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FALANSTÉRIO FOI UM PROJETO IDEALIZADO PELO FILÓSOFO CHARLES FOURIER

Por:   •  13/3/2016  •  Artigo  •  3.586 Palavras (15 Páginas)  •  2.215 Visualizações

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1. RESUMO

            O Falanstério foi um projeto idealizado pelo filósofo Charles Fourier. A proposta dele consistia em grandes construções comunais, desse modo, as pessoas teriam a sua volta um ambiente perfeitamente agradável, onde poderiam exercitar suas atividades de acordo com suas vocações e desejos.

            Fourier defendia uma sociedade ideal, acreditando que o ser humano é bom e que os problemas estavam na sociedade que o cercava, bloqueando o desenvolvimento pleno de suas paixões. Com isso, tentou resolver este problema construindo edifícios da Falange – o Falanstério.

            O Falanstério é uma edificação coletiva, localizada fora da área urbana da cidade, com uso de materiais de pequeno valor. O projeto dividia a Falange por funções, onde as moradias mais tranquilas ficavam na ala mais próxima ao centro, às oficinas com mais ruídos e a hospedaria nas alas mais para a extremidade. Jardins fariam a ligação entre o centro e as alas, formando uma barreira para a vista do campo.[1]

2. INTRODUÇÃO

            O primeiro meio de divulgação desse projeto de Charles Fourier foi em 1822 quando ele lança um jornal denominado O Falanstério/A Falange, onde por meio deste passa a defender a proposta de reconstrução social baseada no idealismo de Jean-Jacques Rousseau. O Falanstério foi uma das primeiras formas de habitação comunitária, baseando-se na “teoria filosófico-psicológica que faz as ações dos seres humanos derivarem não do proveito econômico, mas da atração das paixões.” (Benévolo, 1994). Seu projeto pregava o fim da separação entre trabalho e lazer. Também preconizava que os bens materiais fossem distribuídos de acordo com a necessidade de cada individuo e que o sexo fosse liberado.[2]

            A proposta do artigo é dissertar sobre a proposta de Charles Fourier[3], em seu projeto de sociedade utópica. Para tanto, lançou-se mão de livros, teses de mestrado e doutorado e artigos em meios eletrônicos.

3. QUEM FOI CHARLES FOURIER?

            Político francês, economista e filósofo, foi também um dos mais radicais representantes do socialismo utópico na França, trazendo consigo a proposta de comunidade fourierista, idealizando o Falanstério. Filho de comerciante, Charles serviu ao exercito aos 17 anos, no período da revolução francesa.

            Em 1822, influenciado pelo idealismo de Rousseau[4], ele lança um jornal denominado “O Falanstério”, onde escreve sobre questões sociais e econômicas, defendendo a existência de uma ordem social natural.

[pic 1]

Figura 1- O jornal "A Falange", disponível em:

http://historiaespiritismo.blogspot.com.br/2011/01/1840-1842.html

            Propunha que a sociedade se organizasse em edifícios-cidade, trabalhando apenas no que quisessem, dando fim a dicotomia entre trabalho e lazer.

4. CONTEXTO HISTÓRICO

4.1 Socialismo Utópico

            Ao inicio do século XIX, a Europa já havia assistido ao cenário turbulento da Revolução Francesa. O industrialismo estava se espalhando não só pela Inglaterra, mas para a França e outras sociedades europeias. As cidades assistem a um crescimento bastante significativo, atraindo setores do meio rural. A população urbana começa a se desenvolver num novo meio tecnológico.        

            Com isso, a miséria acabaria por provocar novos movimentos sociais liderados por pessoas engajadas em tentar mais uma vez a mudança da realidade social. É sob este quadro social, tecnológico e mental que surge a proposta do socialismo utópico. Para veicular estas ideias, podemos citar três representantes de pensamento ocidental histórico: Saint-Simon[5], Charles Fourier[6] e Robert Owen[7].

            Em geral, as utopias que foram relacionadas ao socialismo utópico, da mesma maneira que antigas utopias literárias, que imaginavam sociedades perfeitas, traziam a proposta de serem governadas por uma elite de sábios, ou ao menos deveriam contar com a participação destes homens mais esclarecidos. Saint-Simon concebe uma sociedade industrial conduzida consensualmente pelos “produtores” – os operários, empresários, sábios, artistas e banqueiros.

“Em uma de suas primeiras obras, “As Cartas de um Habitante de Genebra a seus contemporâneos” (1803), Saint já havia proposto que os cientistas tomassem o lugar das autoridades religiosas na condução espiritual das sociedades modernas. Mas no ano de sua morte, publicará uma obra intitulada “Nova Cristandade” (1825), que já se preocupa com a ideia de uma reforma na religiosidade.” (DESROCHE, Henri. 1969).

            Se os socialistas utópicos tiveram dificuldades em concretizar os meios para atingir uma sociedade sem desigualdades, não há como negar, contudo, que eles avançaram significativamente na crítica social e política de sua época ao denunciar uma sociedade produtora de misérias, contra o pano de fundo do otimismo de muitas das cabeças pensantes da época diante de um conceito mecanicista de “progresso”.[8]

4.2 Situação Social da Época e a Infraestrutura das Cidades

             A cidade ainda possuía estrutura urbana medieval, com ruas pequenas e região portuária tumultuada com bairros operários superlotados. Com o alto índice de industrialização a cidade atraiu milhares de imigrantes, sendo ingleses de outras partes da Inglaterra e estrangeiros. Com o aumento maciço da população em pouco tempo os problemas de infraestrutura e empregos passou a fazer parte do cenário local da cidade.

             Essa situação a que Londres passou a sofrer, vale-se da crise que as indústrias mais tradicionais da cidade passaram na metade do século XIX, onde milhares de imigrantes que vieram em busca de empregos e melhores condições de vida, se depararam com um desemprego assustador.

“A situação da Europa na primeira metade do século XIX, além de ser propicia a imaginação de alguns pensadores, colaborou para que as utopias adquirissem milhares de adeptos. O reinado de Luís Filipe, de 1830 a 1848, foi marcado pela supremacia política e econômica da burguesia. Assim o espetáculo das crises e misérias vividas pela sociedade, despertava a insatisfação popular, abrindo caminho para propagação das ideias socialistas. O elevado crescimento demográfico enfrentado pela Europa, aliado ao desenvolvimento tecnológico, fez o desemprego tomar proporções alarmantes. Em meio a esta situação de desespero, baixos salários e muita miséria, os socialistas apresentam uma revolução que aconteceria sem violência, atingiriam seus objetivos por meios pacíficos. Uma nova consciência surgiria, os homens se uniriam e alterariam as relações socioeconômicas, obedecendo a um plano pré-estabelecido.” [9]

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