Princípio Bioclimáticos para o Desenho Urbano

Relatório Belcher

-História

Normalmente uma nova cidade surge como resultado da conjunção de fatores sociais, políticos e econômicos. Brasília surgiu do desejo de transferir a capital do Brasil para o interior do país, com argumentos como as potencialidade e riquezas naturais que a região possuía, além de questões político-estratégicas de segurança, dentre outros.

Assim em 1956 a firma Donald J. Belcher and Associates foi contratada pelo governo brasileiro para executar os levantamentos necessários à definição do local da nova capital, numa área de 50.000 km2 previamente determinada. Neste relatório foram analisados cinco sítios denominados por cores (vermelho, verde, azul, castanho e amarelo), sendo que nenhuma era nitidamente superior ao outro.

Para a seleção da localização da Nova Capital do Brasil procurou-se superar os problemas das cidades sem planejamento, baseando a escolha do sítio em fatores econômicos, científicos, climáticos, geológicos e beleza.

Levando em consideração todos estes fatores o Sítio Castanho foi o escolhido por apresentar a combinação mais favorável. A partir deste processo de implantação da nova capital do país houve um aumento considerável da população nesta região, que desde então apresenta um continua expansão urbana.

Imagem 1. Demarcação do Futuro Distrito Federal e os Sítios (Princípio Bioclimáticos para o Desenho Urbano - Marta Adriana Bustos Romero)

-Considerações climáticas

-Ocupação Geológica do Distrito Federal

Tendo como área territorial total 5.822,1 km² o Distrito Federal é um semi-enclave de Goiás, sendo circundado por praticamente todo o território do estado; apenas na ponta sudeste o Distrito Federal faz divisa com a cidade mineira de Cabeceira Grande.

No Distrito Federal a ocupação urbana ocorreu de forma acelerada e desordenada, formando a uma das maiores aglomerações urbanas do país, também ocorreu uma intensificação das atividades econômicas nos setores agropecuário, apresentando vários problemas (hídricos, geológicos, climáticos) em decorrência destes.

Estes são facilmente observados em todas as Regiões Administrativas, anteriormente denominadas cidades satélites do Distrito Federal, que diferente de Brasília a maioria não levou em consideração fatores geológicos e hídricos para sua implantação e não obedecem qualquer planejamento urbanístico.

O início da construção de Brasília multiplicou significamente a imigração para a região, levando ao surgimento e multiplicação de assentamentos humanos nas proximidades da cidade planejada.

Como a principal preocupação do governo foi a de erguer a Nova Capital, não se teve controle de planejamento e localização das novas ocupações.

Mapas de Evolução Urbana no DF

Urbanização de 1960

Urbanização de 1970

Urbanização de 1980

Urbanização de 1990

Urbanização de 2000

Urbanização de 2010

Urbanização de 2013

- Hidrografia do Distrito Federal

O território do Distrito Federal é constituído por 6 Bacias, cada uma ao longo do crescimento urbano recebeu um sistema de captação de água para suprir as necessidades da população em crescimento ( exceto a Bacia São Marcos) sendo elas:

Bacia do Rio Descoberto - Sistema do Descoberto

Bacia do Rio São Bartolomeu - Sistema São Bartolomeu

Bacia do Rio Maranhão - Sistema Brazlândia

Bacia do Lago Paranoá - Sistema Torto / Santa Maria

Bacia do Rio Preto - Sistema Sobradinho / Planaltina

Bacia do Rio São Marcos

Somente as bacias do Lago Paranoá e do Rio São Marcos então situadas totalmente dentro do limite do Distrito federal, todas as outras possuem porcentagens pertencentes ao Estado de Goiás, logo não é somente o Distrito Federal o responsável por estas e não possui controle total da qualidade da água captada.

Atualmente essas bacias passam por um forte processo de degradação devido a dois aspectos diretos: a utilização excessiva da agropecuária e a ocupação irregular do solo para fins urbanos.

Mapa das bacias do DF

- Impactos Ambientais decorrentes da urbanização

Hoje já se afiguram situações de graves conflitos ambientais quanto a ocupação do solo e uso dos recursos hídricos no Distrito Federal tendo como principais:

Desmatamento

Erosões

Assoreamento dos canais de água

Poluição

Enchentes

Inundações

Alterações climáticas

Brasília:

O primeiro grande impacto ambiental foi a própria construção de Brasília e do Lago Paranoá. O sítio Castanho possuía várias fragilidades quanto ao solo e a água como:

Não possuir presença significativa de depósitos subterrâneos

Depender de recarga das chuvas

Ser uma região de várias nascentes

Ser sensível à erosão, por possuir grande quantidade de areia nos solos

Eles causaram grande desmatamento na área do sítio castanho e do seu entorno (por ocupação humana diretamente ligados à construção, como a Vila Bananal e a Vila Amaury), somente para a limpeza do leito do futuro lago foi desmatada uma área de 4.000 km2 de mata nativa.

Para criar o Lago Paranoá ocorreu uma intervenção no Rio Paranoá, que foi desviado e barrado para o represamento do Lago.

O Crescimento acelerado da cidade nas primeiras décadas sem o acompanhamento necessário das infraestruturas, principalmente