Da Bauhaus ao Nosso Caos
Por: Daiane Batista Matsui • 11/11/2024 • Projeto de pesquisa • 1.126 Palavras (5 Páginas) • 25 Visualizações
No livro De Bauhaus ao Nosso Caos, Tom Wolfe apresenta um retrato extremamente crítico e satírico da influência da Bauhaus e da modernidade na arquitetura ocidental, especialmente na arquitetura americana. Wolfe usa seu estilo característico de ironia e desprezo para tentar descobrir como as cidades se transformaram nas visões frias, inumanas e bizarras que ele conheceu e detestava. O livro é, nas suas próprias palavras, “uma autópsia da arquitetura moderna” que foi negligenciada pelo seu suposto propósito, que era transformar o edifício em “uma máquina de morar.” A Bauhaus era “a instituição que deveria se tornar um baluarte do antidesejo e do antiarte, um farol contra o ornamento e o louco burguês”, mas no final de tudo, acabou se tornando apenas uma instituição “chique para os ricos. A Bauhaus foi fundada na Alemanha e estava enraizada naquela espécie de esoterismo que Wolfe acusou mais tarde de dominar o futuro da arquitetura moderna. Acima de tudo, a Bauhaus acreditava que a forma seguia a função. Portanto, a escola exigia ser a via de algum tipo de nova forma que derrubasse a maneira “totalmente desastrosa” pela qual a sociedade usava formas. Seu “órgão de entrada”, como costumava chamar, era o céu. No entanto, é exatamente aí que começa o retrato de Wolfe.
Ea Geist’s original idea do Bauhaus era construir uma arquitetura mais democrática e “aberta”. Wolfe acredita, no entanto, que o Bauhaus atingiu o efeito oposto e criou uma “hermeticidade” e uma elitização da estética, que afastou as pessoas comuns e só era legível para a elite intelectual. Segundo ele, essa arquitetura é “só o arquiteto entende disso” e que, longe de ser uma forma de arte, tornou-se um símbolo do status e superioridade cultural. Wolfe afirma que o Bauhaus transformou a arquitetura studente em um “clube fechado” onde somente eles são capazes de entender e apreciar o design. Quando o modernismo migrou para fora da Alemanha e, especialmente, após a Segunda Guerra Mundial, arquitetos americanos, com o líder Philip Johnson na ponta, além de outros, começam a copiar a estética e os detalhes do estilo Bauhaus: linhas retas, vidro em vez de as paredes e as fachadas simplificadas. Ela critica a influência de Wolfe dessa estética urbana nos EUA, onde, como ela diz, “nada é mais irritante do que ver uma cidade inteira converter-se num fossilizado um esteta pisoteador em caixas de sapato. A crítica é dupla aqui. Em primeiro lugar, ela é estética, e Wolfe está preocupado com a aparência, mas ela também está preocupada com o fato de que o modernismo desempenhou um papel enorme na separação dos seres humanos urbanos espaços onde freqüentemente ambientes monótonos e sem graça criados por sua arquitetura. Cidades que, nas palavras de Wolfe, agora são “elegantes caixas de sapato”; o prédio não tem caráter e, mais ou menos, diferente do outro.
Um ponto cha͏ve no livro é a ͏ideia d͏e uniformida͏de. Wolfe diz que o modernismo ͏trouxe um estilo só e duro, sem ver as di͏ferenças culturais e locais de cada lugar. Ele critica a cren͏ça͏ de que tod͏as͏ as cidades deviam ser iguais e que o j͏eito mode͏rnista era a única forma bo͏a de construção. Para ele, ess͏a mistura fez com que os espa͏ços nas cidades ficassem sem vida e frios. Segundo Wo͏lfe “o mundo foi u͏ma enorme e chata paisagem de cimento e vidro onde tudo é igu͏al; nada cria conexão real entre pessoas.
Ele critica fortemente a influência do modernismo na construção de edifícios públicos como escolas, hospitais e igrejas. Em vez de ser um local de acolhimento e inspiração, o modernismo criou edifícios frios, funcionais, mas sem sentido de comunidade e alma. Wolfe pergunta: “Qual é a utilidade da arquitetura que somente os arquitetos podem compreender?” Esta questão resume o seu argumento: a arquitetura que não se enquadra e fornece algo importante para a sociedade não é uma boa arquitetura..
Ademais, Wolfe também investiga a influência da crítica e da academia no fortalecimento do movimento modernista. Ele defende que muitos críticos de arquitetura e teóricos ficaram tão fascinados com a ideia de inovação que acabaram defendendo o modernismo como um dogma, uma verdade absoluta. Para ele, estes críticos apoiaram incondicionalmente os princípios da Bauhaus e a escola de Frankfurt, sem olhar para os efeitos que tiveram nas cidades e nas pessoas. Em suas palavras, "o modernismo foi imposto de cima para baixo, como uma religião, onde críticos e acadêmicos eram os padres e os arquitetos os profetas".
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