Fichamento: A arquitetura neoclássica – 1750-1900
Por: Andréia Kallas • 18/9/2017 • Resenha • 13.711 Palavras (55 Páginas) • 701 Visualizações
Fichamento
Este fichamento é referente à PARTE 1 do livro “História Crítica da Arquitetura Moderna”, de Keneth Frampton. Onde em seus 3 capítulos aborda questões de transformações culturais, territoriais e técnicas, dos anos 1750 à 1939 que originaram a chamada Arquitetura Moderna.
CAPÍTULO 01 – TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS: A arquitetura neoclássica – 1750-1900
1- O autor inicia seu texto nos dizendo que ao seu entender, parece que a arquitetura surgiu de duas evoluções diferentes, mas inter-relacionadas, e que por este motivo transformaram completamente e profundamente a relação entre o homem e a natureza. Sendo que a primeira é o repentino aumento da capacidade humana de controlar a natureza e a segunda foi a mudança substancial na natureza da consciência humana, já que aconteciam mudanças na sociedade, assim nascendo uma nova formação cultural que era apropriada aos estilos de vida da aristocracia empobrecida e a burguesia que progredia. O autor também cita que enquanto as mudanças tecnológicas levavam a uma nova infraestrutura e à exploração de uma maior capacidade de produção, a mudança da consciência humana produzia novas categorias de conhecimento de um modo historicista de pensamento, ponderado o bastante para ser questionado sua própria identidade. Sendo que a primeira foi fundada na ciência, tomou forma nas extensas obras rodoviárias dos séculos XVII e XVIII e deu origem a novas instituições técnicas, a segunda levou ao surgimento das disciplinas humanistas do Iluminismo, como, por exemplo, a obra de Montesquieu de 1748, Do Espírito das leis, entre outras.
2- Neste capítulo o autor nos fala sobre o excesso de utilização na utilização nos interiores rococós do Antigo Regime e a secularização do pensamento iluminista que compeliram os arquitetos do século XVIII a procurar um estilo autêntico por meio de uma reavaliação da Antiguidade. Sendo que o que os motivou não era somente copiar os antigos, e sim obedecer aos princípios em que a obra destes se baseara. Com a pesquisa arqueológica que se seguiu, os levou a uma enorme polemica: em qual das quatro culturas mediterrânicas – egípcia, etrusca, grega ou romana – deviam procurar o estilo legitimo?
3- Com a descoberta e a escavação de cidades romanas em Herculano e Pompéia, na primeira metade do século XVIII, encorajaram expedições para os sítios arqueológicos na Sicília e Grécia. E o que era ditado pelo renascentista vitruviano, que até então era dado como válido, ou seja, o catecismo do Classicismo, seria comparado com as ruínas verdadeiras. Vários desenhos em escala publicados nas décadas de 1750 e 1760, comprovam a intensidade com que eram feitos tais estudos. Foi a obra de LeRoy, chamada Ruinas dos Mais Belos Monumentos da Grécia de 1758, que promovia a arquitetura grega como origm do “estilo autêntico” que ocasionou o rancor chauvinista do arquiteto gravador italiano Giovanni Battista Piranesi.
4- Em sua obra Da magnificência e da arquitetura dos romanos de 1761, que era um ataque à Le Roy, Piranesi assegura que os etruscos eram anteriores aos gregos, como também juntos com seus sucessores, os romanos, tinham elevado o arquitetura ao mais alto nível de refinamento. Para apoiar sua pretensão ela tinha uma única prova, que eram as poucas esculturas etruscas que sobreviveram à destruição de Roma, túmulos e obras de engenharia, e segundo o autor, influenciaram visivelmente o restante de sua carreira. Suas gravuras adquiriram força em sua obra por meio da imensa grandeza nas imagens que desenhou. Portanto, eram vistas como um mito a ser contestado, com símbolos deformados, como organismos alucinantes de uma ordem em estado de decadência, como assim observou Mandredo Tafuri.
5- Nesse capítulo o autor fala sobre como Piranesi abandonou a probabilidade arquitetônica e usou mais sua imaginação. Após várias publicações , culminou sua obra eclética de ornamentação de interiores em 1769, com a manipulação alucinatórias de forma historistica. Suas invenções delirantes exerceram uma atração irresistível em seus contemporâneos, e os interiores greco-romanos dos irmãos Adam devem muito a esses voos de imaginação de Piranesi.
6- O autor nos explica nesse capítulo que na Inglaterra, o Rococó nunca foi bem aceito, e no intuito de redimir os excessos do Barroco encontra sua expressão no Paladianismo, que foi iniciado pelo conde de Burlington. Porém no fim da década de 1750, os britânicos já buscavam instruir-se na própria Roma, onde, entre 1750 e 1765, os principais expoentes do Neoclassicismo estão residindo, do pró-romano e pró-etrusco Piranesi aos pró-gregos Winckelmann e Le Roy. Assim como no lado britânico havia James Stuart, que empregou a ordem dórica grega em 1758 e George Dance, que em 1765 projetou a penitenciária de Newgate, estrutrura piranesiana que pode ter devido algo às teorias neopaladianas de proporção de Robert Morris. O desenvolvimento final do Neoclassicismo britânico foi produzido primeiro na obra do discípulo de Dance, John Soane, que resumiu num destacado as várias influências derivadas de Piranesi, Adam, Dance, e do Barroco inglês, e o revival grego que era então popular por causa de Thomás Hope, pois sua obra Mobiliário doméstico e decoração de interiores de 1807, deu um versão britânica do Estilo Imperio napoleônico, criado por Percier e Fontaine.
7- Neste capítulo o autor nos mostra como no século XVII , a consciência precoce da relatividade cultural levou Clade Perrrault a questionar a validade das proporções vitruvianas, assim elaborou sua própria tese de beleza positiva e beleza arbritária, sendo que a primeira tinha o papel normativo de padronização e perfeição e a segunda a função expressiva que possa ser determinada por uma circunstância ou característica especial.
8- O abade de Cordenoy codificou essa contestação em sua obra Novo tratado de toda a arquitetura de 1706, e substituiu os atributos vitruvianos da arquitetura: utilidade, solidez e beleza, por sua trindade própria: ordem, distribuição e conveniência. Sendo que as duas primeiras cabiam à proporção correta das ordens clássicas e à sua disposição adequada e a terceira introduzia a noção de adequação, no qual ele alertava contra a aplicação de forma errada dos elementos clássicos às estruturas utilitárias ou comerciais. O autor deixa claro que além de ser crítico em relação ao Barroco, o Tratado de Cordemoy antecipava a preocupação de Jacques-François Blondel com sua fisionomia diferenciada para ajustar-se ao caráter social de diferentes tipos de construção. Já que nessa época tinha de enfrentar a articulação de suma sociedade complicada.
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