionais, a ordem urbana existente garante a manutenção da segurança
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